Correio de voz

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Alojamento masculino do campus, quarto MCM Nº18


5 de setembro de 2022, Dia do Trabalhador¹


10:19 am

-Kyle



Começo de outono. Nunca gostei da virada dessa estação do ano. Por sorte, hoje é feriado, então pude dormir um pouco mais. Bem mais, na verdade, esqueci qual foi a última vez que dormi até depois das 9. Queria poder ficar ainda mais, mas se eu ficasse, morreria de fome.


Me levantei devagar do meu colchão inflável e sai do quarto. Yuri, Luciano e Carlos dormiram no sofá, quase como sempre, enquanto Marc já estava de pé, encostado no balcão da cozinha, enquanto a água esquentava no fogão para fazer o café. Ele olhou de canto para mim, sorrindo em seguida.


— Torrada ou panqueca? — Ele tirou o bule do fogo e despejou devagar a água fervente em outro, com o pó de café.


— Torrada, a gente comeu panqueca a semana passada inteira, lembra? — Dou uma risada leve, cutucando o braço dele.


— Vocês ficaram pedindo todo dia, como eu ia esquecer? — Marc abriu o armário e tirou um coador de café e colocou em cima do bule vazio — Bota aqui de volta.


Peguei o bule com café não coado e despejei devagar no coador, e o café caiu de volta para o primeiro bule. Desde que a cafeteira quebrou, tivemos que fazer o café à mão, mas Carlos fica irritado quando fazemos assim, já que, aparentemente, esse é o jeito errado. Mas coar o café direto deixa ele fraco.²


Marc aproveitou para botar o pão na torradeira, e depois ficamos esperando as torradas ficarem prontas.


— Então... — Marc começou — Como você tá? Sobre ele.


— Tá tudo bem. Ele nunca mais falou comigo, mas... Eu não sinto falta — Olhei para o celular no meu bolso, suspirando.


— E o Klyde? — Marc cruzou os braços, bufando baixo.


— Ainda na mesma. A gente se fala uma vez por dia, ontem mesmo almoçamos juntos, mas eu continuo mexido com aquilo. E ele continua relutante também — Suspiro de novo, um pouco mais alto — Mas ele tá menos...


— Menos palhaço? — Marc desligou a torradeira, que estava apitando.


— Provocando menos. Mas, sim, menos palhaço, pra deixar mais fácil — Coço a nuca.


— Tem certeza que ele não vai fazer aquilo de novo? — Ele tirou as duas torradas e colocou em um prato — Ele teve sorte de você ter perdoado ele, e ninguém ter denunciado.


— É... Sorte — Era minha vez de usar a torradeira.


Alguns minutos depois


Depois dos outros terem acordado, e Carlos já ter reclamado do café, nós cinco sentamos no sofá para comer enquanto assistimos TV.

Ilusões, ato 2 (furry yaoi)Onde histórias criam vida. Descubra agora