CAPÍTULO 10

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A dor nos afeta de maneiras diferentes, mas em seu início é sempre igual. A pata de elefante bem no coração que não nos deixa dormir, os olhos tristes e a cabeça baixa, a respiração pesada e um grito inconsciente por socorro que não conseguimos fazer sair pela boca. Depois do processo do luto que é o problema. É que cada um lida da sua forma, alguns se deixam levar pela dor e nunca mais voltam a serem os mesmos, outros transformam a dor em força, outros superam e ensinam outras pessoas.

Quando olhei nos olhos de Thomas entendi qual era a sua forma, pois era a mesma que meu pai escolheu, ou talvez não tenha escolhido, foi só o que conseguiu fazer depois da morte de sua esposa, minha mãe.

Quem ele havia perdido? Por quem ele quase havia chorado? Quando sua angustia começou? Eu sabia o que tinha que fazer de agora em diante, mas entendia que precisava ser cautelosa e paciente, coisas que normalmente não sou.

Ele ficou parado na entrada do consultório e ficamos em silêncio nos olhando. Acho que ele queria dizer alguma coisa, ou não queria dizer nada, não sei ao certo, mas fechei a porta do meu carro, voltei até ele subindo as escadas e parando em sua frente.

- Eu não queria... – Antes dele terminar sua frase lhe dei um abraço, foi como um instinto, não sei bem o motivo de ter feito aquilo.

Ele demorou alguns segundos, mas me abraçou de volta, o que me deixou aliviada. Ele não estava me achando doida.

Enquanto estávamos abraçados ainda, vi uma luz nos iluminar naquele fim de tarde, eram as luzes dos faróis do carro de alguém. Desfiz o abraço e pude ver que o carro de Paul.

Ele desceu, mas ficou atrás da porta do carro.

- Oi... – Ele encarava Thomas e olhava pra mim confuso. – Você não atendia o celular, então vim ver se...você viu minha mensagem?

- Desculpa, acabou bateria e esqueci de carregar.

- Eu já vou indo. Obrigada, Amy! – Thomas mais uma vez não esperou minha resposta e desceu as escadas indo em direção ao seu carro. – Tchau, Paul!

- Tchau, Doutor.

Eu me senti constrangida, não sei bem o motivo. De repente tudo ficou...estranho naquele momento.

- Precisava vir aqui? – Paul parecia indignado.

- Nossa! Eu só ia te levar pra jantar...

- Não, eu sei...é que...bem...achei que tivesse acontecido alguma coisa.

- Não...- Ele riu sem graça. – É que você sempre topa, então...

- Tudo bem, mas tenho que passar em casa pra me trocar.

- Ok, eu te encontro do HillFood?

- Me dê 30 minutos.

- Credo!

- Credo? Eu não vou assim! – Demos risadas e eu voltei para meu carro.

Quando cheguei no bar, avistei Paul conversando com uma mulher loira que eu nunca tinha visto por aqui e eles pareciam bem à vontade, tanto é que fiquei sem graça em incomodá-los e dizer que havia chegado.

- Ham...Paul? – Ele se virou pra mim sorrindo e a loira que estava de frente pra mim deu um leve sorriso ao notar minha presença.

- Oi, anjinho! – Não sei se foi minha impressão, mas ele parecia surpreso. Ele tinha esquecido do que combinados, ou melhor, ele combinou há meia hora atrás?

- Oi. – Ficamos nos olhando em silêncio por um momento e já estava ficando constrangedor para mim, pois senti em Paul algo estranho.

- Bem, essa é a Bárbara, sobrinha do Jules da Capital – Jules era dono do bar e um bom colega.

- Prazer, Amy. – Lhe dei um sorriso, estendi minha mão e ela apertou.

- Olá, Amy.

- Bom, a gente se vê, Bárbara! – Paul colocou sua mão nas minhas costas me direcionando para as mesas que ficavam longe do balcão.

- "A gente se vê, Bárbara" – O imitei e ele fechou a cara.

- Pare de me imitar.

- Ela é bonita. – Tentava falar baixo.

- Sim, mas não é... – Ele ficou quieto de repente.

- Mas não é? – O que há com ele? Somos amigos há muitos anos, nunca ficou com receio de me contar algo.

- Mas não é meu tipo.

- HAHAHA! Qualquer mulher bonita faz o seu tipo. – Ele me olhou incrédulo.

- E você qualquer médico bonitão faz o seu! – Ok, agora não me pareceu brincadeira.

- Guarde as garrinhas pra dentro. – Eu tinha uma certa mania de ironizar situações que eu achava constrangedora, como essa de agora.

- Enfim, você vai no jantar dos Jackson? – Ele cortou o assunto.

- Claro que não.

- Devia ir, eles são os principais "investidores" do seu pai.

Da família Jackson, a única proximidade minha era com Melissa. Ela costumava ser minha melhor amiga desde a infância, mas depois que seus pais começaram a enriquecer com as minas de diamantes da cidade, algo nela mudou, principalmente depois que voltei da faculdade, então hoje, só somos "conhecidas".

- Eu sei, mas a única pessoa que conheço lá é Melissa, e nossa amizade não anda tão próxima a ponto de eu aguentar um jantar de sabe lá quantas horas...quer dizer...sobre o que vamos conversar? Não temos mais nada em comum.

- Devia tentar, talvez ela só esteja esperando você dar o primeiro passo.

- Talvez você devesse dar...

- E por que eu faria isso?

- Não sei...você gostava dela.

- Ela era legal, mas não pra oficializar alguma coisa.

- Minha nossa...- Às vezes Paul mostrava um lado que eu não gostava. Era como se às houvesse outra pessoa ali que ele deixava escapar, pois ele ia de gentil a babaca muito rápido.

- Olha...- Ele piscou algumas vezes – Ela é muito bonita, mas a culpa foi dela. Não gosto de ter que ficar me explicando a cada segundo.

- Me desculpa, mas nessa você está errado. Ela te perguntava o motivo de nunca atender as ligações ou demorar dias pra responder uma mensagem. Qualquer um questionaria isso.

- Mas eu não gosto.

- Por isso está so-zi-nho.

- Me desculpe... – Ele parecia indignado – Mas olha quem fala.

- Legal, nosso jantar tá indo pelo lixo. Eu vou embora antes que fique irritada de verdade. – Me levantei e sai sem esperar sua resposta. Quem ele pensa que é? Aliás, quem ele realmente é? O Paul gentil que conheço ou o egoísta que Melissa conheceu e nunca mais quis saber?

Eu precisava ir para casa. Estava me sentindo estranha, precisava de um momento sozinha e sem entrar em conflito com ninguém.

Tinha um apartamento, mas às vezes gostava de dormir na casa do meu pai com a minha irmã, mas queria ficar sozinha e descansar a mente um pouco. Sei que já superei a morte da minha mãe, mas o que aconteceu com Thomas hoje me deixou melancólica.

Me embrulhei em minha cama debaixo do cobertor e quando estava quase pegando no sono, ouvi meu celular tocar em cima do criado mudo.

Era uma mensagem de Thomas.

___________

Demorou, mas saiu!!

Espero que tenha gostado e estejam gostando!

Por favor, comentem e votem, pois isso me motiva muito <3

Eu não tive de revisar, então se tiver algum erro, mil perdões.

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⏰ Última atualização: Sep 27, 2022 ⏰

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AMOR EM HILL CITY (JOHNNY DEPP)Onde histórias criam vida. Descubra agora