Capítulo 5

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— Não adianta insistir. 

Sunoo virou o corpo em minha direção, posicionando-se de frente. Suas duas mãos estavam apoiadas nas costas da cadeira, e seu queixo estava descansando em cima. Os lábios eram fofamente comprimidos.

— Não vou acreditar mesmo.

Se não acredita, tudo bem, respondo no caderno.

— Por que você é assim? — resmungou.

Assim como?

— Mandão e cabeça dura.

Reviro os olhos e fecho meu caderno de comunicação com força, pondo a caneta atrás de minha orelha. O único cabeça dura era ele próprio, que além de ser insistente, conseguia ser irritante. Sunoo acha que não quero sair da sala por causa dos amigos — que segundo ele, não vou muito com a cara —, mas, na verdade, eu só queria ficar um instante sozinho. Eu queria apenas escutar música e fechar os olhos.

Ignorei-o, fingindo não enxergar seus olhinhos pidões, e encostei a cabeça na parede.

— Não quero que fique aqui sozinho. Todos já foram para o intervalo. — continuou. — Desse jeito fica parecendo que você é solitário e não tem amigos. Quer parecer uma pessoa assim? — de olhos fechados e fingindo dormir, assenti infantilmente. Ele resmungou de novo e estapeou meu braço, causando uma careta de dor em mim. Sunoo passou a mão no local, massageando com certo arrependimento. — Desculpe. As vezes minha mão parece mais pesada do que realmente é.

Continuei com a falsa expressão de dor, afastando seu toque de mim. Ele deixou alguns beijinhos no local antes de voltar à me bater novamente por fingir evitar o toque carinhoso de seus lábios. Por um momento, senti os meus próprios secarem brevemente ao lembrar que o novo maior costume de Sunoo era me beijar na boca. Sempre acompanhado de uma saudação ou despedida. Nunca fora dessas ocasiões. E era assim que ele agia com Yoona, e as vezes com Jungwon. Desde o nosso primeiro contato envolvendo beijos, há mais de uma semana atrás, depois do jogo de futebol, era como uma rotina entre nós. Uma rotina à qual eu havia me apegado.

Era vergonhoso ter de admitir que eu contava os minutos até a última aula, onde ele se despediria de todos com um abraço caloroso que, ao chegar em mim, estendia-se à um toque sutil entre nossas bocas.

Era ainda mais vergonhoso porque ele parecia fazer o mesmo.

E eu sabia.

— Por que você está me ignorando? — chiou, indignado.

Sunoo começou a cutucar meu peito.

— Ei, Riki. Ei, ei.

Suspirei fundo e abri os olhos, sentindo minha cabeça doer. Levantei-me devagar, sentindo à todo instante seus olhos cravados em mim, e fui até o banheiro. No mesmo instante em que fiquei de pé, Sunoo segurou meu caderno de comunicação entre as mãos, seguindo-me. Aquilo significava que ele queria conversar, então, para isso, eu precisaria escrever nas folhas.

Entrei em uma das cabines vazias, sentando na tampa da privada abaixada e mexendo no celular. Demorei longos minutos desnecessários, saindo dali ao enjoar de tanto ouvir a sola do sapato de Sunoo contra o chão. Lavei as mãos sem motivo algum enquanto encarava-o pelo espelho, esperando que dissesse o que tanto queria.

— Eu estou incomodando você? — perguntou, esticando o caderno para mim. Suspirei pesadamente, tirando a caneta detrás da orelha.

Talvez.

— Não quero que se irrite, Riki. Só quero te fazer companhia.

A resposta demorou um pouco mais para vir.

Amor Não É Uma PalavraOnde histórias criam vida. Descubra agora