CAPÍTULO 16

609 38 0
                                    

Melanie

A água já corria por alguns minutos pela torneira enquanto a morena encarava o próprio reflexo no espelho. Aquele banheiro não era como os outros que ela frequentava antes de uma noite de sexo. As cortinas estampadas do box, a escova de dente sobre a pia e alguns perfumes masculinos a atingiam em cheio quanto mais ela encarava. Era mais fácil quando ela ia a um hotel, fazia o serviço e depois voltava para casa.

— Está tudo bem aí? — a voz masculina do lado de fora quis saber.

— Sim, eu já vou — Melanie respondeu.

Respirou fundo uma segunda vez, ajeitou o cabelo castanho e abriu a porta do banheiro.

O homem tinha mais ou menos a idade dela e era muito bonito. Melanie já o tinha encontrado algumas vezes na boate, mas nunca o atendeu. Até aquele dia, quando fez questão de levá-lo para o privado e depois estender a noite na casa dele.

— Por que nunca reparei em você lá? — ele perguntou, se aproximando e tocando os seios da morena.

— Sou muito requisitada — a voz rouca e sensual era proposital para o momento. — Você deu sorte em cruzar o meu caminho hoje.

As mechas castanhas balançaram quando ele a segurou pela cintura e empurrou-a na direção da cama. Não era, pessoalmente, o jeito favorito de Melanie, mas ela tivera que se acostumar com toda forma de brutalidade.

Quando o sujeito ajoelhou sobre o colchão e esfregou o pau ereto, ela esticou o braço até a bolsa para pegar um preservativo. Não haveria tempo para preliminares.

— Quero você de quatro — ordenou ele, colocando a camisinha que ela ofereceu.

Era uma visão e tanto, a bunda pequena e arrebitada virada para a cara dele, o caminho entre as pernas liberado e a buceta depilada. O homem enfiou logo dois dedos dentro dela, arrancando um suspiro de Melanie, que não tinha se preparado. Ele girou um pouco a mão, antes de trazê-la de volta para lamber os dedos.

— Vou te foder gostoso, sua putinha.

O quadril estreito da prostituta foi pressionado contra a pelve dele, que a penetrava sem nenhuma cerimônia. Melanie precisou enrolar os dedos no lençol de aparência barata enquanto as unhas do cliente machucavam sua pele delicada.

Seus olhos se fecharam, ela estava ocupada pensando em praias e lugares paradisíacos, como sempre costumava fazer quando pegava um extra daquele tipo. Mas logo seus pensamentos foram interrompidos com a invasão abrupta de policiais.

— Parados! Mãos na cabeça! — O quarto foi tomado por agentes uniformizados apontando armas para eles.

O homem pulou da cama imediatamente e levantou as mãos, atônito. Melanie precisou de um pouco mais de tempo para se refazer. Sem entender o que estava acontecendo e com o coração acelerado, ela se arrastou pelo lençol até se sentar.

Era amarga a humilhação de ter que erguer as mãos sem poder esconder a nudez.

Desviou os olhos ao se sentir observada pelos policiais, até que um deles se destacou e a cobriu com a própria jaqueta. Era o detetive Smith, a quem já tinha conhecido devido o episódio na boate. Ela o agradeceu com um sorriso.

— Você está bem?

— Sim — respondeu.

— Levem-no daqui — Smith ordenou assim que se virou de costas para a mulher. — Eu já vou, esperem lá fora.

Melanie aproveitou que ele apontou o banheiro para ela, e sumiu lá dentro, a fim de poder se lavar e vestir a roupa. Quando saiu, dez minutos depois, Smith ainda a esperava, encostado à outra parede e de braços cruzados.

— Mais uma viagem à delegacia? — perguntou ela, num misto de irritação e vergonha.

— Você estava na cena, preciso levá-la. — Ele trocou o apoio de uma perna para a outra e a olhou sério. — Por acaso tem alguma ideia do que estamos fazendo aqui, Melanie?

— Vejo que decorou meu nome. — Ela abriu a bolsa e pegou um chiclete, desembrulhando-o enquanto olhava para Smith com um pouco de audácia. — Já colocou meu número na agenda do celular?

Smith poderia entrar na jogada dela e dar corda, mas ele esteve a noite toda de tocaia e sua paciência tinha chegado ao fim. Pegou os braços finos de Melanie e fechou as algemas ao redor de seus pulsos, ignorando as reclamações da morena.

— Caso você não tenha notado, seu cliente foi preso por ter se tornado o suspeito principal do assassinato de suas amigas. Então, eu acho melhor você se acalmar um pouco e não atrapalhar o andamento do caso.

A menção ao que acontecera na boate dias atrás fez com que Melanie se calasse e cooperasse com a polícia. Ela lembrava como foi exaustiva a noite em que tudo aconteceu, quantas vezes precisou repetir seu depoimento ao detetive Smith e como o engoliu com os olhos desde o primeiro momento em que o viu.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora