Socorro

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Perseguição de polícia com bandido era tudo o que eu não precisava passar nesse momento. Eu só queria ir pra casa em segurança e deixar minha filha em segurança e isso não é pedi muito.

Agora eu vim pra trás, porque o carro está parado em um engarrafamento bizarro e toda vez que o carro para, a Luz acorda. Não era isso que eu queria e a Luz quando acorda no susto e no desconforto, ela chora desesperadamente, é difícil de parar, as crises de choro dela são intensas. E eu não precisava de uma bola mágica, eu conheço bem minha filha e como falei, ela acordou aos berros.

-Ei mocinha. Eu sei, mamãe sabe que está chato ficar aqui, mas, não precisa chorar. Mamãe está aqui com você meu moranguinho.

Eu peguei a bebê dela na mochila, porque ela ama boneca e isso sempre a acalma, mas, dessa vez a boneca não  surtiu efeito. Luz estava tendo uma crise de choro e eu estava desesperada, os bandidos não pareciam estar pra brincadeira, era uma diversão sair metralhando as pessoas dentro do carro com fuzil e eu não queria ser alvo dessas coisas ruins.

-Shiiii. Meu moranguinho. Faz silêncio vai. Mamãe faz o que você quiser pra você parar de chorar, só faz silêncio meu anjinho.

Eu sei que ela entendeu, porque depois de 30 minutos contados no relógio, ela simplesmente tomou fôlego e parou de chorar, pedindo o Tetê. Ela ainda mama, estamos em processo do desmame, mas, tem vezes que não conseguimos e a pior hora é a noite, ou, quando ela se sente desprotegida.

Tirei meu seio e dei o Tetê que ela tanto ama. Luz começou a mamar, parecendo que nunca havia mamado na vida. Mas, é compreensível. Uma criança de 2 anos plantada nesse trânsito em meio ao caos, ao sono evidente e com certeza a fome.

Nesse momento eu agradecia a Deus e aos céus, por dá essa natureza a mulher, de consegui acalmar suas crias com um simples Tetê e se é uma coisa que a Luz ama, é  o meu cheiro. Acho lindo, que ela tem a mania mais gostosa e fofa do mundo. Toda vez quando ela termina de mamar, ela se feita em cima de mim e fica cheirando meu pescoço, mexendo no meu cabelo, até consegui apagar.

Parecia que tudo estava ficando mais calmo, quando ouço gritos de socorro e uma moça com um rapaz, que pareciam policiais, batendo na minha porta, pedindo por socorro. Eu ainda tentei ignorar, pela segurança da Luz, mas, eu não consigo fazer isso. Meu coração é mole demais. Eu abrir, pela minha profissão que eu jamais negaria ajuda a alguém e por mim mesma, que me compadeci da situação. A moça parecia machucada e o rapaz desesperado chorando.

- Tá. Qualquer coisa que fizerem, eu saio gritando. Não se atrevam a mexer comigo, porque não sabem do que sou capaz pra fazer, pra defender a minha cria.

S- Moça, me ajude. Eu acho que vou morrer.

G- Moça, me perdoe. Ajuda a gente. Arranca esse carro, salva a minha amiga.

-Calma, eu sou enfermeira, preciso saber onde sua amiga se machucou, ela tá perdendo muito sangue.

Mesmo desconfiada, desabotoei a blusa da farda da policial, mas, ainda tinha outra por baixo e isso já estava me assustando, era muito sangue e ela estava chorando. Eu estava no fogo cruzado. A moça chorando quase morrendo me pedindo socorro e a minha filha chorando, porque estava mamando e de repente estranhos no meu carro pedindo socorro. Luz estranha as pessoas e tem medo de tudo, então, certamente ela estava com medo.

Então eu tirei ela do meu seio, pedi desculpa ao meu moranguinho por ter tirado ela do seu porto seguro e entreguei ela ao moço. Pedi que ele a segurasse e ela chorava ainda mais, batendo os pés e os braços. Eu já estava cansada, com vontade de chorar, quando ela vomitou o carro todo, de tanto choro e grito. E eu me desesperei, quando vi que meus seios estavam de fora. Fiquei totalmente constrangida, mas, ali eu precisava ser rápida.

SERIAL KELLER- SARIETTE/ INTERSEXUAL Onde histórias criam vida. Descubra agora