Dandara.
Dandara - Eu já disse, Verena - falei com raiva - Eu não vou pisar mais os meus pés lá, não quero ver aquele homem nunca mais.
Verena - E o seu avô, Dandara? Como que fica o seu avô nessa história? Você já foi uma vez, pode ir agora de novo.
Dandara - Eu posso ir de novo sim mas não pra ficar com ele, não quero ver esse homem ridículo na minha frente. Você tem noção do quanto ele me ofendeu?
Verena - Ele não mentiu, amiga - Ela fala receosa - É isso que mulheres como nós somos pra eles, somente isso. Nós somos as putas.
Dandara - E daí, Verena? E daí - falei puta - O mínimo de respeito eu deveria ter, ele não me conhece, não conhece um pingo da minha história pra estar me chamando desse jeito.
Verena - Mas você tá se vendendo, Dandara. E isso basta, isso é trabalho de puta e você vai ser tratada como uma.
Dandara - Pois nós vamos ver! Eu vou e ele vai aprender como é que se trata uma puta, ele vai conhecer quem é a mulher que ele chamou de puta sem ao menos conhecer direito.
Verena - Você tá ficando maluca - Ela revirou os olhos - A única coisa que você tem que fazer é ir lá fazer o seu serviço e receber o dinheiro pra pagar o tratamento do seu avô, o Índio agora tá te pegando quatro mil. Não inventa arte, Dandara!
Por mais que ela tivesse razão a minha dignidade ainda gritava mais alto. Eu ainda não conseguia acreditar que um homem que eu nem conhecia direito tinha me tratado daquela maneira.
Verena - Seu único objetivo é a saúde do seu avô, não tenta contrariar o Falcão. Ele é o dono disso aqui, não se esqueça, não queira contrariar esse homem. Ele pode não ser perigoso lá dentro mas aqui fora ele manda e manda muito.
Foi um choque de realidade, eu realmente não podia ir contra ele. Eu só tinha que fazer o meu serviço.
Verena - Ele não vai ser seu amigo e nem você vai ser amiga dele, não vai existir nada além de uma troca de favores. Você dá e recebe pelo seu trabalho, não precisa existir um diálogo.
Dandara - Você tem razão, é isso que eu tenho que fazer, pelo meu avô. Não posso deixar a emoção falar mais alto.
Verena - No começo é assim mesmo, eu não julgo você mas tenha a noção de que agora esse é o seu trabalho, você tem que ser profissional.
No sábado eu fiz a mesma coisa da semana anterior, unhas, sobrancelha, uma roupa diferente e levei tudo pra casa da Verena. Estava sendo complicado mentir pro meu avô, eu dizia que a nossa comida era a Verena que estava dando e que eu tinha conseguido com um vereador o tratamento dele grátis. No fundo eu acho que ele sabe que eu estou mentindo e só está esperando o momento em que eu vou falar a verdade mas eu não quero isso, não quero que ele saiba o que eu estou fazendo. Não é só medo do julgamento dele mas eu mesma me julgo, eu não consigo aceitar isso.
Às 22h30 eu saí de casa depois de ter posto o café do meu avô e ter preparado a cama dele. Assim que ele dormiu eu fui pra casa da Verena. Quando eu cheguei lá o Índio estava dentro da casa dela com as coisas que nós deveríamos levar para os dois, ele ficou um tempo conversando conosco e nós entregou o pagamento. Antes de sair ele me chamou no canto para uma conversa séria.
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𝗖𝗼𝗺𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗩𝗲𝗿𝗺𝗲𝗹𝗵𝗼
Teen Fiction𝙈esmo quando os sonhos se perdem, é possível encontrar um futuro.