Capítulo 13.

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𝙏𝙝𝙚 𝙧𝙚𝙪𝙣𝙞𝙤𝙣

Assim que Drake chega perto o suficiente, ele agarra a gola da blusa de Jack, pude jurar que ele iria bater nele, porém ele só o encara, os olhos queimando em ódio, como se tentasse decifrar algo no rosto de Jack, mas ele não encontra nada. O rosto de Jack estava completamente sereno, ele ainda olhava para as estrelas, ignorando a presença de Drake, ignorando a mão em sua gola.

— É melhor você entrar, Alexei. - Drake alerta, seu tom de voz era baixo, calculado, como se estivesse fazendo muito esforço pra não explodir.

— É melhor a gente entrar. - Corrijo, ele me olha e por seu olhar pude jurar que ele mataria a Jack e a mim naquele mesmo instante. O olhar de Drake era tão sombrio que era quase como se não fosse ele.

— Você sabe que foi um erro colocar o Alexei no meio disso tudo. - Drake fala, Jack o olha como se os dois estivessem falando de algo a mais, algo que eu não sabia.

— Acontece que é um pouco tarde para pensar nisso, não acha? Até porque, não fui eu que contei a ele coisas sobre o nosso passado. - Jack rebate, a mão de Drake se fecha com mais força em volta da gola de Jack.

Drake encarava Jack de forma mortal, como se conseguisse enxergar sua alma. Jack devolvia o olhar na mesma intensidade, era quase como se saltassem pequenas faíscas de seus olhos. Eu não sabia se devia separá-los, ou interferir de alguma forma, talvez defender alguém. Mas quem eu defenderia? Independente de quem eu defendesse, certamente só pioraria as coisas. Resolvo ficar quieto. Por um momento desejei deixar de existir.

— É claro que não foi você, até porque, contar coisas essenciais nunca foi muito seu forte, foi? Sempre escondendo, mentindo, omitindo, fugindo. Esse é você. - Drake praticamente cuspiu as palavras, como se aquela fosse uma discussão que eles estavam esperando anos para ter. O momento de colocar as cartas na mesa.

— Esse sou eu. Por isso é muito fácil, você sabe, essa coisa de me colocar como vilão. Mas no fundo você sabe a verdade. - O tom de Jack era calculado, calmo. Aquilo pareceu irritar mais ainda Drake, ele soltou a gola de Jack em um empurrão.

De repente todo lugar ficou muito frio, nossas respirações criavam uma pequena fumaça no ar. Eu tinha a estranha sensação nas entranhas de que algo ruim aconteceria. Algo muito ruim. Minha garganta foi se fechando lentamente, o ar chegava em meu pulmão com muita dificuldade. Jack e Drake foram se tornando borrões, tudo foi escurecendo lentamente e eu já não sabia o que estava acontecendo, um grito abafado chega em meus ouvidos.

— Drake… - Foi a única coisa que eu consegui sussurrar antes de tudo escurecer completamente.

Em um piscar de olhos eu estava em um lugar completamente escuro, olho em volta procurando algo, uma saída, mas a única coisa que encontro é uma espécie de espelho, um grande espelho com moldura em ouro. Me aproximei lentamente, meus passos pareciam fazer um barulho estrondoso, como se eu estivesse pisando em uma madeira muito antiga, e ela rachasse a medida em que eu andava.

Quando chego perto o suficiente, me assusto com meu próprio reflexo. Eu estava mais velho, uma pequena barba decorava meu rosto, meu cabelo estava maior, preso em um coque. Uma cicatriz marcava meus lábios. Minhas mãos e minhas roupas estavam sujas com sangue, eu vestia roupas de general, como as que meu pai e os soldados dele usam.

De repente, um grito alto me tira do meu transe, o grito se multiplica, vários gritos, era torturante, pareciam rasgar meus ouvidos, estourar meus tímpanos. De repente tudo parece estar ligado. O sangue, os gritos. O discurso do elfo retorna a minha mente. Tampo meus ouvidos com as mãos, desesperadamente, mas nada parece abafar os gritos, era como se estivessem dentro da minha cabeça, como se estivessem saindo do meu corpo. Me deito no chão, contorcendo, algumas lágrimas caíam, e eu não sabia dizer se eram de dor ou de arrependimento, de culpa, de pensar que de alguma forma eu teria provocado aqueles gritos.

The Liquid of Omnia.Onde histórias criam vida. Descubra agora