Boa Leitura! :)
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Nem o café de sua cafeteria favorita tinha o mesmo sabor. As páginas do livro que lia não tinham a mesma textura, as palavras perdiam o gosto e a mente era um grande vazio. O café esfriava sem atenção sobre a mesa. O estofado do assento não era confortável, o clima era desagradável, a música o aborrecia, as pessoas o entediam. E o café ainda esfriava sem atenção sobre a mesa.
Seus olhos passeavam pela página do livro aberto em seu colo, sem prestar a devida atenção a ele; sua mente vagueava longe dali.
E onde estava afinal? Nem ele sabia. O que faria amanhã? O mesmo de hoje.
Talvez trombasse com uma pessoa diferente, mas não sentia ânimo para conhecê-la. Também não sentia vontade de sair. Tentou pensar em algo que não tivesse feito, mas não havia.
Convenhamos que, para um escritor de romances bem sucedido em Chicago, Park Jimin estava bem o suficiente para ter feito tudo que queria e alcançado tudo que almejava. Podia comprar um Whisky e uma livraria nova a cada semana.
Agora, estava no limbo.
Um imenso e irrefutável limbo de nada, nem ninguém. As manhãs já não pareciam mais as mesmas, se estava frio ou calor, não fazia diferença. As pessoas eram perturbadoras e, a simples menção a contato com humanos, o enjoava.
Adotar um gato? Já tinha dois. Quantos gatos poderia adotar para cada habitante que não queria aguentar em toda Chicago? Havia gatos suficientes?
O pior de tudo era não conseguir escrever. Era isso.
Estava decretada sua morte. Quando ficou cinco horas olhando a tela do Notebook e mais cinco pairando a ponta da caneta sobre o papel, naquele fatídico dia, Jimin viu todas as cores de sua vida escorrerem por seus dedos junto com toda e qualquer ideia. Escrever estava fora de cogitação. E se um escritor não pode escrever, então que preparem seu caixão!
Agora tinha inveja. Todos aqueles malditos livros sendo lançados só podiam significar que outros escritores ainda podiam escrever. Malditos sortudos, que peguem furúnculo, ou que os calos de seus dedos fiquem tão grandes que virem batatas; foram coisas que desejou em silêncio enquanto observava tais lançamentos. Pode-se dizer que estava apodrecendo sua alma, como um velho ranzinza destruidor de árvores de natal, no corpo de um jovem de 25 anos.
Ainda entediado, fechou o livro bufando, dando-se conta do café esquecido, tomou uma golada. Imediatamente cuspiu de volta com uma enorme carranca.
O café estava frio.
É praticamente um crime deixar que um café esfrie. E ele nunca, em hipótese alguma, deixava o café esfriar.
Era isso. Estava morto.
Estava tão absorto em seus pensamentos conflitantes que não notou o toque de chamada de seu celular.
- Park Jimin!
- Bom, até onde sei, parece que esse sou eu..- respondeu, sem expressão, ainda olhando para o café.
- É claro que é você, idiota! E sabe quem eu sou? O melhor-amigo-pescoço-de-cebola muito em breve! Sabe por quê?
- Não posso imaginar.
- Porque vão cortar minha cabeça como uma cebola se você não estiver aqui em VINTE! - Jimin afastou o celular do ouvido para garantir que sua audição se preservasse.
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Runas de Prata
RomancePark Jimin só queria uma coisa: sumir. O que ele menos esperava era se tornar um romancista frustrado, preso em um bloqueio criativo e com uma coleção de fracassos amorosos. Decidido a abandonar o romance, ele embarca em férias de dois meses para s...