Capítulo 23

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A noite que sucedeu à vitória da Grifinória no campeonato não foi nada fácil para a Marlene. Como poderia dormir em paz após ter tido Sirius tão perto para em seguida cair em sua cama fria e parecendo especialmente solitária naquele momento?

Foi impossível esquecer o calor do corpo do garoto junto ao seu, do cheiro e da maneira como ele a tocava. Quando se deitou, ainda sentia seu coração acelerado e as pernas bambas, seu corpo formigava como uma maneira de a lembrar de cada local onde ele a tocou. Ela se sentia patética, como uma adolescente boba dos filmes trouxas que Lily a fazia assistir, mas, ao mesmo tempo, tentava se convencer de que era totalmente compreensivo, pois tinha certeza que qualquer pessoa que estivesse ali com Sirius Black a beijando de maneira tão intima e cheia de sentimento, após se declarar, estaria no mínimo em um estado parecido com o dela.

A loira sabia que ficava, sim, pensando muito em tudo e que muitas vezes isso chegava até a ser um defeito, porque às vezes levava a vida a sério demais, Sirius mesmo já havia lhe dito que deveria aprender a aproveitar mais os momentos, e ela sabia que aquilo era uma verdade. Mas foi impossível não perder a maior parte da noite pensando no que ele disse. Por Morgana, ele havia dito que a amava, como poderia simplesmente não surtar com aquilo? Entretanto, a parte racional do seu cérebro sempre fazia questão de lembrá-la que Sirius também estava bêbado e bastante eufórico com a vitória no jogo. O garoto poderia muito bem ter confundido as coisas e passado um pouco do ponto nas comemorações. E, ao mesmo tempo que se derretia ao lembrar-se de cada palavra dele, também sentia a já muito familiarizada vontade de socá-lo por deixá-la sempre tão confusa.

Sua mente trabalhava tanto que Marlene se sentia até mesmo um pouco sufocada. Por isso, quando acordou na manhã seguinte, esperou impaciente até que Lily fizesse o mesmo e ela pudesse despejar na amiga um pouco de seu surto interno. Ficou bastante agradecida quando Alice e Dorcas a avisaram que estavam descendo para o café da manhã, e ao informar que iriar esperar pela ruiva, as outras duas amigas resolveram ir à frente.

Quando Lily terminou de fazer sua higiene e retornou ao dormitório, encontrando Marlene sentada em sua cama a olhando em expectativa, ela arqueou as sobrancelhas fitando a amiga antes de dizer:

– Eu conheço essa cara, o que aconteceu?

– Sirius Black aconteceu – Lily a fitou com um olhar de divertimento.

– O que ele fez dessa vez? – perguntou risonha.

– Disse que me ama – e então a ruiva se permitiu soltar o riso que segurava.

– Ele me disse também!

– Que te ama? – Marlene questionou franzindo o cenho e Lily fez uma careta.

– Claro que não, né, Marlene. Disse que te ama! Quando ele voltou para o salão após vocês saírem, estava só sorrisos e dizendo para quem quisesse ouvir que te amava e estava totalmente caído por você.

A loira sentiu como se seu corpo estivesse pegando fogo, ao mesmo tempo em que suas bochechas insistiam em repuxar-se em um sorriso.

– Sério? – ela até tentou controlar a expectativa em seu tom de voz, mas não conseguiria enganar ninguém, muito menos Lily.

– Sim! – a amiga riu. – Pode perguntar por aí depois, ele realmente não estava se preocupando em esconder.

E então Marlene pulou da cama e se aproximou da ruiva, que estava parada no batente da porta que dividia o quarto do banheiro, enquanto penteava os cabelos.

– Por Merlin, não acredito que ele fez mesmo isso – disse a fitando mais de perto, como se quisesse comprovar que a amiga lhe dizia a verdade, mas Lily continuou encarando-a com um sorriso esperto no rosto e acenou positivamente com a cabeça.

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