Capítulo II

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Halley pov

Chegamos ao hotel, falamos com alguns fãs que estavam hospedados no mesmo. Estava um pouco cheio de gente tanto dentro quanto fora e não nos preocupamos em falar, abraçar e tirar fotos com vários dos fãs. Depois de alguns minutos os seguranças tentando tirar o pessoal de cima da gente, o que eu, particularmente, não gostava, queria aqueles abraços sinceros; fomos até a recepção, pegamos nossa chave, fomos ao elevador em silêncio. Eu sorria em saber que as pessoas tinham gostado do meu personagem. Chegamos ao nosso andar e cada um foi para o seu quarto. E pude ver, do alto, como São Paulo tinha mudado tanto desde a última vez que vim a cidade. Tinha se passado o que? 12 anos? Meu Deus, tanta coisa mudou tanto em São Paulo quanto na minha vida. E nos últimos meses então... minha carreira deu uma reviravolta.

Coloco a minha mala num canto do quarto, me liberto do meu sutiã preto de renda, jogo em qualquer lugar do quarto e me deito na cama de casal de lençóis brancos com os braços para cima. Eu sabia que teria que me arrumar novamente para a maratona de entrevistas que estava programada para o dia de hoje, mas só de tirar o sutiã já me trazia um alívio profundo. Levanto-me da cama, pego a minha mala, me ajoelho e começo a escolher uma roupa confortável para as entrevistas. Seriam milhares de entrevistas com milhares de pessoas diferentes. Torcendo para ninguém perguntar sobre o beijo da série. Sinto minha intimidade querer incomodar quando lembro. Escolho minha blusa ¾ do Clube Hellfire, uma calça jeans preta e meu tênis da Adidas Streetcheck branco. Sim, sou fã de Stranger Things desde 2016 e participar dela foi algo inexplicável do tamanho da felicidade que eu sentia. Fui tirando todo restante de roupa que ainda tinha no meu corpo e caminhei até o chuveiro. Água quente. Meu corpo ansiava por esse relaxamento com a água.

Quinn's pov

Chegamos ao hotel e tinha milhares de fãs nos esperando na porta. A gritaria veio a tona. Eu me surpreendi e sorri ao ver tanta gente querendo me abraçar, falar comigo, tirar foto... Desde quando me formei, eu nunca tinha visto ninguém fazer esse alvoroço por causa do meu personagem. Óbvio que fui falar com eles, abraçar, conversar o pouco que dava e tirar fotos com alguns. Não dava para dar atenção a todos. Além de ter muita gente, os seguranças não permitiam que muita gente tentasse chegar perto da gente. Fomos carregados por eles para dentro do hotel até a recepção e enfim, respiramos. Eu fiquei feliz pelo reconhecimento, mas um pouco assustado com a quantidade de gente ali. Pegamos nossas chaves, subimos pelo elevador, e nos instalamos em nossos quartos, e a primeira coisa que fiz foi tirar meu tênis. A sensação de liberdade nos pés era gigantesca. Peguei meu cigarro do bolso, fui até a varanda, o acendi e traguei. Mais um alívio. São Paulo era bonita. O céu acinzentado lembrava um pouco do céu de Londres no inverno. Queria poder dormir mais um pouco, afinal a viagem tinha sido longa, mas a ansiedade não me deixou dormir direito, porém também sei que teria que me arrumar pra maratona de entrevistas que vinha pela frente. Eu ainda não tinha digerido a fama que ganhei só por causa de um personagem que viveu somente uma temporada. Eu já tinha feito outros projetos e achava que estava conquistando muita coisa, mas percebi que ST me trouxe reconhecimento mundial como Eddie Munson. Era bizarro. Minha falta de habilidade em mexer em redes sociais incomodava meu empresário e muitos fãs até. Nunca gostei de coisas online, sempre fui muito no olhar, no toque, no cheiro. Internet tem cheiro de que? E outra: Internet é terra de ninguém. Todo mundo pode falar o que quiser sem mostrar o rosto de fato. Isso também me incomoda. Cada vez mais vejo comentários denegrindo muitos outros artistas e isso me causa náusea ao saber que muita gente não se importa com a saúde mental do próximo. Prefiro ficar um pouco longe disso. Terminei de fumar, joguei meu cigarro num cinzeiro que tinha numa mesinha baixa e branca na própria varanda e voltei pro quarto.

Fui até minha mala, escolhi uma calça jeans, um tênis e uma blusa branca de botão para começar aquele dia que prometia. Torcendo para não perguntarem do beijo. Por mais que tenha sido de Eddie para Florence, aquele beijo com a Halley me deixou "armado". Que beijo bom, calmo, mas ao mesmo tempo desesperador, por conta da situação, macio e prazeroso, que hálito de menta maravilhoso... eu já queria ter dado esse beijo na garota há muito tempo, mas como ela sempre disse que éramos bons amigos, não queria forçar a ela num relacionamento que talvez ela não quisesse. Mas aquele beijo... puxá-la pela cintura, sentir seu corpo colado ao meu, e sentir suas mãos macias em meu rosto, me dava arrepios. Assim como ela brincava comigo com um duplo sentido para muita coisa. Eu não saberia se ela estava só brincando ou se brincava com um fundo de verdade... puta merda, acho melhor tomar banho.

It's Not Living If It's Not With You - Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora