• an fhìrinn chruaidh de Marble

37 4 4
                                    

Ele mal conseguia enxergar o caminho enquanto andavam. Quando as duas mulheres abriram as grandes portas, Jimin estava aéreo, alheio.

Pensava no rei, na sombra, no castelo.

Mas o piso em seus pés já não era mais o mesmo, e quando se deu conta, as paredes que fechavam em sua volta também não eram as grandes rochas negras com velas e cortinas espalhadas.

Não. Estavam em um longo e largo corredor de mármore Nero, com suas veias brancas que brilhavam na parede, em pulsos de luz, e iluminavam todo o caminho. Era completamente mágico. Quando olhou para baixo, deu de cara com seu próprio reflexo. O piso era espelhado, refletia a escuridão do mármore e o brilho de suas veias brancas,que irradiava mais forte dos reflexos, mais brilhante, indo em contraste com o teto, também feito de espelhos.

Não havia janelas naquele corredor.

Jimin não reclamou quando as mulheres abriram uma enorme porta de mármore branco que brigava com as paredes negras e os veios de luz, o guiaram até o banheiro, tirando suas roupas e o colocando na banheira. Lhe deram um banho que parecia um sonho distante, o vestiram em trajes limpos e secaram seus cabelos.

Pensou em Taemin, pensou nos seus gatos, pensou e não esboçou nenhuma reação. Na verdade, se sentiu inerte, afundando em um estado de relaxamento total durante todo o processo. Podia jurar que tinha escutado as duas damas falando entre si, mas não prestou atenção. Tudo parecia uma vaga memória, uma névoa pairando sobre si.

Os pensamentos de Jimin se misturavam com a névoa e tomavam forma. Não sabia explicar como, mas em algum momento na banheira, viu sua gata circular pelo local, passar pelas pernas das damas e encará-lo de volta. Se esforçou para tocar, mas tudo que fez foi sorrir de leve.

Só voltou à realidade quando estava parado na frente do espelho encarando seu reflexo. As mulheres já não estavam mais no quarto, e espantado, Jimin se deu conta de que não as viu sair.

Olhando para a porta, sentiu um último resquício da presença silenciosa de ambas. Mas não ouviu nada. Tudo era silencioso.

Como num passe de mágica, voltou a sentir o mundo ao seu redor. A brisa do quarto, a textura da roupa sobre seu corpo, e a mente funcionando em total lucidez. Olhou ao redor.

Seu quarto tinha uma decoração simples. As paredes eram de um tom cinza claro, um pouco triste. O teto era alto e suportava o peso de um lustre feito de gotas de cristal que desciam em espiral. Os cristais irradiavam luz própria. Forte o suficiente para enxergar, fraco o suficiente para ser confortável.

Havia um armário branco em um canto, com pinturas em vermelho que pareciam borrões de tinta aleatórios. Um divã cinza claro estava em um canto, perto de uma lareira que Jimin não tinha visto.

No centro havia uma cama grande, com lençóis brancos decorados em detalhes de bordado preto e vermelho. O dossel preto caía por volta dela e balançava com o vento vindo da janela.

Janela!

Primeira janela aberta que Jimin viu depois de tanto tempo, e levantou tão rápido que quase derrubou a cadeira da penteadeira.

A brisa beijou seu rosto como uma velha amiga. A lua brilhava intensamente no céu, com milhares de estrelas ao redor. Estrelas que Jimin não via em Chicago nem em seus sonhos mais profundos.

Pensou em sua casa, em Taemin, na sua mala que foi perdida e em seus dois gatos. Mas dessa vez não consegui tocar em nenhuma memória e nem as via circulando pelo quarto.

ㅡEu só posso estar louco... ㅡsussurrou para a lua.

Sabia que tinha se metido em uma furada imensa, podia ouvir a voz de Taemin e o longo sermão que ele seria submetido por anos. Mas essa era sua última preocupação. As peças simplesmente não se encaixavam.

Runas de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora