𝐀𝐩𝐨𝐜𝐚𝐥𝐲𝐩𝐭𝐢𝐜 𝐋𝐨𝐯𝐞 - 𝐕𝐞𝐠𝐚𝐬𝐏𝐞𝐭𝐞

Capítulo 9

Vegas

Os dias se passavam e aquela agonia crescia em meu peito e ela parecia não ter mais fim, eu estava regredindo novamente, desesperado sem nenhum rumo. Eu apenas queria que isso parasse, que esse coração parasse, que o ar de meus pulmões desaparece-se, que a vida fosse drenada de mim. Perla estava viajando com os meninos e apenas voltaria na semana que vem, implorei pra ela voltar, que não suportaria ficar sozinho nem se quer mais um minuto, mas ela não reagiu com o eu esperava, ela se lembrou de tudo, de todo aquele tempo que eu passei com Pete e com Jom em segredo e disse que não voltaria tão cedo.

Já haviam se passado mais de 70 dias e Pete não havia retornado de sabe Deus onde, a nossa turnê se atrasa a cada dia mais, sai a sua procura por esse dias, apenas encontrava mais frustração e pistas falsas. E por noites eu fiquei a encarar aquela porta, aquela maldita porta à sua espera, meu único consolo era meu veneno, meu velho demônio e companheiro A Bebida. Eu já não conseguia ficar sóbrio, por mais que me esforçasse, e eu tentei.

Por mais uma noite estou deitado nesta cama, encarando a imensa janela, através de seus vidros a cidade esbanjava suas luzes e sua beleza. Meus dedos apertam com força o travesseiro e fecho os olhos sentindo as lágrimas escorrerem novamente, meu coração batia lentamente, enquanto minha cabeça doía cada vez mais. O quarto estava frio como nunca antes, mas não havia silêncio, seu silêncio havia sido quebrado a muito tempo, o som da voz de Pete e Todd rindo no estúdio, as gravações caseiras que fazíamos enquanto tentávamos gravar, seguido dos dias que passamos juntos, apenas nós dois.

De um modo acalmava meus pensamentos, mas eu sentia como se aquilo não fosse mais real, como se ele fosse apenas um fantasma, algo criado por minha mente, algo para preencher e tentar curar feridas antigas e as mais recentes. Por essas noites e principalmente essa me questionei o porquê de eu não ter controle sobre meus atos e sempre deixar meu desejo falar mais alto. Quem eu amava de verdade nesta história? Por quem eu lutaria até o fim dos dias? Por quem eu enfrentaria o mundo para ter? E essas perguntas não conseguiam ter suas respostas, penso que talvez elas nunca tenham. Talvez a única que tivesse resposta era a que no fundo eu havia perdido Pete...e temia que fosse para sempre, mas eu deveria aceitar? Sim eu deveria, mas eu não queria, infelizmente eu não queria, eu não suporto essa idéia.

Ergo meu corpo do cama, me sentando e passo os dedos por meus olhos secando as lágrimas de meu rosto, forço meus braços na cama e me levanto da cama, sinto a forte dor e as pontadas me atingirem, devido aos dias bebendo sem parar, apoio-me na cômoda e sigo me apoiando pelas paredes, até o banheiro, adentro ali e encaro-me no espelho e mal reconheço aquele Vegas - quem era ele? - me questionava enquanto me encarava, abaixo meu olhar e sigo em direção do box, o abro e ligo o chuveiro, me jogo ali em baixo e permito a água gelada escorrer por meu corpo. Depois de tomar um banho, nada relaxante, visto-me rapidamente e saio de meu quarto, caminho pelo corredor escuro até as escadas, as desço e sigo em direção da mesa de centro, pego minhas chaves e vou até a porta principal a abrindo e saindo dali.

O tempo passava, nuvens em tons mais escuros de azul cruzavam ao céu, enquanto dirigia de modo apressado até aquela casa. Estaciono meu carro e praticamente salto do carro, paro e encaro por alguns segundos a fachada E agora temia encontrá-lo aqui. Respiro fundo e sigo até os imensos portões e os abro, caminho pelo imenso jardim, que há muito tempo não era cuidado, até a entrada, ouço vozes e meu coração gela. Eram aquelas vozes, aquelas que me assombravam e que eu implorava para ouvi-las. Isto de certo modo não fazia sentido, mas ambos haviam sumido na mesma época.

Quando aquela porta se abriu eu senti que eu havia perdido totalmente meu chão, que a qualquer momento eu cairia em um buraco negro sem fundo, cairia eternamente. Era Tawan, que me encara com seus olhos claros, mas aquelas olhos estavam cansados, eu queria conseguir dizer algo, mas não consigo dizer absolutamente nada, havia se passado muito tempo desde que eu o vi, e logo meu campo de visão é preenchido por um Pete de olhos vermelhos e inchados.