Just Cause: O Diabo Escarlate

Entre eles

Próximo de Ciudad de Manoel Lopes, 06:30 da manhã

O sol estava nascendo, Rico ainda estava na estrada, aos poucos ele se aproximava da cidade.

Os dois não conversavam desde que conseguiram fugir da Milícia, isso estava incomodando Santos, então decidiu tentar puxar assunto.

- Aí cara, eu não tive a oportunidade de dizer durante a perseguição, mas obrigado por ter me salvado.- Santos o agradeceu, abrindo um pouco a janela do fusca, deixando o vento bater em seu rosto.

- Não precisa me agradecer, fiz o que deveria ser feito.- Rico o respondeu. sua voz não demonstrava muitas emoções.

Santos queria saber mais sobre Rico, quem ele era e porque fez tudo aquilo.

- Senhor, se não for incomodar, mas queria saber o motivo de você ter vindo aqui, foi só pra ajudar a Rebelião?-

- Hmm... Também, mas é porque queria ver com meus próprios olhos o que está acontecendo aqui, sem nenhum filtro, tanto de lado político A ou lado político B, queria ver tudo no preto no branco.- Rico respondeu, novamente não demonstrando nenhuma emoção em sua fala, talvez estivesse apenas cansado.

- Tu não é nem de direita nem de esquerda?- Santos estava surpreso com a resposta de Rico.

- Não tenho nenhum lado, sou do lado que gosta dos dois lados brigando.

Pra falar a verdade tem algumas coisas que eles defendem que eu até concordo, mas pra mim esse povo tá totalmente smilinguido das ideias, por enquanto eu gosto de confiar em mim mesmo, do que depositar meus direitos, confiança e até mesmo minha vida nas mãos de pessoas que uma hora estão roubando, outra hora falando merda por aí.-

- Isso... Isso até que faz sentido, eu também não luto por um lado político, luto pela liberdade dos meus irmãos de nação, luto pelo direito de concordar ou discordar comigo.-

Rico deu um pequeno sorriso de canto de rosto, ele gostou da resposta de Santos.

- Aí, por que você começou a lutar?- Rico indagou.

- Acho que... que sempre tive um gênio forte para arrumar confusão, mesmo quando não quero.

Desde o golpe de 2002 eu tenho essa revolta em mim, mentiras atrás de mentiras, esperanças e esperanças que foram destroçadas por inúmeros politicozinhos de merda.

Não luto por mim, não lutamos por nós, lutamos pelos que virão no futuro, pela próxima geração, para que eles possam desfrutar dos direitos e da liberdade que nos foi tiradas.-

- Rapaz, tu é corajoso, admiro isso em você.- Rico começou, sua voz demonstrava um pouco de felicidade. - Eu não comecei a lutar pelo lado certo, no início.

Desde os meus... 17 anos, eu acho, fui treinado por uma organização secreta dos Estados Unidos.

Comecei a matar todos que a Agência queria ver mortos, achava que estava fazendo o correto, que estava ajudando as pessoas... Mas há uns 9 anos, comecei a ver a hipocrisia da Agência, eu só matava chefes de Estado que, claro, oprimiam a população mas que também tinham alguma rixa com a Agência, nunca foi uma questão de libertação ou algo assim, era apenas um assassinato por birra.

Foi aí que perdi a paciência e me demiti, Emerson Miller me avisou das consequências, mas foda-se, pessoas inocentes acabavam morrendo no que a Agência chamava de "Danos Colaterais".

Bom, e aqui estamos, agora sei que quem eu mato é quem merece, sei que fazer justiça com minhas próprias mãos não é a mais correta, mas quando a justiça dos tribunais demora ou é inútil, ela é a última que nos resta.- Pelas palavras do Rico, era perceptível o motivo que odiava tanto a Agência, ninguém gosta de ser feito de marionete.