Alojamento masculino do campus, quarto MCM Nº18
30 de setembro de 2022
Sexta-feira
6:30 am
Marc
Meu despertador começou a tocar. Eu suspirei e desliguei o alarme, me levantando em seguida, bem devagar. Olhei para a cama do lado, Kyle não estava lá. Ele não apareceu ontem a noite, não mandou mensagem, nada. Não que ele nunca tenha feito isso, mas a cada vez ele demora mais para voltar a tarde.
Suspirei alto e fui até meu armário, já tirando as roupas que eu ia usar hoje. Conjunto jeans e camiseta preta, como quase todo dia. Eu deixei minha calça de moletom e minha outra jaqueta na lavanderia do alojamento, e depois nunca mais vi elas. Desde então, eu me sento na lavanderia até terminarem de lavar e secar.
Deixei as roupas em cima da cama e peguei também uma toalha, Passei pela sala, vendo Yuri e Luciano dormindo no sofá, um para cada lado. Mesmo com o Carlos agora dormindo todo dia no dormitório da Isabela¹, os dois praticamente se recusam a dormir nos colchões a mais do quarto.
Mesmo com Kyle fora.
Bufei baixo, vendo que eu teria que acordar os dois. Mas eu ia tomar banho antes, e usar toda a água quente de propósito.
16:40 pm
Luciano
O sinal bateu. Eu estiquei a coluna e salvei meu trabalho, desligando o computador em seguida. Aula de desenho digital, a mais fácil, mas a que mais acaba com a postura.
— Segunda feira me mandem o trabalho finalizado por email, se precisarem usar a sala, me procurem — Katie era a pior professora em questão de pontualidade, então capaz dela adiar a entrega para quarta, então eu ainda teria tempo. Não que eu precise, na verdade.
Peguei a minha bolsa e já sai da sala. Era cedo, e o refeitório não estava aberto, então eu teria que pagar para comer fora se eu quiser. Parei na porta do prédio das salas e chamei um ubear, não queria andar até a cidade. Procurei um Mc Ducknalds ou um Burguer Lion, mas escolhi Girafas mesmo, eu tinha que perder um pouco de peso.
O carro chegou não tempo muito depois. Eu entrei, cumprimentei a motorista, e saímos. Encostei a cabeça no vidro do carro e fiquei olhando para fora, pensando.
Ainda dói um pouquinho quando eu aperto, mesmo um ano depois. Acho que eu deveria parar de fazer isso, por isso ainda dói. Suspirei e tirei o celular do bolso de novo, mandando mensagem para o Carlos.
Eu: Tá fazendo oq?
Ele demorou um pouco para responder.
Carlos: Já tô no quarto. e vc?
Luciano: Tô indo comer fora
Carlos: Onde?
Luciano: Girafas
Carlos: se vai comer comida pq n come aqui?
Luciano: N quero ué
Carlos: Aff, ok
Carlos: Avisa quando estiver voltando
Luciano: Blz
Botei o celular de volta no bolso, mas recebi uma nova mensagem um pouco depois.
Yuri: Qual girafas vc tá indo?
Yuri: N vou te deixar comer sozinho hj >:3
Eu ri de leve e corei, mandando o endereço.
18:27 pm
Yuri e eu enrolamos antes de pedir a comida enquanto conversamos, e não levantamos logo depois de comer. Nós dois nos conhecemos assim que eu vim para cá e precisava arrumar trabalho antes das aulas começarem, e trabalhamos juntos em faxina doméstica. Meus pais surtaram quando descobriram que eu tava trabalhando, e quase vieram me buscar quando descobriram que o Yuri era "pobre", e eu andava com ele.
— Vai voltar lá pro dormitório? O Marc tá ficando estressado porquê o Kyle tá com o Klyde desde ontem, então é bom a gente não irritar ele chegando tarde — Ele riu baixo e virou os olhos.
— Então... Tava pensando, já que você tá aqui, por que a gente não vai em algum outro lugar? — Dei de ombros, sorrindo de canto — Tipo, é sexta, o tempo tá bom, não tá tão tarde...
— E você tem alguma ideia de onde ir? – Ele se levantou, deixando o dinheiro da comida na mesa — Por minha conta.
— Tá disposto a passar em um mercado antes?
Ele fez que sim com a cabeça, rindo.
20:19 pm
— Aqui? — Ele perguntou, segurando as sacolas com comida.
— O que tem? — Dei de ombros, deixando as minhas sacolas no chão.
— Nada é que... — Ele foi até perto do parapeito e olhou para baixo — Sabe, é o terraço do alojamento.
— Eu gosto daqui, dá pra ficar sozinho quando precisa, ou chamar alguém só pra conversar — Me sentei, esperando ele.
Ele suspirou e sorriu, sentando do meu lado em seguida.
— O que você vai fazer depois que terminar tudo?
— Eu vou focar mais no canal, talvez. Não quero ficar dependendo dos meus pais — Comecei a mexer na sacola, tirando uma latinha de pupsy.
— Seus pais... São tão ruins assim? — Ele chegou mais perto, tirando um pacote de salgadinho.
— Controladores, elitistas, racistas, omegobetafóabicos¹ homofóbicos... — Olhei para o lado, bebendo um gole grande do refri — É como se eles tivessem sido congelados na era medieval, e foram descongelados antes de me fazerem.
— Medieval não, um pouco antes. Mas pelo menos, você não é assim — Ele botou a mão no meu ombro.
— Ainda assim, é um saco — Termino de beber o refri, amassando a latinha — Mas, e você? Vai fazer o que depois de engenharia?
— Eu queria só responder "ser engenheiro, duuh" — Ele riu um pouco — Mas se eu não achar emprego logo de primeira, eu volto pra faxina. Não quero ficar desempregado logo depois.
— Engenharia tem muita vaga, você não vai ficar sem emprego muito tempo — Cutuquei o ombro dele — E você vai bem em qualquer entrevista, com certeza.
— Você acha? Eu falo com você porque a gente se conhece bem, o Carlos é seu amigo, Kyle também, o Marc... Eu dividia quarto com ele — Ele deu de ombros.
— Agora você divide o sofá comigo — Eu olhei para ele, rindo.
— Baita evolução — Ele riu de volta — Até gosto na verdade, você balança o rabo de vez em quando perto do meu.
— E você nunca falou nada? — Corei de leve, desviando o olhar e mexendo de novo na sacola, tirando uma barra de chocolate.
— Só comentando, eu não acho que isso é um problema — Ele segurou minha mão e chegou o rosto perto do meu — Na verdade, até gosto — Ele morde um pedaço do chocolate e se afasta de novo.
Eu fiquei olhando por um tempo, sem falar nada, depois mordi o chocolate e olhei para frente.
— Por que meio amargo? — Ele perguntou depois de um tempo.
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Ilusões, ato 2 (furry yaoi)
Genç Kurgu"-Eu... Eu quero que você saiba que eu sempre vou ajudar você ok? Você... Pode me chamar pra dormir com você, quando precisar chorar no ombro de alguém... Sempre, sempre me chama quando precisar de alguém, ok? Eu vou te ajudar com o que você precisa...