Capítulo 3

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Snape sabia que estava sonhando quando se viu caminhando pela estrada deserta para Hogsmeade com sua máscara de Comensal da Morte na mão. A única vez que ele saiu de Hogwarts à noite foi quando foi forçado a fazê-lo; seja por uma das 'Noites de União de Professores' de Dumbledore ou por uma convocação do Lorde das Trevas. Quando isso acontecia, ele pegava sua máscara, colocava-a em um bolso escondido em suas vestes e saía rapidamente de Hogwarts até poder aparatar. Ele nunca tinha tido tempo para caminhar tranquilamente antes.

A lua estava baixa e cheia no céu e o único som era o suave estalar do cascalho sob os pés de Snape. A estrada se estendia longa e solitária à sua frente. Ele olhou para trás e, sob a luz clara, conseguiu distinguir as torres do castelo.

No que diz respeito aos sonhos, este era bom.

Ele continuou andando em silêncio, aproveitando a sensação de esticar as pernas e encher os pulmões de ar fresco. Ele se sentia calmo, em paz consigo mesmo. Essas sensações por si só foram suficientes para fazê-lo desejar sonhar assim todas as noites.

Ele ouviu um barulho atrás dele e se virou rapidamente. Uma pequena figura podia ser vista na beira da estrada. Snape pegou sua varinha e segurou-a defensivamente diante de si.

— Quem está aí? — ele perguntou imperiosamente, sua voz ecoando bem no silêncio. A figura avançou lentamente.

Snape se manteve firme. Quem quer que fosse, a altura indicava que não era adulto, então seu medo diminuiu.

— Potter? — ele disse, franzindo a testa. — O que você está fazendo aqui?

Então ele ofegou. Esse não era o Harry Potter que ele reconhecia na realidade. Esse Harry Potter era o de mais de dois anos atrás. Ele era mais baixo, isso era óbvio, e seus olhos pareciam vidrados e confusos. Sua mão direita segurava firmemente a varinha e a esquerda estava cheia de uma planta verde, parecida com uma fita.

— Potter? — ele perguntou novamente, aproximando-se do menino imóvel. De perto, ele percebeu onde tinha visto Potter assim.

Durante o Torneio Tribruxo, Harry consumiu gillyweed para poder respirar debaixo d'água. Snape percebeu que o menino estava encharcado, tremendo de frio e choque.

— Você está bem? — Snape perguntou, sentindo-se um pouco tolo porque sabia que era apenas um sonho, e também sabia perfeitamente que Harry havia completado a tarefa sem se machucar.

Ele se ajoelhou na frente do garoto para ver melhor sua condição, quando Harry jogou os braços em volta de seu pescoço, agarrando-o com força e ofegando em seu ouvido. Snape podia sentir a água fria encharcando seu manto.

— Shh — disse ele, movendo os braços desajeitadamente para dar um tapinha nas costas do menino trêmulo. — Shh.

A respiração de Harry não diminuiu; Snape podia sentir as exalações rápidas em seu pescoço.

— Está tudo bem — ele repetiu, puxando o roupão ao redor do corpo trêmulo e segurando-o firmemente contra o peito. — Está tudo bem, garoto, você não será prejudicado. Eu protegerei você.

Snape engasgou em choque quando sentiu os lábios frios de Harry tocarem seu pescoço. A boca de Harry moveu-se lentamente contra sua pele como se quisesse provar suas reações.

— Não — Snape sussurrou, tentando se libertar do garoto. Ele sentiu uma língua quente tocar sua bochecha. — Por favor, não — ele gemeu, seus olhos cerrados com força enquanto ele desejava acordar.

— Por favor — Harry disse enquanto se afastava do abraço de Snape e, com um movimento rápido de sua varinha, fazia um pequeno corte na base de sua garganta.

Aqua Fresca | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora