ENTRE NOSSOS UNIVERSOS

Capítulo 21- Traumas•

Sinto seus dedos tocando meus cabelos castanhos, suas mãos machucando meu corpo pequeno, seu corpo destruindo o meu olhar puro sobre a vida, que se desfazia em lágrimas imprecisas, não sabia o que estava acontecendo, eu tentava gritar, entender, escapar daquela situação e você não percebia mas eu estava morrendo em suas mãos...perdi minha alma naquele momento, queria morrer sozinho e desejava ser esquecido pelo vento.

[...]

Dias em que o sol tocava o chão e ficava satisfeito em ficar brincando à esperar o papai chegar no portão vindo dos negócios de adulto e nos arrumar para o culto e era assim....Simples assim..

até o sol se esconder e o orvalho descer nos olhos de mamãe, e os meus universos enxergarem a escuridão.

Sempre trazia um presente; um sorriso só que alegrava a casa e nunca pensei que seria diferente naquele dia, tinha feito um desenho caprichado e arrumado num envelope...Não era qualquer dia,era especial e esperei-o ansiosamente no portão e quando ele chegou apenas meus olhos se fecharam, quando ele jogou o envelope fora e deu um tapa na minha cara....

Os dias perderam os sentidos, meus universos se tornaram vazios, as flores morreram com o sabor da palavra: amigo, e eu chorava quando ele me arrastava pelos cabelos até o quarto.

Perdia a minha roupa cada volta que o cinto dava, as marcas foram tantas que não puderam cicatrizar, mas eu juro que sempre ele parava quando suas mãos começavam de sangue a se sujar,mas era um dia especial...Não era,papai?

Tentava respirar, com o corpo envolto em convulsão, mas quando olhei pra trás ele soltou o cinto e calção...

Não posso explicar mais o que aconteceu, a minha mente se contorceu e minha alma morreu quando os primeiros ossos começaram a se quebrar, a respiração falhar e senti suas mãos me tocar....e avistei minha mãe pela brecha da porta, mas ela se esqueceu...

Não sabia, nem o-conhecia mais enquanto me debatia me questionei: onde está você...Deus?