• righ nan dubhar

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Jimin podia ser teimoso, mas estava longe de ser burro. Àquela altura, com os braços doendo de ficarem pendurados, os lábios cortados, o sangramento do corte no supercílio, os hematomas que ele sabia que estavam espalhados por todo seu torso debaixo dos trapos que aqueles bárbaros deixaram suas roupas.

Ele definitivamente não estava em um resort temático, muito menos no castelo que havia alugado o quarto.

Sua mente, desde que despertara da surra que levou, estava funcionando sem parar, criando vários cenários imagináveis e inimagináveis para o que estava acontecendo consigo. Na melhor das hipóteses, aquilo era um engano. Na pior, havia sido sequestrado.

A segunda opção é desastrosa por milhares de motivos, mas a maioria deles era que, se pedissem um preço absurdo por si, Taemin faria de tudo para pagar, e Jimin jamais aceitaria que o amigo se colocasse em problemas por sua causa.

Enquanto sua cabeça o torturava, o guarda dos cabelos escuros voltou. Há algumas horas, Jimin o havia considerado seu salvador na floresta, mas agora, queria puxar aquele mundaréu de cabelo e arrancar fio por fio.

Jimin não se considerava uma pessoa violenta, longe disso, mas quando se tem um escritor com uma mente criativa como a dele é preciso saber que ele vai pensar numa maneira criativa de decapitar alguém. Afinal, quantos personagens já não havia matado pelo bem do enredo e da dor de vários leitores. Em tese, era um assassino.

O homem se aproximou e começou a tirar as correntes que mantinham Jimin preso ao teto por suas mãos. Em poucos segundos, ele caiu no chão com um baque surdo e um resmungo de dor.

— Você podia ao menos ser mais gentil — reclamou esfregando a mão em sua bunda.

— O rei solicita a sua presença, bruxo — disse inalterado.

Jimin tirou os fios loiros do rosto e encarou aquele homem enorme, de cabelos negros ondulados e barba por fazer. Os olhos castanhos o encaravam de volta friamente, sem perguntas e sem respostas. Suspirando, sentiu que não seria boa ideia discutir com aquela montanha de músculos.

— Pode ao menos me dizer seu nome? — perguntou enquanto se levantava, soltando alguns grunhidos de dor. O homem apenas o encarou, arqueando uma de suas sobrancelhas como uma resposta óbvia. — Tudo bem. Me leve até seu rei, então — Jimin disse com desdém.

Nesse momento, outros três guardas apareceram pela porta, com a armadura vestida por completo. Suas espadas imensas estavam coladas aos seus corpos, igualmente emoldurados por músculos, que Jimin sabia serem resultado de muito treinamento. As mãos seguravam com firmeza o cabo das armas de ferro, prontos para desempenhá-las e fazer jorrar sangue. Especificamente o seu sangue, ele pensou, e fez uma careta.

O homem de cabelos negros, que ele decidiu apelidar de Everest, abriu espaço para que ele passasse pela porta da cela. Assim que pisou no corredor, Everest o segurou pelo braço e começou a puxá-lo pelo caminho enquanto a guarda vinha atrás.

Jimin estava sendo tratado como um prisioneiro de segurança máxima, o que seria cômico se não fosse trágico, já que a única ameaça que ele representava era para os nervos de Taemin quando decidia, simplesmente, não seguir sua agenda para ficar em casa vendo televisão. Em toda sua vida evitou filmes de terror e coisas sangrentas, parou de ouvir o podcast de crimes reais porque fazia ele sentir calafrios e sua pressão despenca drasticamente vendo qualquer indício de sangue.

Na realidade de Jimin, ele não era perigoso para ninguém. Até então, só havia um lugar que podia ser um criminoso: em seus livros. Qualquer história que criava lhe dava livre acesso para ser absolutamente tudo que quisesse. Podia mascarar sua mente genial em um homem corpulento como Everest e criar uma narrativa perfeita em que ele seria o vilão que todos têm pena ou o herói que todos admiram. Mas agora, estava fazendo sua estréia de ouro em um local um tanto quanto inapropriado, onde o consideravam um perigo eminente.

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