Capítulo II - Bilhete para Dazai

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_Narrador On_
Assim como a senhorita havia pedido à recepcionista, o bilhete foi entregue à Dazai.

–Dazai, com licença, uma pessoa te mandou isso, pediu para eu não abrir, apenas te entregar.
–Ora, ora, que indecente. Obrigado. – Dazai pega o papel, depois de se curvar, para cumprimentá-la. Ela sai, e ele se dirige à sua mesa e se acomoda.
–O quê é isso, Dazai? – Pergunta Atsushi se aproximando, curioso.
–Eu não sei, não abri ainda.
–Abre, então!
–Fofoqueiro. – Diz olhando diretamente ao albino, com a testa franzida.

Dazai abre, e lê em voz alta - alta o suficiente para Atsushi ouvir, não gritando, como costuma abtualmente.
–"Mesmo que fosse falso... eu queria viver assim com você.

Aquelas garrafas de vinho eram pra gente.

Eu te amo. Me desculpe por não conseguir ter dito isso antes. De forma clara.

Adeus.

–"Chibi""

–Quem é "Chibi"? É uma daquelas moças que você dá em cima?
–Não fale assim, Atsushi! – Diz olhando pra ele, mas voltando sua atenção ao papel a sua frente, novamente. – Na verdade é um homem.
–Homem?!
–Shiiiiu, não grita! – Sussurra. – E o que tem de errado em ser um homem? Já tivemos essa conversa.
–Não chamaria isso de conversa, – Começa, se acomodando na cadeira ao lado. – Na verdade você chegou de repende e disse; "Quer saber um segredo? Eu sou bissexual.", e, na verdade, eu já imaginava algo assim.
–Perdeu todo o drama, do jeito que 'cê falou.
–Tá, tá, mas, me conta, quem é esse cara?
–Quando eu tinha uns... 16 anos, eu acho, – Diz como se não tivesse certeza – e... bem, nessa época nós éramos amigos.
–Mas... como era? Digo, ele disse que te ama, no bilhete, não era só uma amizade, né?
–Não sei o lado dele. O máximo de memórias que eu tenho são ligações gravadas dele, de quando ele estava bêbado, me xingando com todas as suas forças. E, digamos que, por mais que pareça fraco e gentil, essas não são umas de suas características. Um soco dele dói tanto quanto um xingamento do mesmo.
–Acho que eu te xingaria também se eu gostasse de você, e você ficasse dando em cima de outras pessoas, já é desconfortável como seu amigo, imagina na situação dele.
–'Cê gosta de mi-
–É uma situação hipotética! Credo, Dazai!
–Haha.. - Riu do garoto, que subiu na cadeira assustado - Por mais que eu ame falar de mim, e você? Não tá' gostando de ninguém?

Dazai olha em volta, se certificando de que Kunikida não estava por perto, e disse:
–O quê vocé acha do garoto da Máfia? O Akutagawa? Ele te deu até um apelido.
–Nã-não, ele, eu e ele, nós somos inimigos, não... – Ele fala tão rápido que parece que sua boca vai mais rápido que seu cérebro – éh... ele, ele tentou me matar.
–Desculpa perfeita, "Jinko". E, outra, "Chibi" é só um apelido que eu dei pra ele. Talvez ele só não queira que vocês saibam quem é ele. – Sínico. Sabe que ele é um criminoso procurado e ainda diz isso pro garoto... Me pergunto até onde ele pretende omitir isso tudo. Ou melhor, até onde ele vai conseguir omitir tudo isso...
–Para quê ele iria querer fazer isso? – Há! E agora, Osamu?
–Não sei. – Filho da pu- Éh, digo, ele mentiu novamente... logo agora que tava ficando legal 'cê manda um "Não sei.", ah, vai te 'catá'. Éh... foi mal. Continua lendo aí, vai.
_Narrador Off_

Depois que ela saiu de lá, eu saí também, por que eu ficaria esperando algo acontecer, em campo inimigo? Se eu ficasse, eu que seria o "maníaco suicída".

Em falar em suicídio, toda vez que eu escuto essa merda dessa palavra ele me vem à mente, seus olhos e cabelos castanhos, seu sorriso sínico e a forma que ele finjia se importar comigo – ele nunca disse que não era real, mas tava na cara. Não posso me iludir com isso também.

Passaram-se algumas horas, eu já estava na cama. Prestes à dormir. Quando, de repente; "Será que ele vai me responder?", depois disso, foi a história de como eu não dormi aquela noite.

Um pensamento paranóico – porém, não impossível de ser real – atrás do outro:
–E se alguém ver a possível resposta dele?
–E se o Mori resolver vir atrás de mim por ter ido lá e mandado esse bilhete pra ele?
–Vou ter que sair da Máfia?
–Certeza que eu vou morrer.
–E o Akutagawa? Quem vai ficar aqui com ele?
–Vou ser caçado pela Máfia e pela ADA...
–E se eu for contratado por alguém?
–Nah, eu não sei fazer nada além de matar pessoas...
–Será que não foi por isso que o Dazai me colocou na Máfia?
–Ele me odeia....
–Ainda da tempo de fugir?
–Não...
–E se eu levar o Akutagawa?
–Não, é muito arriscado pra ele.
–Se eu deixar ele aqui, é ainda pior....
–De qualquer forma eu teria que me mudar...
–Será que eu ia ter que sumir por tanto tempo quanto ele?!
–Aliás, por que ele sumiu tão de repente..?
–Ele já deveria estar pensando nisso, e quando eu falei que queria sair pra beber com ele, ele só aproveitou e desapareceu de vez...

Nessa brincadeira de ficar pensando – até demais – amanheceu.

Eu fui até o Akutagawa, que sempre acorda antes que todo mundo, e disse; "O quê você acha de desertar a Máfia?"

–O quê aconteceu?
–Eu não dormi. Mas o quê 'cê acha?
–Não sei... eles iriam atrás da gente. Mas por quê isso do nada?
–Longa história, mas, resumindo; não aguento mais esse lugar e não ia conseguir te deixar aqui. O quê me diz?

–Acho que... sim..?

–Então arruma suas coisas, nós vamos sair hoje à noite.

Dear Enemy - SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora