(Desculpem o tamanho do capitulo, precisava postar logo.)
Não consegui acreditar. Mas uma vez meu instinto de fuga da realidade julgou que aquele momento havia sido uma brincadeira. Me recordo que saí como uma louca vestida de noiva pela rua. Só me dei conta do meu estado quando o André me alcançou e me colocou a força no carro dele. Tirei a saia de cima do vestido enquanto saíamos pelas ruas próximas procurando, mas nenhum rastro dela. Como ela poderia ter se perdido assim?! Peguei o celular do porta luvas e liguei para Kamila que me atendeu no mesmo instante.
- Mari? Cadê você?
- Eu to aqui, to no carro com o André. Já acharam minha filha? Levaram ela para minha casa?
Comecei a gritar no celular, o que fez André puxar ele da minha mão. Ele não conseguiu me dizer nada, estava extremamente nervoso. Só prestei atenção nesses detalhes momentos depois. A delegacia me parecia tão insuportável. Gente entrando e saindo, outros desesperados, precisava esperar minha vez. Era um desaparecimento. Era minha filha. André não estava comigo. Mais uma vez, minha mãe do meu lado.
- Sim, ela tem 4 anos, é loirinha do cabelo cacheado. Eu tenho foto dela, varias, pode ajudar. Quando começamos as buscas?
- Quanto tempo faz que ela sumiu?
- Cerca de 4 horas. Ela ia entrar com as alianças no meu casamento. - Segurei as lagrimas -. Ela pode estar perto ainda, por favor, o que precisa?
O delegado responsável olhava alguns papéis de forma irritada e impaciente.
- Volte daqui a 20 horas. Não posso fazer nada agora.
Olhei cética para ele. A ficha caiu. "Só é possível realizar uma queixa sobre desaparecimento depois de 24 horas." Realmente pensei que só houvesse essa lei nos filmes. Quando o caso é pessoal tudo parece absurdo demais para aceitar.
- Não... Você não entendeu. Uma menininha de 4 anos esta sozinha por ai. Você tem ideia do que isso significa? Os riscos que ela esta correndo? E se alguém encontra-la antes de mim? E se ela estiver com fome, com sede, ferida? E se acontecer um acidente?
Comecei a me alterar e não tentei esconder isso. Era minha filha, minha princesa. E daqui a 24 horas onde ela estaria? Mais longe, mais difícil, mais sozinha.
O delegado responsável finalmente me olhava com firmeza, porém mostrando um desprezo nojento.
- Senhorita, eu lamento... mas só com 24 horas. São regras que não podem ser quebradas porque uma mãe esta em uma crise histérica com sua filha, que provavelmente deve estar brincando em algum lugar.
Assumo que meu impulso foi voar na cara dele, mas fui impedida por minha mãe. Saí amparada pelos braços dela, tentando encontrar uma forma de pensar com calma, sem muita emoção. Pela lógica. Minha mãe e eu fomos de carro pelos arredores, continuando as buscas. Passamos em uma praça para pegar os cartazes que eu havia pedido a Mila para fazer. Para meu espanto, além dela, o Sergio e algumas pessoas mais próximas da igreja também estavam. O André havia saído de carro. Por ser já de noite a procura pela Gabrielle ficava ainda mais complicada. Horas se passavam e nada. André me convenceu a voltar, e nos encontrarmos em casa. Achou que eu deveria descansar... Seria impossível. Mas acatei, eu sozinha não poderia ir muito longe. Analisando agora, meu estado emocional não me permitiria pensar direito, e eu seria a 2ª desaparecida. Voltamos e no caminho de casa, não sei como vi algo que pudesse me trazer esperança ou desespero. Sei que pode ser estranho duas coisas ao mesmo tempo, mas creio que aconteceria o mesmo com qualquer mãe na minha situação.
-Para o carro, mãe! Para, para.
Ela freou bruscamente e quase o carro do André bate no nosso. Desci e fui até um dos milhares cestos de lixos da cidade. Com uma ponta pra fora conseguir identificar o vestido dela.
- O que voce achou, Mari?
Ouvi a voz dele atras de mim.
- André, é ele... é o vestido dela. O vestido da Gaby. Gaby!!! - Gritei pelos arredores.
- Filha, ela nao deve estar por aqui, já procuramos, isso parece...
- Um sequestro. - André concluiu.
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Você ainda vai voltar?
RomanceDepois de uma adolescência conturbada, uma gravidez precoce e a perda do seu pai, Marina finalmente estava realizando um dos seus sonhos. Ela casaria com o André. Um novo e maravilhoso pai para sua filha. Tudo estava pronto, a festa seria linda. Se...