𝘼𝙣𝙩𝙚𝙨...
O som das espadas se chocando ecoava por todo salão. O menino havia desviado de todos os golpes que o homem pretendera lhe dar, era como um talento nato, um dom. Com um último golpe de misericórdia, o garoto derruba o mais velho no chão e posiciona sua espada no rumo de sua traqueia. Por um momento o garoto quis pressiona-lá, ele quis matá-lo. Mas o garoto não era assassino. Pelo menos, não ainda. O velho solta uma risada seca e pesada, uma consequência do uso excessivo da bebida, enquanto se levanta, retirando a espada da mão do garoto e lhe dando um breve aceno com a cabeça. O garoto gostaria de ganhar um abraço, é claro, gostaria de ouvir o homem dizer que estava orgulhoso, mas sabia que o aceno era o máximo que teria, então ele apenas dá um sorriso amarelo, acenando de volta.
- Bom, Alexei! Muito bom. - O grisalho fala, enquanto se vira para pegar sua espada, que havia sido jogada para longe pela queda.
- Mas nunca perfeito. - Alexei sussurra para si mesmo, como uma reafirmação de algo que ele ouvia constantemente.
- Disse algo? - O homem questiona, o olhando por cima do ombro. Claro que ele havia ouvido, mas ele queria que o garoto repetisse, queria vê-lo se humilhar um pouco mais, queria ter certeza de que o menino soubesse o que ele já sabia, queria ter certeza de que ele sabia que nunca seria bom o suficiente.
- Nada, papai. - Mentiu, seu tom de voz ficando sério enquanto ele ajeitava sua postura, como alguém que se lembra repentinamente que está na presença de uma figura importante. As palavras do garoto foram simples, porém o pai torce o nariz, em uma careta de descontentamento.
- Não me chame assim! - O homem resmunga enquanto se vira de uma vez, só para bater com a espada na lateral do corpo do garoto, em forma de repreensão.
O sangue escarlate escorreu do local onde a espada tocou, mas o homem pareceu não reparar, ou não se importar. Alexei mordeu a língua com toda sua força para evitar qualquer reclamação ou suspiro de dor. Ele puxou o ar até que seus pulmões estivessem com a sensação de estarem prestes a explodir.
- Desculpe, Senhor. - Alex diz, corrigindo seu erro e mantendo sua postura, o sangue estava escorrendo para sua mão, nesse fluxo, chegaria ao chão, e o menino não queria levar outro corte por sujar a tapeçaria, então ele apenas torce para que o pai o deixe ir antes do sangue cair.
- Que não se repita. Você já pode ir, acabamos por hoje. - O homem o dispensa enquanto caminha até o lado oposto do salão para guardar as espadas, seu olhar evitando qualquer contato com o olhar de Alexei.
O menino faz uma pequena reverência e caminha rapidamente até a porta, quando finalmente ele deixa a sala e fecha a porta atrás de si, o sangue chega em suas mãos e consequentemente, até o chão, ele ficou aliviado por conseguir sair a tempo de não sujar a tapeçaria de seu pai, mas mesmo assim, se abaixou e limpou o sangue do chão, utilizando a barra da blusa. Alexei então se levanta e começa a andar rapidamente em direção ao único lugar onde ele sabia que poderia ficar sozinho, ele corria pelos corredores, quase esbarrando em alguns serviçais, até que finalmente ele se encontrou de pé na porta do estábulo.
Assim que verificou que não havia ninguém no local, Alex se recostou em uma parede e deixou-se cair no chão. Ele finalmente podia chorar. Os anos com seu pai haviam o ensinado a chorar silenciosamente, de forma que mesmo as lágrimas caindo incessantemente, nenhum som era emitido, mas de alguma forma, isso só deixava seu choro mais agonizante e doloroso. Alex sentia raiva acima de todos os outros sentimentos. Por que ele não podia simplesmente amá-lo, como todos os pais amam seus filhos? Por que não conseguia se orgulhar dele? Por que não via seu esforço?
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The Liquid of Omnia.
FantasyO mundo de Alexei Vassiliev é dividido entre humanos e não-humanos, nome dado a pessoas que possuem magia. Anatoly, pai de Alexei, é o rei do Reino de Mirandos e um general violento e incontrolável, conhecido por matar todos os não-humanos do seu re...