Desde criança, Kinn sempre se considerou uma pessoa de sorte.
Sempre sendo bom em tudo o que tentava fazer, participava de diversas atividades esportivas e acadêmicas, sempre era o centro das atenções, sendo popular, respeitado e todos queriam ser seus amigos.
Cresceu na sombra do irmão mais velho, mas trilhou seu próprio caminho. Enquanto Tankhun era considerado excêntrico por defender seus próprios ideais, Kinn passou a ser considerado certinho demais e o filho dos sonhos de todos os homens.
Seu irmão mais novo, Kim, era uma alma livre e despretensiosa. Não se importava com os assuntos que envolviam a família e nem se dava ao trabalho de ligar para o que as pessoas diziam sobre ele.
Três irmãos, com personalidades tão diferentes um do outro. E que se davam extremamente bem. Que protegiam uns aos outros de tudo e de todos.
Kinn cresceu sendo próximo dos irmãos e do primo, que tinha a mesma idade que ele e era a pessoa em quem ele mais confiava. Os dois eram melhores amigos.
Enquanto Kinn era centrado e controlado, Vegas era puro caos.
Vegas e Macau, seus primos, tinham seus próprios terrores e escondiam segredos de todas as pessoas, inclusive de sua família. E Kinn respeitava os segredos deles e a vontade de não trazer à tona a triste realidade, então, sempre estava disponível para ser o apoio de Vegas nas noites em que ele corria para sua casa, chorando e com machucados pelo corpo. Kinn nunca perguntava o que havia acontecido, pois sabia que o primo não conseguiria responder. Só que Kinn sabia a resposta, mesmo sem precisar perguntar.
Enquanto Kinn tinha sorte, Vegas tinha azar.
Quando Kinn tinha 16 anos, conheceu um garoto que lhe tirou o sono, a paz e fazia com que seus sentimentos ficassem sempre confusos. Nunca tendo sentido nada disso por ninguém. A primeira pessoa a quem Kinn procurou para conversar sobre isso foi Vegas.
Na época, Vegas deu o melhor conselho que Kinn poderia ter recebido. Vegas disse que isso tudo só seria compreendido no momento em que Kinn beijasse o outro garoto.
E Kinn fez o que Vegas sugeriu. Mas não saiu muito bem.
Kinn realmente conseguiu compreender o que tudo isso significava no momento em que seus lábios tocavam os do outro. Mas o soco que ele levou depois fez com que ele também percebesse que o outro garoto não sentia o mesmo.
Nesse momento, Kinn sentiu que a sorte havia o abandonado.
Ao longo dos anos seguintes, Kinn alimentou uma paixão nada discreta. Ele mandava bilhetes, flores e chocolates para o outro garoto sempre que tinha a chance. Mas Porsche sempre os descartava, ignorando todas as tentativas de aproximação de Kinn e deixando ele não ter dúvidas que os seus sentimentos não seriam retribuídos.
Porsche era complicado e uma pessoa de personalidade muito forte. Uma de suas principais características era nunca voltar atrás de nenhuma decisão em sua vida. E Kinn tinha como objetivo fazer ele quebrar essa tão importante regra. Kinn queria fazer com que Porsche o amasse na mesma medida em que Kinn o amava.
E ele tentou por alguns anos tudo o que podia.
Chegou a passar por sua cabeça que Porsche talvez não gostasse de homens, e, sobre isso, ele não poderia fazer nada para mudar sua situação. Porém, enquanto houvesse a esperança de Porsche gostar de homens, ele tentaria. Ele precisava tentar.
Aos 23 anos, ele descobriu que Porsche realmente gostava de homens. Mais especificamente, de um homem. Tawan.
E, nesse momento, Kinn teve certeza de que a sorte o havia abandonado.
Porsche e Tawan começaram um relacionamento e Kinn acompanhava de longe, sendo um espectador na vida daquele em que ele queria ser protagonista. Ele odiava o namorado do outro, e torcia para que a relação acabasse logo. Mas já durava dois anos. Dois longos anos.
Enquanto isso, ambos acabaram em um mesmo grupo de amigos. Tudo por causa do maldito Vegas.
O desgraçado do Vegas que finalmente teve sorte e havia conquistado algo bom em sua vida. Algo que seu pai não seria capaz de arrancar dele.
Quando Vegas tinha 22 anos, conheceu Pete e se apaixonou.
Pete amava Vegas. Vegas amava Pete. E Kinn desprezava casais felizes, mas gostava de ver seu primo e melhor amigo sendo feliz com alguém que ele amava.
O namorado de seu primo, por um acaso, era o melhor amigo de Porsche. Ele havia conquistado a amizade de todos os amigos de Vegas, principalmente de Tankhun e Tay, com sua simpatia e jeito divertido de ser, e os convenceu a se reunir com seus amigos. E, assim, todos ficaram amigos e passaram a sair sempre juntos.
Todas as vezes em que saiam juntos, Porsche fingia que Kinn era apenas um amigo de Vegas e não o cara que foi apaixonado por ele durante anos. E Kinn fingia que não queria socar a cara de Tawan e afastar ele do namorado, o homem por quem ele ainda era apaixonado.
Depois de alguns meses convivendo com o casal nessas saídas para bares ou festas, Kinn percebeu uma mudança sutil neles. Porsche foi ficando cada vez mais em silêncio. Ele, que sempre foi tão comunicativo, espontâneo e que adorava ser o centro das atenções, passou a ficar em silêncio, sentado mais distante dos outros. Para Kinn, parecia que a essência de Porsche estava se apagando.
Ele primeiro olhava para Tawan antes de fazer qualquer coisa, mesmo que isso fosse decidir o que ele iria pedir para beber ou comer. Tawan não o deixava se afastar da mesa do bar sozinho, sempre o acompanhando em cada momento. E não parecia que isso fosse saudável.
Kinn nunca esteve em um relacionamento, mas acreditava que devesse ser diferente disso. Por exemplo, Vegas e Pete eram um casal que até mesmo discutia bastante, mas nunca por algo sério e um incentivava o outro a ser sempre quem eles realmente eram. O namoro deles apenas aflorou em Vegas o seu lado gado, fazendo sempre todos os gostos do namorado. Mas eles pareciam felizes desse jeito, juntos. Respeitando e confiando um no outro.
Mas Porsche não parecia feliz.
Seu rosto não demonstrava felicidade.
Seu rosto demonstrava tudo, menos felicidade. E Kinn sentia falta de ver seu sorriso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Queen of the night || Kinnporsche
FanfictionKinn sempre soube dos seus sentimentos por Porsche e não fazia a menor questão de disfarçar. Mesmo que nunca tenha sido retribuído. Quando Porsche entra em um relacionamento com outro homem, Kinn não faz mais nada pelo Pachara, mas continua se impo...