O Fetiche - DEGUSTAÇÃO

Capítulo 6

Maria Luísa Fontana- Marilu/ Esposa de Joseph

Penso em Maria Eduarda, a Duda. Na sua decepção. Na sua dor. Um casamento que mal começou e já fora destruído. Deve ser muito triste ver o amor da sua vida com outra mulher. E quando essa mulher já foi a sua melhor amiga?

Qual das dores podemos classificar como a pior? A minha? Estou me despedindo da vida aos 29 anos e deixando um marido de 30, sozinho e desnorteado. Já me acostumei com a ideia de morte e estou preparada psicologicamente para isso...

Mas me desespero porque Joseph vai continuar respirando, então ele estará sofrendo com a minha partida. E muito. Estamos juntos desde a nossa adolescência e agora? Como ele vai se virar sem mim? Claro que com o tempo, tudo vai se ajustando, mas a ausência de um grande amor deve ser dolorosa demais...

Duda não sai da minha cabeça. Eu queria...

–– Que ela conhecesse Joseph. – Falei em voz alta. Não estou acreditando que estou desejando isso! Se der esse tipo de sugestão para o meu marido, ele mata antes do previsto. Solto uma risada.

Porém, posso fazer com que os dois se encontrem ao acaso. Talvez, convide a Duda para jantar aqui em casa! Sinto, no fundo da minha alma, que Maria Eduarda é uma mulher espetacular. Quanto tempo ainda tenho? Será que o suficiente para apresentar um ao outro?

Como dói o meu coração ao pensar nisso, mas que escolha eu tenho? Sinto que poderiam formar um casal perfeito.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

–– Por que tinha que ser assim, meu Deus?

Ligo para a Duda.

–– Oi Marilu! – Atendeu ela, muito animada.

–– Oi menina! Tem compromisso pra hoje à noite?

–– Não, querida. Nem estou saindo de casa. Lembra, eu te falei...

–– Mas quero muito que venha em minha casa hoje! Jantar conosco! Que tal? Por favor, diz que sim...

Preciso que ela aceite. Por alguns segundos, Duda parece nem respirar.

–– Está bem, querida. Me passa seu endereço e me diga quando posso chegar aí...

Senti uma euforia incrível! Havia uma chance de aproximar esses dois seres que, em breve, terão muito em comum. A emoção fora tão grande que senti tonta...

Corro tomar o meu remédio. Percebo que minhas mãos estão cada vez mais trêmulas ao pegar a caixinha. Preciso ficar bem...preciso de tempo.

Ligo para minha irmã Maria Loíse.

–– Marilô, preciso de você! – Digo, assim que ela me atende.

–– Você está bem? O que foi querida?

–– Tenho uma convidada pro jantar. Joseph saiu pra trabalhar e não chegará a tempo pra meu ajudar!

–– Daqui há uma hora, estou aí.

[..]

O jantar está sobre a mesa. Marilô fizera quase tudo e, sim, eu também fiz algumas coisas! Confiro as horas no relógio em meu pulso e fico preocupada: Joseph já deveria estar em casa. Onde será que ele se metera? Penso na mulher que invadira o seu carro. De repente, a campainha toca: Duda!

Ela estava linda, embora muito abatida.

–– Olá, menina! – Pedi, enquanto o portão automático subia, liberando a sua entrada.