Capítulo 1

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©Jubysban


Meu peito doía cada vez que eu inspirava afobadamente o ar para os pulmões, os músculos das minhas pernas estavam tensionados e latejantes, e eu estava transpirando por todos os lugares. Correr pelo colégio, nem sempre é aconselhável, e eu não precisava de um manual escrito para saber disso.

Se tivesse contado às vezes em que quase caí, provavelmente seria um número próximo à dez ou quinze. Olhei o meu relógio de pulso quadrangular, praguejando mais uma vez por chegar atrasado.

Eu realmente não gostaria que a atenção de todos os alunos da classe estivessem voltadas à mim. Mas era impossível que isso não acontecesse, à essa altura. Eu estava dez minutos atrasado, e todos já estavam acomodados nos próprios lugares.

Eu seria o único em pé, atrapalhando a aula.

Culpa minha por ter trocado o toque do despertador do celular. Mas, como eu poderia
prever que a música lenta e melodiosa faria com que eu dormisse ainda mais, ao invés de me acordar?

O sino já havia sido tocado, nenhum aluno estava nos corredores. Hoje, a primeira aula seria com o novo professor de história. O antigo havia sido transferido, portanto, imediatamente, o diretor resolveu pôr um substituto. E, o pior de tudo, é que ele não conhecia meu problema.

Quando vi a porta da classe fechada, senti o suor escorrer pelas minhas têmporas.

Engoli duro antes de bater.

Entrei na sala e, como eu esperava, todos desviaram à atenção para mim. Alguns não deram importância, voltando suas atenções à frente ou ao que realmente lhes interessavam; outros, lançaram-me olhares feios.

—Está atrasado, rapaz. — o professor, que estava de pé em frente a sala, disse. — É um aluno novo? — neguei com a cabeça. — Como é o seu nome?

Congelei no lugar.

Olhei assustado para ele, sem saber o que fazer.
Abri minha boca para facilitar a entrada de ar, mas fechei-a no mesmo instante. Pigarreei e segurei minha mochila, trazendo-a para a lateral do meu corpo. De um jeito trêmulo e desajeitado, busquei o meu caderninho pequeno e azul: meu único modo de comunicação.

— O nome dele é Riki, professor. — uma aluna respondeu, educadamente, ajudando-me.

O professor voltou seu olhar para mim. Assenti, como se concordasse. É, meu nome é esse.

— Por que você mesmo não diz?

— Ele não gosta de falar, professor! — um menino gordinho gritou, nos fundos da sala. — Ele é mudo!

Alguns alunos riram, enquanto outros desaprovaram o ato do garoto.

— Você é mudo? — o professor tornou a perguntar.

Neguei com a cabeça.

Ele suspirou, assentindo.

— Bem, Riki, começarei minhas apresentações agora. Perdoarei seu atraso hoje porque é o meu primeiro dia, mas tome cuidado para que isso não se repita. Fui claro? Procure um lugar para se sentar.

Balancei a cabeça, mais aliviado. Ele parecia muito mais amável que o outro professor. Dei alguns passos acanhados, olhando em volta da extensa sala. Haviam, pelo menos, uns cinquenta alunos ali. Eu não conhecia metade.

Pude ouvir passos ocos se aproximarem e, de repente, a porta é aberta abruptamente e um
garoto entra às pressas. Ele esbarra em mim, fazendo-me dar alguns passos cambaleantes para a direita.

Amor Não É Uma PalavraOnde histórias criam vida. Descubra agora