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Leyla observou cada pessoa na sala, principalmente Adilarif no centro dela. Todos a aguardavam. O olhar da moça vagou em seguida até o gato, o que a fez lembrar de sua estranha experiência recente. Sorriu, sentou-se lentamente em sua poltrona, os pés calçados por suas botas preferidas sobre a mesa. - Quem são vocês e como estão envolvidos nessa situação? - Sua voz carregava a mágoa de um velho amigo.

- Somos aqueles que guardam os segredos deste mundo há séculos. Estamos envolvidos nisso porque chegou a hora de revelar a verdade e enfrentar as ameaças que se aproximam - respondeu Adilarif.

O Intermediário sem perder mais tempo, ergueu as mãos, começando a entoar palavras antigas e misteriosas. Uma aura brilhante começou a se formar ao redor do senhor da taverna, envolvendo-o em um casulo luminoso.

- Estou mesmo vendo a magia neste quarto. Logo teremos dezenas de sentinelas na taberna - disse Shura, incerto sobre o que admirar ou temer.

A intensidade da magia era palpável, o ar ao redor carregado de eletricidade estática. O brilho da cortina mágica iluminava o rosto de Adilarif, destacando suas feições determinadas.

- Sejam rápidos! - advertiu o Intermediário, sua voz revelava urgência. - Não tenha medo. Certas memórias estão guardadas para sua proteção - disse Adi.

- Espera, gatuna, o que exatamente é essa magia ancestral e como está relacionada a Leyla? - perguntou Ashi.

- A magia ancestral é aquela que corre em suas veias. A sua magia é única e poderosa, a magia sobre o tempo, ainda desconhecemos quais serão as suas habilidades, sua magia foi herdada de ancestrais distantes, que desafiaram os Deuses e, que agora está despertando dentro de você. Somente uma herdeira quebrará a maldição e tornar seu dom raro em uma benção na luta entre o bem e a escuridão. - explicou Adilarif.

Ao explicar sobre as herdeiras mágicas, o Intermediário abriu um novo capítulo na vida da moça. A garota ficou intrigada, sentindo um peso familiar em seus ombros.

Leyla caminhou lentamente e relutante ao centro da sala, ofereceu suas mãos para seu velho amigo e protetor. Ao sentir o toque de Adilarif em seus pulsos, ela foi subitamente envolvida por uma névoa de memórias.

Ela se viu novamente como uma criança, percorrendo os caminhos empoeirados de sua vida nômade, de um lugar para outro. A sensação era como se estivesse folheando as páginas de um livro antigo, revivendo cada capítulo de sua história.

No turbilhão do passado, Leyla testemunhou a discussão entre Adilarif e o Intermediário. Adi não concordou em escondê-la justo em um lugar cruel com quem tinha magia. O Intermediário o convenceu, dizendo que era justamente no lugar mais vigiado que não iriam procurá-la.

A moça se sentia como se estivesse observando de longe, uma espectadora em sua própria vida. Ela viu o Intermediário colocar o livro em suas mãos infantis, guiando-a em um ritual ancestral, fazendo-a recitar palavras que reverberavam através do tempo.

A sensação era nauseante, como se Leyla estivesse simultaneamente no passado e no presente, conectada por um fio de memória e propósito. Era como se cada fibra de seu ser estivesse entrelaçada com os eventos que moldaram sua existência.

Imagens e lembranças de mulheres vieram à sua mente, a sensação de que não era necessário compartilhar o mesmo sangue para ser uma descendente trouxe uma nova perspectiva para Leyla. Ela percebeu que carregava não apenas as memórias de sua linhagem mágica, mas também o legado de algo muito mais antigo e poderoso.

De joelhos e sem ar, a moça se forçou a olhar todos ao seu redor, suas pernas tremiam e ao seu lado o gato se deslizava como se estivesse trazendo-a de volta à realidade com o seu carinho.

Em meio às revelações, ela percebeu que estava prestes a embarcar em uma jornada além do tempo e do espaço. Enquanto a acariciava, o gato em agradecimento, fixou seus grandes olhos castanhos nos homens. - Como podemos confiar uns nos outros e garantir que estamos trabalhando para o mesmo objetivo? - Perguntou Leyla.

- Podemos confiar uns nos outros porque compartilhamos um objetivo comum de proteger este mundo e desvendar os segredos que ameaçam sua existência - respondeu o homem misterioso da capa.

- Bem, então está decidido. Prepare-se, pois, o caminho à frente será árduo e cheio de perigos - disse Adarif com lágrimas nos olhos. Ela viu naquelas lembranças tudo o que aquele homem fez por ela e uma grande sensação de gratidão invadiu o seu ser.

- Se este livro é meu, vamos pegá-lo primeiro, e, depois decidirei o que quero fazer - afirmou Leyla com determinação.

Herdeiras da TramaOnde histórias criam vida. Descubra agora