Capítulo 23

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Após a chuva passageira, a temperatura elevada tomou conta de todo o país, fazendo as pessoas saírem pelas ruas em busca de uma brisa fresca ou a sombra revigorante das árvores em plena primavera.
Mesmo estando dentro de uma extensa floresta, Hari sofria com o calor extremo, a falta de água e comida, fazia seu corpo apresentar sinais de fraqueza.
Ofegante, recostou sob o tronco de uma grande magnólia que ocupava o centro da floresta de Ganghwa-do.
Com a garganta seca e a visão turva, sentia seus ombros pesarem e o coração bater mais forte no peito, como se a qualquer momento fosse atravessá-lo.
Notou que seus pés e tornozelos também incharam. Se repreendeu por ter sido tão imprudente, não havia pensado no bem-estar de sua filha e que talvez toda aquela agitação fosse prejudicá-la de alguma forma.
_ Aguenta mais um pouco, meu amor.  - Ela disse tocando seu ventre com carinho.- Não posso parar agora. - Ela limpou o suor que escorria por sua testa.- Tenho que... Continuar...
_ Hari... - Ela ouviu uma voz familiar e então se virou.-
_ Tae Moo? - Ela se deparou com seu marido que a olhava de braços cruzados.- Como me encontrou?
_ O quê houve com você? - Ele perguntou com desprezo, fazendo-a parar.-
_ O quê? - Murmurou ela, confusa. Então seguiu seu olhar, que se fixou no seu decote rasgado, ela tentou cobrir os seios puxando a ponta do tecido.
_ Não se faça de idiota. - Ele sorriu.- Pensa que eu não sei? Você me traiu, Shin Ha-ri! Você deixou ele te tocar!
_ Não! Eu nunca fiz isso! Eu juro! - Ela chorou.-
_ Não quero te ver nunca mais. - Ele disse caminhando para a parte escura da floresta.-
_ Tae Moo! Espera! - Ela gritou desesperada, porém braços fortes a seguraram com firmeza antes que pudesse tocá-lo.

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Não muito longe dali, Kang Tae Moo continuava sua jornada em busca de sua esposa. Logo atrás vinha Sung-Hoon, que ao avistar um movimento brusco vindo de uma  árvore, tocou o ombro de Tae Moo, com um gesto silencioso indicou o local a ser investigado. Ele assentiu levantando a mira de sua pistola e se aproximou devagar. Com a mão livre, afastou as folhagens pegando de surpresa Yoon Hyeon, que estava escorado no tronco da árvore. A julgar pelo seu rosto brilhando de suor e por sua respiração descompassada, ele estava correndo.
_ Não atire, por favor Sr. Kang! - Ele jogou sua arma no chão, elevando as mãos até a cabeça sem hesitação. - Por favor!
_ Onde está a Hari? - Tae Moo perguntou sem baixar a guarda.-
_ E-Eu não sei senhor! - Ele gaguejou visivelmente nervoso. - Eu juro que não sei, eu juro! Estava tentando alcançá-la, mas a perdi de vista naquela bifurcação logo atrás...
_ Onde está Park Jeon? - Sung-Hoon gritou, impaciente. -
_ Ele ficou na casa, a máfia coreana chega em breve senhor! Nós temos que sair daqui logo!
_ Do quê você está falando?
_ A máfia Coreana! - Yoon Hyeon chorou com as mãos trêmulas. - Eles querem a Srta. Shin! Nós imobilizamos o braço direito do chefão, mas eles logo virão atrás de nós!
Tae Moo e Sung-Hoon se entreolharam apreensivos.
_ Sung-Hoon, se isso for mesmo verdade... - Ele engoliu seco.- Nós temos que encontrar logo a Hari, não podemos deixar que eles a alcancem!
_ É verdade sim, senhor! - Hyeon se ajoelhou no chão. - Por favor Sr. Kang! Poupe minha vida! Por favor eu não sou um pessoa ruim... - Soluçou. - Eu só preciso desse dinheiro para salvar minha mãezinha, ela está muito doente! Por favor! - Implorou. -
_ Não cabe a mim te julgar. Levante-se. - Tae Moo cerrou os punhos e respirou fundo. -
Yoon Hyeon abaixou a cabeça, envergonhado.
_ Sung-Hoon. Você volta com o Sr. Yoon. Eu vou com vocês até a metade do caminho, a Hari pode ter ido pelo o outro lado.
Sung-Hoon assentiu. Tirou sua gravata e amarrou os pulsos do sequestrador.
_ Sr. Cha, o senhor tem que acreditar em mim. Eu juro que eu nunca fiz nada assim, por favor, eu estou desesperado! - Ele disse enquanto Sung-Hoon o carregava.-
_ Não importa seus motivos Sr. Yoon, você colocou a vida da Srta. Shin em risco. Tem noção da gravidade disso? Do problema em que se meteu? - Ele suspirou exausto. - Guarde suas explicações para a polícia.

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Enquanto isso...
Park Jeon a segurou por trás, imobilizando seus braços. Hari tentou se soltar mas ele a apertava ainda mais.
_ Te achei, fujona! - Ele sorriu enquanto intencionalmente apertou seus seios.-
_ Me larga! - Ela se debateu nos braços do seu sequestrador. -
_ Você não vai fugir de mim, docinho. Você é minha. Só minha. - Park Jeon puxou seus cabelos deixando exposto seu pescoço. Ele tocou a pele desnuda com seus lábios. -
_ Por favor, me deixa ir! - Ela suplicou tentando controlar sua respiração irregular. -
_ Eu cansei de esperar. Você só me enganou esse tempo todo. O que eu sou pra você, Shin Hari? Uma piada? - Ele a segurou pelo pescoço. -
Ele a deitou violentamente no chão, Hari tentou se levantar, mas ele a puxou, a prendendo entre suas pernas.
_ Você gostava de mim. Se lembra daquela vez no laboratório? Você sorriu para mim. Quando se queimou, eu cuidei de você! - Ele apertou os pulsos dela contra o chão úmido.- Porquê não me levou a sério? O quê aquele palhaço têm que eu não tenho? Dinheiro!?
_ Eu...Sinto...Muito. - Ela balbuciou. Ele riu alto.- N-não é nada disso, me escuta por favor... Eu amo o Tae Moo. - Ele lhe deu um tapa, ficando com o rosto próximo ao seu.
_ Amor? Olha onde o amor te trouxe. Não seja ingênua, o amor não existe! Agora vou te mostrar como é estar com um homem de verdade. - Ele levantou seu vestido.-
_ Não! Socorro! - Ela gritou desesperada. - Não! Me solta!
_ Nada do quê você me disser vai mudar meus planos. Vou te fazer pagar caro por ter escolhido ele e não à mim. - Ele abriu o zíper de sua calça, porém antes de se consumar seus pensamentos maliciosos, ele foi puxado pela gola de sua camisa e arremessado contra uma árvore.
Hari abriu os olhos e se deparou com Tae Moo em sua frente, como seu fiel escudeiro a protegia mais uma vez.
Mesmo de costas, era possível notar a sua respiração acelerada e os músculos tensos de seu pescoço.
Park Jeon se levantou e o encarou.
_ Você. De novo? - Ele parecia não ter se intimidado com a presença de seu rival, pois abriu um sorriso perverso. -
_ Como você ousa encostar nela! - Gritou Tae Moo furioso. O silêncio pairou sob o ar e ao fundo ouvia-se apenas o canto dos pássaros, que se misturavam com os soluços incontroláveis de Hari. -
_ Ela não é sua propriedade, Kang Tae Moo. - Park Jeon o provocou. -
_ Maldito! - Tae Moo avançou em sua direção, desferindo um chute em seu estômago que o fez cair no chão. - Eu só não te mato, porque seria fácil demais para você. Não seria o bastante! Vou fazer você pagar por todo o mau que já fez. - Ele lhe deu mais um chute que o fez se contorcer.- Você me dá nojo.
Tae Moo correu até Hari lhe amparando com um abraço. Não lhe disse nada, apenas esperou pacientemente que seu choro passasse.
_ Nem acredito que você está aqui. - Ela disse entre soluços. - Sinto muito, me desculpe por fazer você passar por isso..
_ Por quê está se desculpando? Nada disso é sua culpa, meu amor. Nada. - Ele a abraçou. - Me perdoe. Eu falhei com você, eu deveria te proteger.
_ Vocês dois se merecem. - Park Jeon disse com desdém. - Vamos ver se esse seu "amor" é mesmo real... - Ele sacou uma arma para a surpresa dos dois.
_ Abaixe a arma... - Tae Moo se colocou na frente da esposa com cautela. Passos rápidos e pesados se aproximavam, fazendo-o desviar deu olhar.- Deve ser a polícia. Abaixe sua arma, você não tem muita escolha.
_ Cala a boca! - Ele gritou fazendo Hari se assustar e segurar o ombro do marido.- Você não sabe de nada. Sempre teve de tudo, nunca sentiu medo. Muito menos teve que lutar para sobreviver nesse mundo! - Park Jeon estava fora de si.-
_ Está enganado.
_ Como é?
_ Tae Moo... - Hari suplicou, Tae Moo suspirou.-
_ Disse que você está enganado. Nesses últimos dias, o que eu mais senti foi medo. - Ele manteu seu olhar fixo em Park Jeon. - A vida nem sempre foi fácil para mim, na verdade. Perdi meus pais muito cedo e vivi por muitos anos me culpando pelo acidente... Até que ela apareceu. - Ele lhe lançou um sorriso por cima do ombro.- O segredo é se apegar as coisas boas da vida e não deixar a dor te consumir...
_ Bobagem! - Ele protestou.- Tudo o que eu ganhei sendo bom foi uma surra todo dia! Ninguém respeita os bonzinhos... - Hari sentiu um calafrio no corpo. Park Jeon estava com um semblante macabro. Ele então deu uma gargalhada e segurou com firmeza sua pistola.
Antes que pudesse disparar, vários pontinhos verdes apareceram por seu corpo.
_ Park Jeon, jogue a arma no chão e vire-se devagar! - Um agente especial camuflado lhe ordenou logo atrás. - Você está cercado. Jogue sua arma no chão devagar!
_ Isso não vai acabar assim. - Ele cerrou os dentes. - Não vou te deixar ganhar outra vez, Kang Tae Moo!
Ele apertou o gatilho disparando contra o casal. Tae Moo empurrou Hari, sendo atingido em cheio no peito. Os agentes logo contra atacaram fuzilando sem nenhuma piedade Park Jeon. Ele abriu os braços aceitando o seu desfecho. Com um sorriso vitorioso deu seu último adeus a Hari, que ainda em choque, permaneceu parada, completamente sem reação. O corpo desfalecido de seu agressor se chocou contra o chão, o baque lhe fez despertar como um estalar de dedos.
_ Suspeito abatido, tragam os paramédicos imediatamente! - O capitão ordenou em seu rádio. -
Ao se aproximar do ferido, verificou seus batimentos cardíacos que estavam ausentes. - Sem sinais vitais. - o Sargento notificou o capitão prontamente. -
_ Tae Moo! Acorda por favor, Tae Moo! - Hari gritou chamando a atenção dos agentes. - Ajuda por favor, ele não está respondendo! - Ela disse sentindo todo o seu mundo desabar sobre a cabeça. -
Toda a força policial se mobilizou a fim de salvar a vida do empresário que havia sido baleado acidentalmente.
Os paramédicos chegaram rápido ao local, lhe transferindo cuidadosamente para uma maca.
_ Senhor, me deixe ir com ele. Sou esposa dele! - O paramédico assentiu lhe dando espaço na ambulância. -
_ De qualquer forma a senhorita precisa ser avaliada também. Sente-se aqui. - Indicou o assento ao lado da maca.-
_ Eu estou bem. Por favor cuide dele, sim? - Ela limpou as lágrimas que rolavam pelo rosto. - Ele vai ficar bem não é?
_ Se acalme, Srta. Não posso lhe dar falsas esperanças, a situação dele é grave. Mas não vamos nos precipitar. A equipe do hospital já foi notificada e estão prontos para realizar o procedimento de emergência. - O Sr. De cabelos grisalhos disse friamente. -
_ Sim, me desculpe... - Ela tocou o rosto de seu marido tentando reprimir o choro insistente que estava preso em sua garganta.

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