Os garotos contaram tudo à eles, desde o que é o Mundo Invertido, até os poderes de Onze. Depois disso, Hopper me pergunta como eu conheço a garota e conto minha parte da história.
- Você consegue encontrar a Barbara? - Nancy pergunta à Onze e eu sinto que aquela era a hora. Eu precisava dizer a verdade.
- Nancy, pode vir comigo um segundo? - chamo a garota e a guio até um quarto, onde tranco a porta. - Desculpa falar só agora, mas eu não sabia como faria isso, sem me sentir uma pessoa horrível e...
- Falar o quê amiga? - Nancy pergunta enquanto limpa algumas lágrimas que escorreram sob meu rosto.
Fecho meus olhos, e projeto no lugar, o dia exato da tragédia que aconteceu com nossa amiga. Observamos de longe tudo que havia ocorrido, desde a hora que fomos parar no Mundo Invertido.
- Eu juro que tentei salvá-la e me culpo o tempo todo sobre o que aconteceu. - continuei chorando e desfiz a ilusão no momento que estava criando um portal para sair de lá.
- Eu nem sei o que dizer. - ela se senta na cama e começa a chorar também. - A nossa Barb morreu. - Nancy diz com dificuldade e eu vou até ela, a abraçando. - Por que não me contou antes?
- Fiquei com medo de não querer mais falar comigo ou não pensar que eu sou um monstro. - digo sentindo as lágrimas umedecendo minha pele.
- Antes de saber sobre tudo isso, tipo os poderes e o Mundo Invertido, talvez eu pudesse pensar isso, mas nunca em nenhum momento eu ficaria contra você, ainda mais depois de ter passado por essa situação toda. - ela ainda chorava e eu a abraço mais forte.
- Te amo pra caralho Nancy. - digo com a voz falha. - E amo demais a Barbara também. Sinto falta dela...
Depois de contar tudo, saímos do quarto e vemos todos conversando ao redor da mesa, mas Onze não estava lá. Joyce disse que ela não havia conseguido encontrar o Will nem a Barbara, então eu contei a todos o que havia acontecido com ela.
- A banheira. - Onze fala saindo do banheiro e nenhum de nós entende, além do Mike e os amigos.
- Ela pode usar uma banheira pra encontrar eles! - o garoto diz animado.
- Privação sensorial. - falo baixo.
abril de 1978
- Ela nunca fez ilusão de um lugar que não foi. - uma cientista dizia preocupada.
- Agora é a hora de começar. - papai falava animado. - Acha que consegue fazer isso querida? - ele me pergunta enquanto eu olho algumas fotos do ambiente.
- Sim. - me levanto, vou até a banheira e ao entrar, eles colocam o capacete em mim. Fechei meus olhos e podia sentir tudo ficando escuro conforme iam fechando totalmente o local.
Papai havia me dito que lá era um lugar muito frio, então comecei tentando sentir isso. Imaginei os floquinhos de neve caindo sob o chão completamente branco, a prisão cinza, triste e sombria, os guardas completamente armados e com expressões bravas o tempo todo. Era tão real e tão perfeita que até eu me perguntava se não estava de verdade na União Soviética.
Eu era capaz de enxergar tudo além do aquário onde eu estava. Podia ver os cientistas perdidos, Papai estava completamente maravilhado com tudo isso. Percebi que eles se aproximaram de um dos guardas que falava exatamente com a voz de um soviético que papai havia me colocado para escutar. O guarda parecia ter vida própria, mesmo eu tendo total controle sob ele. Então foi aí que eu decidi testar uma coisa interessante...
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Number Nine - stranger things
Teen FictionMary Weinstein é uma garota de 16 anos que tem uma vida tranquila em Hawkins com sua mãe e seus amigos. Até o outono de 1983, quando o pequeno Byers some e uma menina estranha chega à cidade. E se todos esses acontecimentos estivessem ligados ao...