Capítulo 21

922 47 4
                                    

O sol se punha no horizonte e o céu aos poucos ia tomando a cor vermelho-alaranjado no lugar do típico céu azul de primavera. Os pássaros se juntaram para sobrevoar seu carro, para depois se recolherem em seu ninho.
Hari refletia sobre tudo o que fez nas últimas horas, coisas que nunca fizera em toda sua vida.
Ela abriu o cofre de Tae Moo. E sozinha, pegou os 3 milhões de wones que tinha ali. Não podia deixar de imaginar a decepção que sentiria seu marido ao chegar em casa e encontrar aquele bilhete, o quanto ele ficaria arrasado.
Ha-min estava em perigo por sua culpa e ela tinha que ajudá-lo.
O silêncio predominante no carro a sufocava. Seu destino estava logo a frente e suas mãos trêmulas, suavam. Ela apertou o volante com força, tentando amenizar o palpitar de seu coração que com violência, tentava lhe alertar do perigo iminente, mas ela não podia ouvir. Não quando a vida de seu imaturo irmão mais novo estava em risco, não.
Ao adentrar um caminho de terra batida o sinal de seu GPS caiu, indicando que não havia Internet no local.
_ Droga. - Ela praguejou, então se lembrou de ter trazido seu mapa da época de escoteira borboleta.-
O mapa estava em uma condição precária. Além das incontáveis rasuras, estava todo sublinhado e com corações espalhados por toda sua extensão. Mesmo assim era melhor do que nada. Por ser uma zona rural, o distrito de Ganghwa-do era vasto e coberto por vegetação.
Mas pelo o que indicava o mapa, o cruzamento ficava logo a frente.
Havia uma ponte de madeira que ligava ao outro lado e abaixo um rio que terminaria no rio Han.
Não parecia ter alguém te esperando naquele lugar, na verdade não parecia que alguém habitava aquele vilarejo, pois não vira uma só alma pelas redondezas.
Hari desligou o motor do carro e respirou fundo. Estava a ponto de escurecer e logo não enxergaria nada, a deixando ainda mais desprotegida.
_ Ora, ora... Você veio mesmo?
Ela sentiu-se sem ar, recuperando-o logo em seguida.
_ Desce do carro. - Ele disse e se aproximou do veículo, com as mãos enterradas nos bolsos de seu sobretudo preto.-
Hari cuidadosamente colocou seu celular embaixo do banco e abriu a porta, saindo com um pouco de dificuldade. Park Jeon riu.
_ Olhe só para você. - Ele se aproximou a passos lentos. - Você merece uma salva de palmas.- Ele bateu palmas ironicamente, sem tirar o sorriso zombeteiro de seus lábios. -
_ Eu fiz o que você pediu, onde está meu irmão? - Ela puxou seu casaco a fim de cobrir seu ventre, ao notar o olhar fixo do homem sobre ela.-
_ Vamos com calma, tá? Primeiro. Onde está a sua parte do acordo?
_ No porta-malas. - Ele assentiu indo em direção ao Jeep branco estacionado junto ao meio-fio. -
_ O quê é isso? - Ele perguntou com indignação, ao abrir a bolsa.-
_ São 3 milhões de wones. - Ela se aproximou e tirou seu anel de noivado.-
_ Você sabe que eu pedi 10, então porque caralho trouxe só 3? Onde está os 7 milhões que ainda falta? - Seu rosto ficava vermelho, ela lhe entregou seu anel.- Que isso?
_ Eu não podia ir até o banco, eu teria que justificar o saque e iria precisar da permissão de Tae Moo... - Ele a interrompeu.-
_ Você acha mesmo que tá na porra de um shopping fazendo compras? - Ele bateu o porta-malas com força a fazendo recuar.- Acha que pode pedir desconto como em uma liquidação? - Ele se voltou para ela com os punhos cerrados, então arremessou seu anel, fazendo sumir por entre as árvores. -
_ Não, você disse para não envolver mais ninguém. Eu só... não sabia o que fazer. - Sua voz falhou, saindo baixa e quase inaudível. - Por favor. Aceite os 3 milhões e liberte o Ha-min, eu prometo conseguir os 7 depois. - Ela implorou.-
_ Tá achando que eu sou idiota, é? - Ele disse com aspereza. - Ah, claro. Deixo vocês dois saírem daqui, e logo depois isso tá cheio de polícia... - Ele sorriu irônico. - Sem dinheiro, sem acordo. E adivinha? Sem acordo, adeus irmãozinho... - Ele fingiu tristeza, e lhe deu as costas.-
_ Não, espera. Eu fico. - Ela disse com a voz trêmula, ele parou de imediato e se virou para ela.- Eu fico no lugar dele.
_ O quê te faz pensar que eu te quero? - Ele riu. - Não sei, não sei se quero você... Se ajoelha. - Ele ordenou, ela o olhou confusa. - Vamos, se ajoelha! - Ele puxou seu cabelo a jogando no chão. Ela mordeu o lábio, sentindo seus joelhos arderem como se encostados em brasa.- Vai. Pede.
_ Se... eu ficar você solta ele? - Ele puxou seu cabelo com mais força e então desenhou seus lábios com os dedos. -
_ O quê você não me pede sorrindo que eu não faço chorando. - Ele sorriu perverso e soltou seu cabelo repentinamente.-
Ele revelou abaixo da ponte, coberta por galhos e folhagens, uma picape Ford Ranger 1998 na cor preta. Park Jeon rasgou a bainha de seu vestido rosa e amarrou seus pulsos, a imobilizando.
Depois abriu a porta traseira da caminhonete, onde Ha-min estava amordaçado. Ele arregalou os olhos quando viu a irmã, então tentou gritar algo.
_ Boas notícias rapaz. - Ele disse alegre.- Você tem uma boa irmã, e acredita que ela renunciou sua liberdade apenas para que eu o solte? - Ha-min balançou a cabeça freneticamente, olhando para Hari. -
_ Ha-min... - Hari sentiu sua voz vacilante, Park Jeon o tirou do carro o deixando no chão. - Me perdoa. Isso tudo é minha culpa. Fala para a mamãe e o papai que os amo e para Tae Moo... - Ela parou sentindo as lágrimas escorrendo até seu queixo.- Eu sinto muito.
_ Já chega. Você. - Apontou para Ha-min. - Vai seguir essa estrada em linha reta até o final. E nem pense em parar para admirar a vista. - Ele zombou.-
O sequestrador voltou até o carro de Hari e pegou a bolsa que continha os 3 milhões de wones.
_ Isso fica comigo. - Ele a jogou na caçamba, fechando a porta em seguida. Ele sacou o canivete, com um simples movimento, cortou as cordas que prendiam Ha-min. Ele permaneceu ali parado, estático.
_ Vai. Não adianta querer bancar o herói.- Ele revirou os olhos.- Só tenta, e ela morre. - Segurou Hari pelo pescoço, encostando a fina lâmina em sua pele.-
Ha-min assentiu, retirou sua amordaça e correu para o carro da irmã. Park Jeon continuou parado ali, esperando até ele sumir na poeira que se levantava da estrada.

Pretendente Surpresa Onde histórias criam vida. Descubra agora