Diferenciar. - Pessoal.

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Há um tempinho, eu escrevi um capítulo em formato de metáfora sobre "cômodos".

E, bom, tudo que eu disse nele continua de pé.

Mas, hoje, eu consegui achar um complemento que o torna ainda mais interessante e, de certa forma, intrigante também.

É de madrugada, mas normalmente, eu passo elas em meu quarto.

Com a porta entreaberta, ventilador virado pro canto, enrolada na coberta, e com os travesseiros fazendo uma leve inclinação para quê, ao escrever, meus braços não adormecam tanto.

Porém ontem, eu convidei minha amiga de maior data(e maior confiança) para dormir aqui, em casa.

E diferente de como a gente sempre faz, que é nos trancar em meu quarto, ficar fofocando ou vendo gameplays de jogos de terror, nós ficamos na sala.

A mesma sala que eu nunca dormi, por mais que sempre morei nessa casa.

E isso apenas aconteceu pois enquanto eu esperava meu café esfriar um pouco até eu poder tomar, eu liguei a TV e coloquei algum besteirol pra nós assistirmos. E ficamos nessa.

No início da madrugada, lá pras 01:50, a energia caiu. E então lá formos nós andar pelo condomínio pra ver se foi só na minha casa, e até a cachorra foi junto.

Gravamos vídeo, o celular dela pela câmera frontal e a minha pela traseira.

Quando voltamos para casa, com a energia de volta, eu coloquei para que nós adivinhassemos as músicas da minha banda favorita só em 5 segundos, depois coloquei o desafio no estilo musical favorito dela.

Colocamos uma música que dá uma energia bizarra, depois coloquei mais uma música para fanficar, e após isso, pus um filme da Disney para assistirmos e criticarmos(no caso, ela, eu só fiquei rindo).

E ficamos por essa, quando amanheceu, finalmente formos assistir o vídeo de terror, e quando ouvimos do quarto de minha mãe seu alarme tocar, voamos pro quarto, e formos dormir.

Acordamos, sabe que horas? 13:49 da tarde.

Formos almoçar em minha vó, voltamos pra casa e assistimos mais um vídeo de gameplay de terror.

Quando foi às 16:50, uma amiga nossa nos chamou para irmos pra piscina com ela, para acompanhar o irmão caçula.

E, assumo, foi incrível.

Levei várias boladas na cara do pequeno pirralho que adora me maltratar, mas em compensação, fiquei me pendurando e tentando afogar as duas outras.

Quase pifamos o celular da que estava com o som conectado na caixinha JBL, de tanto pegar nele para trocar a música.

E ainda, de noite, eu fiz meu segundo furo na orelha.

Para alguns, tudo isso vai soar como cotidiano, e para outros, isso vai soar como um sonho.

E, bom, no fim das contas, cada um vive suas realidades.

E, estranhamente ou não, têm alguns que não importa a circunstância, vai fazer de tudo para viver uma vida que nem a sua. Acredite.

Ou não se importa com as circunstâncias, ou não sabe delas.

Como muitos vão se sentir após ler tudo que escrevi, até agora.

A verdade é que tudo isso, são pequenas coisas para serem feitas. Somos nós que complicamos.

Quando vamos tentar programar alguma saída, criamos 1.001 situações ruins que, supostamente, vão acontecer. E toda a curtição que, antes poderia ser vivida, fica pra trás.

Claro que muita coisa depende de dinheiro, e o brasileiro que não está lá, no topo, sabe que isso é algo em falta.

Mas, ó a gente complicando algo, novamente.

Eu acredito que toda essa barreira que fizemos, é o medo de que, caso vivemos um momento feliz, ninguém vai validar nossa dor ainda existente.

Então, temos que ficar 100% do tempo mal, para que enxerguem que precisamos de ajuda.

E eu entendo isso, óbvio! Eu vivo isso.

Porém, além de tudo, eles validando nossas dores ou não, temos que nos dar um trégua.

Porquê, afinal de contas, quem sabe de nossas dores, somos nós mesmos.

Então, não é porquê fulano disse que nossa dor não existe que ela, magicamente, vai deixar de existir.

Certas coisas não são tão complicadas como parecem, somos nós que, com nossa insegurança, colocamos milhares motivos para não ter uma solução.

E isso não tira o seu direito de sentir a angústia, a tristeza, o pesar e tudo mais. Mas, pelo menos, se permitir sentir isso conciente.

Conciente que, mesmo com todos os sentimentos negativos, você têm direito de soltar um sorriso.

Sobre o que eu falei da sala mais cedo, por eu ter me permitido fazer algo diferente; Eu estou nesse exato momento, na mesma sala, ouvindo uma música de fundo, com um prato sujo de migalha de nuggets do meu lado, de meia grossa no pé, balançando a perna em uma leve ansiedade, a garganta seca de sede.

E isso tudo, por mais simples que seja, eu nunca fiz antes.

Para terem noção: eu nunca fiz um lanche durante a madrugada. Sempre ficava com fome, enchendo a barriga de água.

E, agora? Agora eu estou com meu bucho bem cheio de besteira, escrevendo um novo capítulo, ouvindo música na TV em um volume relativo, com apenas a luz da cozinha iluminando o cômodo.

E eu estou feliz com isso, estranhamente, feliz com isso. Por, finalmente, ter me arriscado para fazer algo diferente.

E ter percebido que não é tão difícil quanto parecia.

Desculpem o formato diferente, mas, eu acho que por causa do sono, eu não consegui transformar esse assunto no estilo poético, que já virou um marco meu.

Bom, o que importa é que eu consegui dizer o que queria há já um tempo.

Ah, lembra do parágrafo que eu terminei dizendo sobre a sede? Pois é, ele já dá um disfarçado sinal do quanto o costume de complicar as coisas é tão rotineiro, porquê eu poderia muito bem levantar, encher um copo de água e dissipar essa sede. Irônico, não?

Diferenciar é legal, ainda mais quando estamos coinciente que podemos fazer isso, sem culpa.



987 palavras.
23/12/2022.

Querida mente, o quê tens 'pra mim hoje?Onde histórias criam vida. Descubra agora