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No coração da cidade, Leyla, Shura e Tashi se reuniram, seus objetivos alinhados em um assalto que poderia mudar suas vidas para sempre. Determinados a encontrar o livro que revelaria a missão de Leyla, a jovem destinada a florescer com um verdadeiro poder ao completar seus dezoito anos, o trio avançava com cautela.

Leyla, a guerreira feroz com olhos brilhantes de determinação, liderava o grupo. Sentia o peso da responsabilidade em seus ombros, mas seu coração pulsava com a promessa de seu destino. Ao seu lado estava Shura, o intelectual do grupo, sempre imerso em pensamentos e cálculos. Embora cauteloso e frequentemente preocupado, sua mente afiada era crucial para o sucesso da missão. Tashi, o cientista, possuía uma mente lógica e uma calma inabalável. Confiava na liderança de Leyla e procurava manter o ânimo do grupo equilibrado.

À medida que se aproximavam da lateral do prédio, a tensão do desconhecido pulsava em seus corações. O prédio, antigo e imponente, tinha paredes de pedra cobertas de musgo e trepadeiras.

— Estamos nos aproximando do ponto de entrada. Fiquem alertas. — Leyla sussurrou, sua voz mal passando de um sussurro audível, enquanto consultava o mapa em suas mãos trêmulas.

— Posso ao menos saber como você conseguiu esse mapa? — Perguntou Shura ao Intermediário, suas sobrancelhas arqueadas em preocupação.

— Você descobrirá com o tempo. Agora, vão! — O Intermediário respondeu, sua presença inquietante e o seu conhecimento oculto geravam um desconforto palpável.

— Claro, o que é roubar um livro se depois teremos menos de vinte e quatro horas para sairmos dessa cidade que ninguém jamais conseguiu deixar? — Sorriu Shura, tentando aliviar a tensão.

— Já falei que isso é comigo. — Vociferou o Intermediário.

— Bem, já está claro que você consegue perambular pela cidade com toda essa magia sem ser detectado. Espero que tenha o suficiente para acionar a garganta de Kiadgara.

— Já me imaginei fugindo de tantas maneiras, mas nunca pelo portal que fica no jardim do palácio, usado apenas pelo rei e seus escolhidos. — Sussurrou Tashi.

— Lembrem-se que só faremos isso com a certeza de que voltaremos um dia para libertar todo o povo! — Disse Shura, sua voz carregada de convicção.

— Pessoal, foco! Já definimos cada etapa. A nossa está à nossa frente. Vamos tirar o livro de lá agora! — Falou Leyla com determinação.

— Ficarei aqui aguardando vocês. Entrar lá possivelmente acionará os alarmes da cidade inteira. Lembre-se, Leyla, você já esteve aqui. Apenas siga sua intuição. — O Intermediário sumiu por um dos becos.

Enquanto os três jovens avançavam pelos estreitos jardins laterais, Leyla sentiu uma estranha sensação de perigo percorrer sua espinha. Seu instinto, aguçado por anos de treinamento, a alertava de uma ameaça iminente. Percebeu uma vibração estranha em uma das trepadeiras.

— É aqui. — Disse ela, com uma firmeza que mascarava seu desconforto. Ao pressionar uma pedra saliente na parede, a passagem secreta se abriu, mas uma armadilha mágica foi acionada. De repente, um brilho intenso e azul emergiu da parede, e uma barreira de energia se materializou com um zumbido ameaçador.

A barreira era uma teia de luzes cintilantes, parecendo ao mesmo tempo bela e mortal. Fios de energia entrelaçados pulsavam com uma intensidade que fazia o ar ao redor vibrar. Leyla mal teve tempo de reagir antes que os fios começassem a se mover, como serpentes ágeis, tentando prender seu braço. Ela recuou rapidamente, sentindo o calor da magia irradiar contra sua pele, seu coração batendo forte no peito.

— Cuidado! — Gritou Tashi, puxando Leyla para longe da barreira. — Essa é uma armadilha de contenção antiga. Se fosse ativada completamente, poderia nos aprisionar aqui para sempre.

Shura, com sua mente rápida, observou a barreira com olhos analíticos. — Essa magia está sintonizada para capturar intrusos e deve ser alimentada por um núcleo de energia em algum lugar próximo. Precisamos desativá-la antes de podermos seguir em frente.

A barreira pulsava e se movia como um ser vivo, tentando alcançar qualquer coisa que se aproximasse. Leyla sabia que um movimento errado poderia ativar completamente a armadilha, aprisionando-os ou pior. O perigo era palpável, e o ar ao redor estava carregado de eletricidade.

— Tashi, será que consegues empregar nossos dispositivos para desmantelar isso? — Indagou Leyla, seus olhos fixos nos fios de energia que serpenteavam de maneira sinistra. Os dispositivos mágicos dos jovens, sombriamente forjados a partir dos artefatos mágicos saqueados dos sentinelas, guardavam em seu interior as energias capturadas com crueldade.

Tashi ajustou rapidamente seu dispositivo, apontando-o para a barreira. — Vou tentar. Preciso recalibrar a frequência para anular a matriz energética. Só preciso de um pouco de tempo.

Os fios de energia continuavam a se mover, emitindo faíscas de luz que iluminavam os rostos preocupados dos jovens. Leyla sentia o suor escorrer pela testa enquanto vigiava os movimentos da barreira, pronta para agir a qualquer momento.

— Quase lá... — Murmurou Tashi, seus dedos voando sobre os controles do dispositivo.

Finalmente, uma luz azul piscou do dispositivo de Tashi, e a barreira de energia cintilou antes de desaparecer, como se nunca tivesse existido. O alívio foi imediato, mas a tensão ainda era alta.

— Impressionante, Tashi. — Disse Leyla com um sorriso, ainda ofegante. — Vamos, temos um livro para encontrar.

Com o perigo da barreira atrás deles, o grupo avançou pela passagem secreta, cientes de que a verdadeira prova da noite ainda estava por vir.

Herdeiras da TramaOnde histórias criam vida. Descubra agora