Dia dos Pais.

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Eu, em momento nenhum da minha vida inteira, poderia sequer cogitar que eu passaria um dia dos "Dia dos Pais" sem querer olhar na cara do meu pai.

Pensar que anos atrás o meu sonho era que meu pai voltasse pra casa, tornasse a me colocar na cama quando eu dormia na sala, me levasse novamente a passeios espontâneos pela cidade, fizesse carinho em mim sempre que eu terminava algum dever, me causa tontura.

Porquê essas simples ações, além de quase nunca terem sido realizadas, viraram meu sonho.

Algo que eu faria de tudo pra ter, algo que eu faria de tudo pra viver, algo que eu faria de tudo pra sentir.

Mas, hoje, não mais.

Ele não é mais aquele cara que sempre animava as crianças quando chegava perto, ele não é mais aquele tio que sempre arrumava brincadeiras quando o tédio dava indícios de chegar, ele não é mais aquele pai que sempre fazia questão de fazer piadas quando o ar começava a ficar melancólico.

Não, ele mudou.

Ele virou uma pessoa que eu nunca poderia pensar ou supor que eu conheceria, pelo menos, não nele.

E eu não sei dizer se ele realmente virou ou ele apenas se revelou, porquê se na verdade foi apenas revelação, ele usava uma boa máscara.

O dia foi dolorido, ver o Instagram de todos meus amigos e familiares fazendo storys com fotos antigas e textos de "te amo" ou de parabenização.

O pior é perceber que não apenas como eu não tenho meu pai presente em minha vida, como eu não tenho nenhuma figura paterna.

Tio, avô, primo, padrasto, amigo, bisavô, tio-avô, colega, professor... Nada.

Eu não tenho nada paternal.

Nem do meu próprio pai, nem de qualquer outro homem.

E nem pra minha mãe ser alguém presente para que pudesse fazer um texto de "pãe" pra ela, nada.

Eu realmente não tenho nada.

E foi assim, que eu passei o meu tão emocionante e sentimental Dia dos Pais.

Feliz Dia dos Pais.

Pois pra mim, não foi.

-343 palavras.
14/08/22.

Querida mente, o quê tens 'pra mim hoje?Onde histórias criam vida. Descubra agora