Capítulo 10 - Eu vos declaro...

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– Não acredito no que eu tô vendo. – ouvi a voz da minha mãe Anne resmungar.

Continuei de olhos fechados e apenas me remexi, tentando tirar a minha mãe do meu sono. Um par de mãos apertou meus ombros com força e quando abri os olhos, minha mãe estava na minha frente com uma das maiores cara de desaprovação que ela já nos tinha dado em toda a vida.

– O que vocês dois estão pensando? – ela se levantou e colocou as mãos na cintura – Dormir no quintal, no relento, desse jeito sem se preocupar com nada.

– Tá tudo bem, mãe. – Gary bocejou – Que horas são? – ele coçou os olhos e se levantou – Já está na hora? – ele rapidamente mudou sua expressão para assustado e minha mãe revirou os olhos.

– Claro que não. – ela bufou – Se dependesse do seu pai vocês iam acordar quando a noiva já estivesse no altar.

– Que exagero, Anne. – resmunguei.

– Você é mais criança que seu irmão, sabia?

– Não estou em condições de discutir com você. – suspirei – Ajude-me a levantar, por obséquio. – implorei.

– Ai, garoto. – ela resmungou e passou o braço pelo meu tronco e me ajudou a levantar – Direto para o banho os dois, seu pai está preparando um café da manhã e Riley já foi acordar os outros.

– Sim, senhora. – dei um beijo estalado na bochecha – Ei, Gary, vê se providencia um neto para sua mãe na lua de mel, ela vai sentir falta de um bebêzinho para ela cuidar agora que você vai sair de casa. – falei rindo e ela me deu um tapa na bunda.

– Anda logo, Barry.

Fui cambaleando para dentro da casa e subi para o segundo andar quase de quatro na escada. Entrei no meu quarto que continuava a mesma coisa de quando era adolescente e fui direto para o banheiro tomar um banho quente para relaxar o corpo. Eu estava muito cansado, então aproveitei ficar uns bons dez minutos só deixando a água quente escorrer pela minha cabeça e corpo. Terminei de me lavar e fui até o espelho para fazer a barba.

Desde os meus dezoito anos, quando minha barba começou a crescer decentemente e me dando mais cara de um homem adulto, eu nunca mais tirei ela, sempre a mantendo seja bastante comprida ou mais curta quase rente, mas na maior parte do tempo eu não me preocupava com isso e só deixava ela viver como queria. Peguei a maquininha no armário embaixo da pia e ajeitei o pente nela para aparar um pouco. Fiquei um tempinho diminuindo ela mas sem tirar muito e tomei muito cuidado na hora de fazer as laterais e embaixo. Um movimento errado poderia cagar em tudo.

– Terminou? – minha mãe gritou do lado de fora.

– Quase.

– O que você está aprontando?

– Estou fazendo a barba.

– Ah, ótimo, assim você não vai parecer o Tom Hanks em Náufrago.

– Que que é isso, mulher. – falei rindo – Você tá muita bravinha hoje, o que tá acontecendo?

– Nada. – ela resmungou – Sua roupa está aqui na cama e a comida já está pronta.

Ela com certeza já estava sofrendo por antecipação com Gary saindo de casa e não fazia o mínimo esforço para disfarçar.

Terminei de fazer a barba e coloquei somente uma bermuda velha que encontrei no armário e logo desci para a cozinha comer. Alguns dos meninos já estavam sentados na mesa comendo e Gary provavelmente ainda estava no banho.

– Bom dia. – cumprimentei-os e fui até Riley – Bom dia. – dei um beijo em sua testa – Sua esposa está meio...

– Sim... – ela revirou os olhos – Gostei do visual. – ela passou a mão pelo meu queixo – Deixou você com uma carinha um pouco mais jovem. Uns vinte e cinco anos talvez.

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