Capítulo 24

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Marlene andava pensando bastante em quão incongruente a vida era e na maneira como esta poderia andar desconexa dentro os diversos aspectos que compunha a existência humana. Por exemplo, achava loucura e sentia-se até mesmo um pouco culpada, por, apesar da caótica e triste realidade que assolava o mundo bruxo, sentir-se feliz e sortuda por estar vivendo dias lindos com Sirius e seus amigos, durante o tempo que ainda restavam em Hogwarts.

Chegara até revoltar-se com Merlin, por não a permitir experienciar de momentos tão bons em uma realidade diferente, que possibilitasse que aproveitasse de corpo e alma, inteiramente. Certo dia, quando confidenciou estes pensamentos a Sirius, que era muito mais simplista, o moreno lhe disse não ser necessário que se prendessem em tais divagações, pois as coisas são o que são, e o importante é que eles tinham um ao outro agora, para dar força para lutarem pelos seus ideais. E ele tinha razão, e tinha também as melhores respostas sempre prontas a oferecer.

Afinal, aquele era Sirius. O garoto de olhos acinzentados, que, apesar de ser conhecido por muitos pela algazarra que causava junto aos amigos, era também alguém contido e calmo, sempre disposto a fornecer as pessoas ao seu redor o conforto necessário. E era o que ele vinha fazendo por ela, com suas piadas prontas para lhe arrancar alguns risos bobos e transmitindo amor e alento, que era a ajuda que precisava para lidar com o que estavam vivenciando, sem deixar que o medo e a angústia assumissem o controle.

Certa noite, depois de um dia inteiro com aulas cansativas, em decorrência da exigência dos professores, que extraíam o máximo que podiam, pois estavam as vésperas do início dos NIEM's. Sirius, após insistir muito, conseguiu arrastá-la consigo para a torre da astronomia. Marlene, que a princípio tentou manter-se focada em seu plano de estudo, não resistiu a curiosidade, uma vez que, para ele parecia tratar-se de algo importante.

– E então, o que você gostaria de me falar? – perguntou.

Estava muitíssimo interessada em saber o que Sirius estava aprontando, dado que, até tinha se empenhado bastante em fazê-lo dizer do que se tratava, tentando a todo custo o persuadir, o mesmo, porém, foi firme em negar, afirmando que diria quando os dois tivessem a sós.

Então, somente quando estavam apenas os dois, sentados no chão do topo da torre, as estrelas iluminando-os, e com Sirius segurando uma caixa preta, lhe fitando parecendo bastante contente com o olhar indagador que ela lhe dava, enquanto se dividia entre o encarar e fixar-se sob a embalagem, foi que ele se permitiu dizer, não sem antes soltar uma risadinha:

– Quanta impaciência, McKinnon! Você sabe o que dizem, não é? A curiosidade matou o gato...

– Pois bem, e eu estou doida de vontade de matar um cachorro, caso ele continue me testando – ela o provocou, mas sorria de lado.

O garoto gargalhou e levantou os braços para o alto, como se tivesse se rendendo.

– Eu sei que nós já estamos juntos e tudo mais, mas desde que nos acertamos eu ainda não havia te pedido em namoro oficialmente – começou.

Marlene riu e arqueou a sobrancelha.

– Está falando sério? – ele concordou. – Achei que já fosse oficial – apertos os olhos o observando.

– E é, super oficial! – o moreno inclinou um pouco o tronco em sua direção, para encará-la mais de perto. – Quando começamos a "namorar", você sabe, de mentira. Eu havia mencionado, brincando, algo como você querer um pedido especial, com flores e tudo mais. Apesar de isso não fazer muito o nosso estilo, após vivermos tantos momentos juntos, você mudou muito em mim! Me fez querer todos os clichês do mundo e agir da maneira mais boba se assim eu for te fazer sorrir, porque após te conhecer como te conheço agora, eu sei que você merece sempre o melhor. E tudo o que eu puder fazer para que você sinta o quanto é especial para mim, eu vou! Por isso te comprei isso.

LionheartOnde histórias criam vida. Descubra agora