Capítulo 8: Sacola

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  -- Eu ainda acho hilário que a amizade de vocês começou com a Lena te pagando uma pizza -- disse Sara enquanto caminhávamos pelo campo da universidade.

  Sara Lance era uma das mais novas integrantes do meu grupo, conheci a loira logo no primeiro dia quando eu estava completamente perdida no campo e dos meus amigos por estamos em cursos diferentes e como o meu karma é um grande filho da... deixa quieto eu acabei me esbarrando com um grupo mal encarrado, clichê sei disso por isso não vou entrar em detalhes. Eu poderia ter limpado o chão com eles? Poderia, mas ainda não sou fã de violência.

  Por conta de minha aparente situação indefesa a loira que só passava pelo lugar veio ao meu socorro se livrando deles, devido a essa ação me sentir na obrigação de retribuir, outra coisa que é de família odiamos dever a alguém é tipo uma cocheira que não vai embora. E depois daquilo a Sara meio que se tornou a guarda-costas do grupo junto a ela também veio a irmã, mas falo dela depois.

  -- Um monte de amizades já começaram por muito menos -- digo dando de ombros tomando cuidado para não mexer muito na sacola com comida que levava -- e pizza é uma ótima base pra qualquer amizade.

  -- Então a amizade de vocês se mantém com pizza -- disse Sara rindo.

  -- Não a gente varia o cardápio -- disse Lena acompanhando a risada.

  -- E eu pago agora -- faço questão de dizer apontando para a sacola.

  Era interessante o quanto a minha relação com a Lena se aprofundou nos últimos anos, não que eu tenha me esforçado muito para não fazê-lo, com o fim do ensino médio a minha personalidade teve uma mudança quase brusca me tornando mais aberta, brincalhona e bem menos rabugenta.

  Sobre os meus poderes descobri ter o pacote básico completo, super força (não vão achando que consigo segurar um prédio, o meu máximo no momento é levantar um carro com pessoas dentro por cima da cabeça), super velocidade (sou tão rápida quanto um avião), sopro congelante (uso para fazer picolé as vezes), visão raio x (me causa uma baita dor de cabeça, então né, evito), visão de calor (é melhor que o micro-ondas) e sei voar (o que não me ajuda em nada, afinal tenho medo de altura, que poder inútil).

  Ah, também sou praticamente invulnerável (facas não me cortam e armas de baixo calibre causam hematomas, mas não perfuram, todavia armas de maior calibre ainda conseguem me ferir).

  Sobre fraquezas, nem uma até onde eu sei e espero não ser colocada numa situação que descubra ela, só quero uma vida normal ou pelo menos o mais próximo disso.

  -- Bem, é aqui que eu fico -- disse Sara parando em seu departamento -- vejo vocês depois.

  -- Tchau futura policial, se esforce para eu poder te usar -- digo acenando para ela enquanto sorria.

  -- Te fode -- grita ela também sorrindo.

  -- Tá planejando ser presa? -- questiona Lena quando voltamos a andar sorrindo.

  -- To planejando evitar ser presa -- respondo -- nunca se sabe quando vai precisar de um contato na policia.

  -- O que que tá passando nessa sua cabecinha? -- questiona ela tocando na lateral de minha cabeça desconfiada.

  -- Nada em particular vai depender muito do que o seu namorado fizer -- respondo tentando não soar tão mau humorada quanto me sentia -- aquele pseudo fotografo.

  -- Qual é dessa sua implicância com o James? -- pergunta Lena ficando na minha frente me forçando a parar.

  -- Louco por fama esse é o meu problema com ele -- digo depois de suspirar frustrada -- ele parece mais interessado no que você representa do que pelo o que você é.

  -- Ele não é assim Kara -- disse ela parecendo meio chateada sem me deixar voltar a andar.

  -- Tudo bem ele é um bom moço, cara impe legal, eu tava errada -- digo forçando um sorriso apesar de estar bem ciente que não conseguir disfarçar meu desprezo por ele -- feliz?

  -- Não estou sentindo sinceridade -- disse ela cruzando os braços emburrada.

  -- Não me force ser falsa nesse nível -- peço voltando a andar -- só vamos dizer que o nosso santo não bateu e sendo bem sincera eu preferia você com a Andrea.

  -- Não vamos voltar nesse assunto -- disse Lena me seguindo -- gosto muito da Andrea por isso terminamos pacificamente e somos amigas.

  -- Tá tá, não falo mais disso se... você não me forçar a aturar o James -- digo estendendo a mão.

  -- Feito -- disse Lena apertando a minha mão.

  -- Bem, é aqui que você fica futura ganhadora do Nobel -- digo me curvando de forma dramática lhe estendendo a sacola -- afinal mudar o mundo gastar muita caloria.

  -- Para eu ainda nem me formei -- disse ela envergonhada apesar do sorriso pegando o que lhe estendia -- e não tenho nem um projeto assim.

  -- Não tem ainda, escreva o que eu estou dizendo -- digo começando a me afastar apontando para ela -- você vai mudar o mundo.

  Ainda sorrindo a vejo entrar no departamento de física, com isso assumo uma postura mais séria colocando as mãos nos bolsos da calça caminhando em passos lentos respirando fundo, é muitas coisas mudaram nesses anos e a maior estava batendo na porta deixando eu e a minha mãe num estado quase constante de alerta.

  As fronteiras dimensionais estavam afinando o suficiente para permitir a passagem entre elas, e sim eu não sou dessa dimensão, na verdade não sou nem desse século só conseguir vim para aqui facilmente por conta da minha família ter sido responsável por provar a existência do multiverso e criar a passagem entre elas no nosso universo.

  Não significa que as fronteiras estarão totalmente liberadas para qualquer um do multiverso passar, pelo contrário existem leis para isso, como algum cientista da dimensão em si descubra por ele mesmo é completamente contra lei interferir antes disso, precisa de passaporte e renovar o visto a cada 5 anos.

  E principalmente saber se eles estão prontos para essa mudança, para isso existe a T.D.I que manda um pequeno grupo de agentes que monitoram o progresso  e barrar os criminosos que passaram pelos portais aleatórios (são basicamente portais irrastreáveis que surgem do nada) que são usados por contrabandistas e muitas vezes são não humanos e portadores de poderes.

  Indo direto ao ponto vai surgir um monte de gente com poderes por aí e eu não estava nenhum pouco ansiosa com isso.

  -- Já pensou no que eu te disse? -- questiona Eva encostada num árvore de braços cruzados.

  -- Já e a resposta é não -- digo parando ao seu lado sem olha-la.

  -- Endendo o seu lado, mas você seria de grande ajuda -- disse ela suspirando se afastando da árvore olhando para mim.

  -- Não me alistei e nem pretendo -- digo firme tentando não soar tão dura -- gosto da minha vida normal, não posso me livrar dos poderes, mas não significa que vou me meter em situações como essa.

  -- Tudo bem Kara, manda um abraço pra sua mãe -- disse Eva ficando de costas -- ah, a reunião vai acontecer no mês que vem.

  -- Não vamos no primeiro dia, mas talvez nos últimos dois dias.

  -- Vou avisar para a Marcela -- disse ela antes de sumir.

  -- É ruim que vou virar um agente nem fu...

Continua...

Complicações de não ser normal - supercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora