Capitulo 23

2.3K 280 59
                                    

Doca Narrando

Tô ligando que muita gente me julga sabe, mas não sabem um terço do que eu passei. Do que eu passei pra tá bem aqui hoje, com a minha filha aí bem tendo tudo que quiser, tudo do bom e do melhor.

A mãe dela não entende, acha que eu abandonei ela pra ficar na rua. Que eu estava gostando de ficar na rua, que eu ia nas festas porque eu queria.

O bagulho é muito mais embaixo, depois que o frank morreu tive que tomar uma decisão. Se eu ia virar dono ou se eu ia ser rebaixado. Preferi tomar a frente de tudo. Depois de tudo que passei, de tudo que passei pra voltar pro zero? Com a minha mulher aí grávida, vai que precise de alguma coisa envolvendo a saúde delas? E eu sem dinheiro nenhum, tendo que começar do zero? Tá maluco, fiquei maluco. Papo reto, nem dormia.

Tive que conquistar o respeito de todo mundo como o novo dono, tive que formar alianças e mais alianças. Favorecer uns aqui e outros ali.

Ir nas festas, resolver os problemas que apareciam e que não eram poucos. Eu não tinha vida, me arrependo muito de não ter ficado muito mais tempo ao lado dela na gravidez. Mas não me arrependo de ter feito o que eu fiz pra elas estarem bem lá hoje, podendo ir na praia e no shopping todos os dias.

E estarem em segurança, se eu já era vizado com o cargo que eu tinha, imagine se eu não fosse mais nada? Sem dinheiro pra pagar meus seguranças e os delas? Elas não sai pra pista sozinhas não, tem gente na cola delas, elas não veem. Mas eles estão lá.

Tem muita gente que não gosta de mim, esperando só um deslize pra me passar. Fiz tudo pensando nelas, e faria de novo. Eu não tinha nada antes, eu gastava tudo. Era sozinho, vou guardar dinheiro pra que? Comecei a guardar quando casei com ela, tudo aconteceu muito rápido. Ela engravidou e a missão já planejada, deu no que deu. Corri atrás de tudo pra elas ficarem bem. Se a Domenick não me perdoar e não me quiser mais tranquilo.

Só de ver elas bem, estável eu tô feliz. Posso morrer amanhã que meu papel vai estar feito. Vou morrer feliz de tudo que conquistei e corri atrás pra deixar elas bem.

Vejo vários pais aí matando uma selva por dia pra não falta nada e mesmo assim ainda falta. A conta não bate, rala pra caralho pra uma cartela de ovo tá 23 reais? A carne mais barata tá 40 conto?

Eu ia morrer de remorso se tivesse que deixar de comprar uma coisa pra comprar outra pra Maya. Não entra na minha cabeça, que depois de tudo que passei eu ia tirar de um lugar pra colocar no outro.

Mas ninguém entende, acha que preferi a vida do crime, acha que eu preferi a guerra.

Mas quem ia pagar os remédios dela? Quem ia pagar a escola? Se ela precisasse de uma cirurgia aí? Ia ficar no sus esperando uma eternidade? Com várias crianças esperando também na fila? Não dá, não entra na minha cabeça.

Sempre fiz de tudo por elas e sempre vou fazer. Ela tem todo o direto de estar magoada, eu entendo o lado dela. Mas queria que ela entendesse o meu também. Que fiz o que fiz por elas, e não pra ficar na cachorrada.

Não sabe quantas vezes cheguei em casa e chorei pra caralho agradecendo a Deus por ver elas dormindo sem segurança. Mesmo eu perturbado da cabeça, cismado com tudo. Sem comer direito, sem dormir. Mas só de ver elas bem, eu ficava bem. Era meu gaz todos os dias ver foto e vídeo da Maya no meu celular quando eu não estava em casa.

....

Um tempo depois

Tô no brilho já, desde cedo bebendo. Meu aniversário, tá maluco. Sempre fico contente, é mais um ano vivo. Mais um ano ao lado da minha filha.

Até do lado da perturbada da mãe dela.

Fiz um churrasco na piscina, os mais chegados. Não tinha pouca gente não, mas era os chegados.

— Olha lá Sandro, faz alguma coisa. Eu não quero nem ver ela abrindo essa cabeça — Já começou a me perturbar, não tenho paz.

— MAYA? Já falei o que cara? Tu quer me arrumar problema? — chamei a atenção dela, estava foda já. Já era a terceira vez que eu mando ela falar de correr em volta da piscina.

A mãe dela já perdeu as contas de quantas vezes gritou

— ti foi papai — Ela veio toda sonsa

— Que foi papai, nada! Já não mandei tu parar de correr cara? Quer sentar aqui e ficar de castigo sem brincar? Última vez que eu falo, a próxima tu vai ficar de castigo. Escutou? Entendeu? Então tá — Ela só assentiu e veio querer me dar beijo

Toda sonsa, toda vez que eu brigo quer ficar me beijando, falando que me ama.

— Não vem não, não quero beijo não — Falei afastando ela e ela levantou as sobrancelhas

Eu levantei também. Garota abusada

— hum — Ela virou as gosta e saiu andando só de biquini com os cabelos todo pro alto

— Olha as coisas que tu fica ensinando, por isso que tá assim abusada. Tô dizendo, tem nem tamanho essa filha da puta — Falei olhando pra Maya e ouvi a risada dela

— Eu não ensinei nada — Ela falou e eu neguei

— É genética né, duas filha da puta — Falei e virei o resto do copo na boca

Estava bebendo, ouvindo um bagulho maneirinho

Só ouvi os berros do povo assustado

Procurei a Maya, quando fui ver várias pessoas olhando pra piscina e ela no colo de um chegado chorando pra caralho.

— Que que foi? Ela caiu? — Falei pegando ela, e ela chorando a beça

— Ela tava na piscina, Paulinho me jogou em cima dela paizão. Perdão aí — Ele falou e eu neguei

— Porra, aí vocês estão de putaria já. Como que tu cai em cima da minha filha? Não bate uma porra dessa. É pedir pra eu me estressar — Sai andando e eles vieram atrás falando

Tava puto, ela chorando a beca agarrada em mim.

Bateu o desespero nela po, coração batendo pra caralho.

Dei ela pra mãe dela

E virei pra resolver com eles

— Machucou filha? Bateu a cabeça? — Ouvi a voz da Domenick

— Coé Doca, foi mal mesmo. Foi sem querer — Ele veio tocar no meu ombro

— Foi mal não po, foi péssimo. Cheio de criança aí no bagulho e vocês de palhacada po. Vocês aí velhão, barbudo já. Ah, putaria já. Sai, sai da minha frente — Falei e sentei na minha cadeira

A Maya quis vir pro meu colo e eu peguei ela.

— Toma, come um franguinho — A mãe dela deu um frango na minha mão que era pra eu dar a ela

— Deixa esfriar que o papai vai te dar — Fiquei assoprando e quando esfriou um pouco eu dei na mão dela

Fico de cara quente quando ela se machuca, piorou alguém machucando ela.

Po, esses caras velhão já. Cheia de cabelo no saco com essa brincadeiras de criança po.





Oiiii, já venho me explicar pra vcs sobre tudo que está acontecendo na minha vida. Tenho motivos pra ter sumido!

RESILIÊNCIA  |M|Onde histórias criam vida. Descubra agora