SERIAL KELLER- SARIETTE/ INTERSEXUAL

Doação

Juliette

Não sei por quanto tempo eu dormi, mas, acordei quase renovada e já estava tudo escuro. A Luz parecia exausta, ela dormia como um anjo. Corri pra fazer minha higiene, mas, precisei correr pelada e cheia de sabão, porque meu telefone tocou e meu moranguinho começou a chorar. Socorri meu bebê e logo em seguida peguei meu telefone para vê quem me ligou e me assustei, mal abri meus olhos e nem meu banho em paz eu pude tomar, poraue tinha 83 ligações perdidas. Como eu estava exausta e pra não atrapalhar o sono da luz, eu havia colocado o celular no mudo.

Luz começou a chorar e parecia estar no meio daquelas crises de choro, porque acordou no susto e mais uma vez eu esqueci de mim, peguei ela no braço sem me importar se a molharia, mas, eu precisava acalmá-la e com a outra mão, precisei vê quem me ligou tantas vezes. Eu estava assustada, temia que algo poderia acontecer com a Júlia no hospital, ou que algo tivesse acontecido com a policial.

83 chamadas, algumas do hospital e outras do Guilherme. Primeiro liguei para o hospital, para saber se algo aconteceu e descobri que a Júlia não estava aceitando a sopa do jantar, então, eu liguei. O segredo dela confiar em mim, é só transmiti segurança a ela e da muito amor e carinho.

Liguei enlouquecida atrás de que alguém passe o celular para a pequena, quando a enfermeira chefe me atendeu desesperada me pedindo socorro e eu ouvia o choro da pequena do outro lado da linha. Meu coração estava apertado, eu precisava acalmar essa princesa.

LIGAÇÃO ONN

-Oi minha princesinha. Porque você está chorando?

Júlia- Oi tia Ju. É que eu quero você e eu não gosto de sopa.

-Meu anjinho, não esquece do combinado secreto que a gente tem. Só posso fazer alguma coisa por você, se você comer tudo que te oferecerem e obedecer as tias. Todas querem que você fique boazinha logo meu amorzinho. Como eu vou ir até você amanhã e te dá um presente, se você não me ajudar a te ajudar.

Júlia- Tá bom tia. Eu prometo que como. Me desculpa. Vou obedecer e vou te esperar amanhã. Promete mesmo que vem?

-Claro que prometo meu anjinho. Confia na tia Ju, porque eu só prometo de dedinho.

Júlia- Então, vamos. Me dá o dedinho, pra gente fazer promessa de dedinho.

Mesmo que ela não estivesse vendo, eu fiz pra ela a promessa de dedinho. Essa menina é tão especial, eu sinto no fundo do meu coração, que eu preciso cuidar e protegê-la. Ela é só uma criança assustada porque perdeu os pais e precisou amputar a sua perninha. É só uma criança vítima de um sociopata louco, que tirou dela as pessoas que ela mais amava. Eu sentia uma dor tão grande por ela, que chehava até a ser uma dor física.

Luz já estava pesando no meu braço e ela não parava de chorar. Ela está me preocupando. A dependência dela está me preocupando, por mais que a médica me fale que está tudo bem com ela, algo dentro de mim, me avisa que não. Preciso marcar outro neuropediatra, pra ter uma segunda pinião urgentemente.

Como eu estava pelada, ensaboada e exausta, percebi que a fraldinha da luz estava cheia, então aproveitei para dar um banho nela. Dei banho nela no chuveiro mesmo, porque quanto mais rápido, melhor.

Tinha a sensação de estar esquecendo alguma coisa, mas, decidi me acalmar e aproveitar que a Luz estava mais calma, pra fazer o nosso jantar. Ela queria a todo custo o tetê, mas, dstou relutando, para que ela coma de verdade. O Tetê é apenas um complemento, não uma alimentação. Mas, advinha? Ela não quis a papa que eu fiz e olha que ela ama papa. Apelei pra sopinba de letrinhas e de novo ela se recusou a comer. Era só o Tetê e pronto.

Assim que estávamos devidamente alimentadas, coloquei o pijama na Luz e deitei com ela na cama. Eu não iria dormir, iria pesquisar sobre a tal dependência dela em só me querer, em não falar e recusar tanto alimento.