Capítulo 8

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Snape ficou quieto nas últimas vezes que tiveram aulas. Não rude, apenas mais contemplativo do que Harry estava acostumado. Severus, como Harry começou a pensar nele, era o mais educado possível, o que significava algo para uma pessoa cuja reputação de grosseria só era superada por sua reputação de crueldade.

Havia algo em sua mente e Harry não sabia o que era. Ele não gostava de não saber.

As aulas de oclumência, embora não fossem fáceis, estavam se tornando mais fáceis. Os reflexos de Harry eram tão rápidos que Snape só conseguia passar por suas defesas cerca de um quarto das vezes, e somente depois de atacá-las impiedosamente. Também estava ficando mais fácil para Harry sentir o humor de Snape.

— Há algum problema, senhor? — Harry perguntou uma noite enquanto eles repassavam seus respectivos textos. Era difícil manter o entusiasmo por uma tarefa tão ingrata – eles não estavam mais perto da cura do que há dois meses, mas era óbvio que Snape não poderia desistir, e Harry não queria. Eles tinham que encontrar alguma coisa. O fracasso, quer resultasse na morte ou na transformação de Snape, não era uma opção.

— Estou bem, Potter — Snape respondeu com uma voz sem brilho. Ele olhou melancolicamente para o pergaminho em que estivera escrevendo durante os últimos três quartos de hora, fez uma careta de desgosto e o incinerou com um movimento inteligente dos dedos.

— Tem certeza? — Harry perguntou, indo até a mesa onde Snape olhava desanimado para as cinzas do pergaminho destruído. Os lábios de Snape moveram-se silenciosamente e as cinzas oscilaram, depois desapareceram.

Snape suspirou pesadamente.

— O que você está fazendo, Potter? — ele perguntou, virando a cabeça de um lado para o outro, aliviando os ombros tensos.

— Estou te fazendo uma pergunta — disse Harry levemente. — Isso se chama conversa.

Snape finalmente olhou para ele.

— Entediado?

Harry balançou a cabeça e sentou-se na beirada da mesa.

— Me desculpe por não ter ajudado muito. Achei que com certeza já teríamos encontrado algo, mas...

— Mas — Snape continuou, — o tempo está se esgotando. Estou bem ciente do cronograma.

— Temos mais de seis meses.

— Não importaria se tivéssemos seis anos – não consigo encontrar nada que me ajude. Sempre voltamos ao mesmo maldito poema!

A voz suave de Harry recitou:

— Em um, o recipiente carrega. Em dois, o recipiente vibra. Em três, é um anseio. Em quatro, é uma necessidade. Em cinco, os sentidos despertam. Em seis, as paixões se inflamam. Em sete e sete e sete, o recipiente deve derramar ou ser condenado.

Os olhos de Snape se abriram de surpresa e Harry corou.

— Achei que seria útil memorizá-lo, caso encontrasse algo que pudesse ajudar.

— Estou impressionado, senhor Potter — Snape disse maravilhado.

— Eu não sou um idiota total — Harry riu levemente, esfregando a nuca lentamente.

— Eu nunca disse que você era — Snape respondeu. Harry ergueu uma sobrancelha e foi recompensado com um bufo. — Bem, não ultimamente, de qualquer maneira.

Mais uma vez, aquele olhar passou entre eles – aquele que encheu Snape de ansiedade e melancolia, aquele que Harry estava começando a ansiar.

— É o baile de Halloween neste sábado — disse Harry suavemente.

Aqua Fresca | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora