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Dante

Demos umas 4, eu tava numa abstinência do caralho e eu tinha que fazer valer.

A mina chegou toda calada, sem saber pra onde ir, até estranhei e então dei um choque de realidade dela. Não sei se é abstinência mas que a filha da puta é boa, é boa. Fez uma parada maluca que eu nunca tinha visto na vida, fiquei viajando pra caralho. Até dei risada mas aí a mina ficou bolada porquê eu falei a verdade, é puta pô.

Ela foi embora sem nem dizer um tchau, a pior raça que existe é a puta que é ingrata.

Entrei na cela pouco tempo depois do André, o menor tava sorridente pra caralho, com um sorriso de orelha a orelha. Dei risada quando ele se jogou no colchão como se estivesse aliviado.

Dante - Tá contente, menor? - acendi o cigarro que a outra tinha trazido.

Sinistro - Como é que não tô? Parada sinistra, tá maluco - riu - mulher gostosa do caralho.

Dante - Finalmente o príncipe perdeu o cabaço.

Sinistro - Tu tá me estranhando, filha da puta - levantou da cama - deixa eu dar um tapa aí - eu assentir e o filha da puta literalmente deu um tapa na porra do cigarro.

Dante - Tu tá ficando maluco, seu doente? - ele riu pegando o cigarro do chão e dando um trago.

Sinistro - Diz aí se não foi engraçado, irmão?

Dante - Tá achando que tá no circo, oh engraçadão.

Sinistro - E a mina nova que veio te visitar, conta aí, conta como é.

Não era muito minha praia ficar falando das mulheres que eu pegava, não gostava de difamar nem muito menos fazer propaganda do que era meu mas essa mina estava me intrigando pra caralho. Toda tímida mas ao mesmo tempo toda pra frente, ousada pra caralho.

Dante - Não sei não... Mina estranha - neguei com a cabeça pegando o cigarro de volta.

Sinistro - Passa a visão.

Dante - Chegou toda tímida, tá ligado? Como se não quisesse estar aqui e quando eu chamei ela de puta ela ficou bolada pra caralho, pedindo respeito e os caralho a quatro.

Sinistro - Tu é um otário mermo, a mina vem aqui que te fazer um favor e tu trata ela dessa forma aí, tô nem entendendo.

Dante - Diz aí qual favor que ela fez? De graça ela não veio, só achei engraçado ela ser profissional do sexo e ser toda na dela.

Sinistro - Não é tu que diz que gosta de mulher que é na dela? Que tem postura.

Dante - É um bagulho totalmente diferente.

Sinistro - Pra mim tu ficou foi gamado na mulher, depois de tanto tempo sem tocar em uma desaprendeu como agir.

Dante - Teu cu, filha da puta!

O resto do dia passou se arrastando, nós amassou legal no rango que as duas lá tinha trazido. Tava numa larica do caralho e já não aguentava mais essa gororoba que esses miseráveis chamam de comida, rango azedo desgraçado.

•••

Sexta feira, 15h30 da tarde.

Sinistro - O rádio, irmão - entregou o nokia na minha mão.

Atendi o celular antes que alguém aparecesse, do outro lado da ligação era o Índio, meu braço direito.

Índio - Eai irmão, como é que tá?

Dante - Na mesma, você tá ligado.

Índio - Novidade pra tu, Chayenne veio aqui irmão, tá querendo ir te ver.

Dante - Nem dá pra acreditar na ousadia dessa vagabunda, sumiu esses dois anos, a fonte dela deve ter acabado.

Índio - Ela meteu um sete, disse que tava com a mãe doente e teve que ir pro interior.

Dante - Mentirosa do caralho - dei risada - avisa a essa filha da puta que o que é dela tá guardado e quando eu sair daqui ela vai receber direitinho o que é dela!

Índio - Mas só tem ela pro próximo domingo, não deu tempo de arranjar outra.

Dante - E aquela outra lá, aquela tal de Dandara?

Índio - A mina disse que não quer pisar os pés aí nem morta, que porra tu fez com ela? A garota saiu daí chorando pra caralho.

Dante - Era só o que faltava mermo - dei risada - Puta, pra frente e dramática.

Índio - Ela não vai irmão, não vai.

Dante - Não quero saber de porra nenhuma, eu quero essa filha da puta da Dandara no domingo. Avisa pra essa cachorra que se ela não estiver aqui eu vou mandar ela pra debaixo dos sete palmos.

Índio - Sem necessidade, pô...

Dante - Quero entender o motivo do choro dela, tá ouvindo? Quero ela aqui.

Índio - Quando você encarna em algum bagulho parece cachorro, não larga o osso.

Dante - Sem gracinha, já te mandei o papo - suspirei - e a favela?

Índio - Tudo na melhor forma, só esperando a tua volta, paizão.

Dante - Breve, Breve - ri - tudo no esquema, cadê a Larissa?

Índio - A essa hora deve tá no colégio, só sai lá pras seis. Botei uns soldados na cola dela, tá tranquil.

Dante - Isso mermo - concordei - não dá pra ficar de papinho não.

Índio - Jae, é nós irmão.

Desliguei o telefone e o escondi atrás do vaso sanitário.

Sinistro - Tu encrencou com a mina lá mermo  - riu.

Dante - Ram, índio disse que a filha da puta saiu daqui chorando.

Sinistro - Do jeito que tu é feio, duvido nada dessa porra.

Dante - Tua mãe não me acha feio não, corno do caralho.

Sinistro - Brincadeira com mãe - ficou putinho - Queria muito que o teu chefe escutasse isso.

Dante - Outro cuzão, que nem tu.

Sinistro - Continua, continua brincando que uma hora tua conta vai chegar - eu dei risada.

O André adorava brincar mas quando era a vez dele de ser gastado ele ficava putinho. Eu ria pra caralho com esse cara. Nós ficou ali de marola um tempinho até o cair da noite, os guardas passaram rápido olhando todas as celas.

Sinistro - Isso aqui não é vida pra ninguém.

Quando a noite chegava o frio chegava junto, com as mãos geladas a única coisa que eu podia fazer era fumar. Era a única maneira de acabar com todo o estresse que essa porra me causava, nego fica maluco aqui dentro.

Dante - Breve nós vai tá nesse mundão, liberdade vai cantar.

Sinistro - Parece uma eternidade, tá maluco.

Dante - Três semanas pô, três semanas.

𝗖𝗼𝗺𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗩𝗲𝗿𝗺𝗲𝗹𝗵𝗼 Onde histórias criam vida. Descubra agora