Capítulo 1

3.7K 231 69
                                    

Quando Olho-Tonto Moody e Remus Lupin chegaram à casa dos Dursley para levá-lo embora, na segunda semana de sua prisão lá, Harry ficou apenas um pouco surpreso. No passado, ele teria ficado muito feliz com a chance de deixar o ódio sufocante da casa de seus parentes, mas logo após a morte de Sirius e tudo o que isso implicava, Harry não tinha mais alegria em seu coração.

Ele ouviu em silêncio enquanto lhe contavam que Dumbledore havia sugerido a mudança e que ele deveria permanecer em Grimmauld Place pelo resto de suas férias. Agora que Sirius estava morto e a população bruxa em geral foi alertada sobre seu retorno, Voldemort estava mais interessado do que nunca em pôr fim à vida de Harry. A casa dos Dursley permaneceria segura, mas Dumbledore sentiu que Harry estaria imensamente mais seguro se fosse transferido para o indetectável quartel-general da Ordem da Fênix.

Em vez de agradecê-los com entusiasmo ou perguntar se algum dia teria que voltar para a casa dos Dursley novamente, como teria feito em qualquer outro momento no passado, Harry simplesmente assentiu e voltou para seu quarto. Lupin ficou parado, sem jeito, no vestíbulo da frente, olhando para a Sra. Dursley, que o encarava de volta com a mesma falta de jeito. Dudley se encolheu atrás de sua mãe enquanto o olho mágico de Moody girava maniacamente em sua órbita.

Em poucos minutos, Harry voltou ao pé da escada com seu malão arrumado e Edwiges piando infeliz em sua jaula. Moody acenou com a cabeça e Lupin colocou a mão no ombro de Harry. Harry permaneceu estoicamente no lugar. Os dois homens aparataram com um estalo.

O olho mágico de Moody esquadrinhou a sala enquanto o homem grisalho dava um pequeno sorriso malvado, então ele também desapareceu.

A Sra. Dursley estava feliz porque o marido ainda estava no trabalho.

.

Depois de ser direcionado para seu quarto, Harry deixou Edwiges sair da gaiola e abriu a janela do quarto para que a coruja pudesse esticar as asas voando. Ele desempacotou seus pertences taciturno e se esticou na cama, olhando para o teto e sem fazer barulho. Logo depois, uma pequena batida foi ouvida na porta e Lupin entrou.

— Você se importa se eu entrar um pouco, Harry? — ele perguntou gentilmente. Harry olhou para ele, mas não respondeu. Lupin interpretou isso como um convite e sentou-se hesitante em uma cadeira. Os olhos de Harry voltaram à investigação das rachaduras no teto.

— Você está muito quieto — Lupin disse. Harry permaneceu imóvel.

Lupin soltou um suspiro e decidiu contar tudo.

— Olha Harry, obviamente posso dizer que há algo errado com você - e eu sei — ele acrescentou, erguendo a palma da mão para impedir Harry de interromper, porque o menino finalmente deu provas de estar prestando atenção, — Eu sei que as coisas têm sido difíceis para você. Elas têm sido difíceis para todos nós. Mas não importa o que você pense, ninguém te culpa pela morte de Sirius, e estamos todos preocupados com você. Você tem que parar de pensar nisso, isso está te consumindo por dentro. Você não é o único que sente falta dele — acrescentou ele com firmeza.

Harry sentou-se e recostou-se na parede, sem olhar Lupin nos olhos.

— Eu sei que não sou o único que sente falta dele e não estou fazendo isso para chamar atenção. Nenhum de vocês entende. Durante toda a minha vida não tive ninguém para mim e, quando finalmente tive, estraguei tudo tanto que o matei. Ele nunca teria vindo atrás de mim se eu não tivesse cometido esse erro. É minha culpa que ele esteja morto, e nada que você ou qualquer outra pessoa possa dizer vai me fazer mudar de ideia sobre isso. Meus pais morreram para me proteger, e Cedric estava no lugar errado na hora errada – mas desta vez, desta vez, a culpa foi minha. Esqueci dos espelhos, esqueci tudo que Dumbledore me contou. Eu não me esforcei o suficiente em Oclu... — e Harry finalmente cedeu, suas palavras gaguejando enquanto ele finalmente cedeu às lágrimas que vinha contendo há semanas.

Aqua Fresca | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora