Capítulo 3

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Verônica

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O leve batuque dos meus dedos na mesa consumia o silêncio daquela sala.

Toc, toc, toc...

Eu estava ansiosa. Desde a minha chegada, Anita e Glória não haviam falado muita coisa a não ser para me pedir permissão e futucar algumas provas no meu quadro de evidências, aproveitando as que Berlinger havia reunido.

Eu observava a movimentação de ambas, pra lá e pra cá... Glória parecendo, desde o início, mais disposta do que a loira, que agora terminava de tirar os depoimentos da maleta para, logo em seguida, fechá-la em um click.

Toc, toc, toc...

Chamei sua atenção, pois seu olhar se voltou para mim: Sério, indignado. Pendi minha cabeça para o lado, lançando-a uma expressão inocente e um sorriso irônico.

Toc.

— Quer parar de fazer isso? — Pediu, em um tom mandão, irritado. Olhei para Glória, que apenas revirou os olhos com a nossa interação completamente imatura. Eu sabia que estava sendo criançona mas, ao mesmo tempo, me divertia com a feição de Anita.

Fiz uma careta pensativa, antes de respondê-la:

— Não.

Toc.

— Eu juro, escrivã, que se não parar eu te mato. — Dissera, as sobrancelhas contraídas em um olhar ameaçador.

— Você não teria coragem. — Provoquei, colocando minhas mãos sobre os joelhos, não abandonando meu sorriso.

— Céus, já deu. Vocês estão parecendo duas crianças. — Foi a vez de Glória perder a paciência, olhando para nós como se fôssemos suas filhas birrentas. — Não foi atoa que a Berlinger precisou até de babá.

Essa simples fala me fez soltar uma gargalhada, pois imaginei Prata entediado por estar "tomando conta" da segurança de Anita. O humor de minha parceira era tão raro e carregado de sarcasmo que me fizera ficar mais alegre. A loira lançara para Glória um olhar fuzilador, que apenas fora correspondido com um aceno negativo de cabeça e um "tsc". Eu podia, de longe, sentir seu rosto ferver de raiva.

Levantei-me da cadeira, direcionando-me ao quadro de evidências, agora alterado pelas novidades. Troquei um olhar cúmplice com a mais velha de nós três, satisfeita por estarmos tão perto de pegar o filho da puta.

— O que temos de bom aqui? — Indago, certo desafio expresso em minha voz enquanto encaro todas as provas.

— Nada novo, Anita me disse que te mostrou tudo ontem. — Sua expressão era fria, analisando aquelas fotos com certo asco. Eu a entendia completamente, também havia ficado assim na primeira vez em que Karina abrira aquela maleta. — Quem tirou essas fotos?

A fizera aquela mesma pergunta noite passada, mas a delegada simplesmente mudou de assunto no mesmo momento. Eu também estava curiosa para saber sobre.

Ela estava em pé, um pouco afastada, os braços cruzados, e pareceu surpresa com a questão. Pensou um pouco no que ia responder, mas acabou desistindo de tentar formular alguma mentira, dando de ombros.

— Havia pedido para Lima resgatar evidências contra Matias. Ele de início hesitou, falando que não ia fazer coisa alguma que fosse contra as ordens da organização, mas após algumas "conversas", ele fez o que eu queria. A boa e velha ameaça. — Sua expressão acompanhava a seriedade de Glória. Ela fala sobre corrupção e chantagens de uma forma tão natural que me assusta.

Love & Redemption - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora