CAPÍTULO 1

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Era uma manhã atípica no único e pequeno consultório médico da cidade, graças a um
surto de gripe inesperado, Dra. Amy e seu chefe, Dr. Andrew, estavam bem ocupados e seu chefe começava a sentir e aceitar o fato que não era mais tão jovem e que precisava respirar.

- Viu como eu preciso de mais um médico? – Disse colocando o prontuário de uma das últimas pacientes agendadas antes do almoço em cima de sua mesa e puxando o ar para os pulmões e soltando, liberando um estresse e cansaço pela idade.

- Estamos indo bem! Você sabe que essa correria só acontece de vez em quando. – Amy detestava o fato de que aquele homem, que era uma espécie de pai para ela e que lhe ensinara tudo que sabia sobre como praticar medicina estava pronto para pendurar o jaleco e deixa-la sozinha, a mulher detestava mudanças e adorava sua rotina.

- Esse "de vez em quando" é que me mata! Você precisa aceitar duas coisas anjinho, a primeira é que eu não estou mais conseguindo te ajudar e a segunda, você não dá conta sozinha. Ou seja, precisamos de um médico e já está quase a caminho.

- Espera! O que? Andrew..você não pode...- Antes que a moça pudesse terminar, seu chefe lhe deu um sorriso, revirou os olhos e saiu da sala a deixando angustiada e incrédula, fazendo-a pensar que certas mudanças podem ser questionadas, mas que não há nada que se possa fazer.

Após a manhã e tarde turbulenta no consultório, entre injeções, remédios e até conselhos amorosos das senhoras aposentadas da cidade, Amy sentiu seu celular vibrar em seu bolso quando fechava seu local de trabalho e sem muito jeito por estar com as mãos segurando um saco de lixo na mão e sua bolsa na outra, deixou o lixo no chão e pegou o celular. Era seu amigo de infância que por muito tempo fora apaixonada no colégio, mas que hoje só nutria um sentimento de amizade e carinho, mesmo que Paul às vezes deixava a entender que queria algo a mais com o passar dos anos.

- Antes de qualquer tentativa: Eu não vou! – Amy sabia que seu amigo queria a qualquer custo convencê-la a ir na Festa da Cidade, um domingo por ano onde toda a população se juntava para exibir seus feitos como quadros, flores, arquitetura, culinária, automobilística e todos os hobbies que se podem ser exibidos, fora a comida, bebida e danças à vontade.

- Ah, Anjinho! Você tem que ir. A filha do prefeito não pode faltar. – A voz do amigo soava irônica e a amiga percebeu.

- Meu pai é o prefeito, não eu! Deus...vou carregar essa cruz até quando? – Seu amigo riu.

- Até quando eu inventar outra desculpa pra você ir. Vamos! É uma vez por ano e é no domingo, dá tempo de você arrumar uma roupa bem legal sem ser branca de médica. – Paul ouviu sua amiga rosnar baixo no telefone.

- Eu vou pensar. – Amy ouviu o amigo comemorar sem muita energia do outro lado.

- Doutora Amy Miller, eu preciso de uma acompanhante. Hoje é quinta-feira e aguardo uma resposta até amanhã. Há muitas donzelas nessa cidade que podem me acompanhar.

- Se há muitas, por que está me enchendo? – Disse Amy incrédula com a fala do colega advogado.

- Porque você é minha preferida, anjinho! Não fique brava. Sou advogado e tenho que usar minhas apelações. Thauzinho que eu tenho um compromisso nesse momento.

Paul desligou o telefone antes mesmo que a médica pudesse responder a deixando com cara de paisagem.

Então Amy colocou o saco na lixeira, entrou em seu carro branco, trancou as portas e puxou o ar o máximo que pôde. Por mais que mudanças não a agradassem, a médica no fundo sabia que queria um pouco mais de energia na sua vida, uma força para quebrar sua rotina, uma energia em forma de homem talvez, alguém para se lembrar durante o dia, alguém para voltar durante a noite e ninguém naquela cidade, por mais que pretendentes aparecessem, faziam esse espírito leve e esse coração calmo e monótono se mexer com alegria.


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AMOR EM HILL CITY (JOHNNY DEPP)Onde histórias criam vida. Descubra agora