CAPÍTULO 35

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Josh

— Por que tão calada? — perguntei para Any, dentro do táxi.

Estava sentindo-a estranha desde que saí do banho, mas a correria para me arrumar logo não deixou que eu tocasse no assunto. Ali, dentro do carro, eu podia aproveitar para recuperar o clima legal em que estávamos menos de uma hora atrás.— Quê? — Any virou o rosto para mim e franziu a testa.

— Estou te achando quieta demais — falei, sorrindo. — Você não estava assim mais cedo.

Any segurou o cabelo e o trouxe por cima do ombro, deixando-o cair em cascata à frente do seio. Corri meu olhar pelo corpo dela, oculto sob o sobretudo preto. Eu sabia, no entanto, que debaixo dele havia uma saia tão curta que deixava muito pouco para a imaginação.

— Nada é nada — ela respondeu, deixando-me desconfiado.

Passei meu braço por cima dos ombros de Any e a trouxe para perto, absorvendo seu cheiro característico de pêssego que eu amava. Notei os olhos do taxista pelo retrovisor, tentando ficar por dentro da conversa e fechei a cara para ele.

Quando chegamos ao nosso destino, o pub já estava cheio e Any parecia ansiosa para entrar. Antes que ela escapasse, passei meus braços ao redor do seu corpo.

— Tem alguma coisa acontecendo e não consigo descobrir o que é. Você está estranha, Ny.

— Não importa mais, Josh — ela disse, olhando ao redor.

— Por que não? O que aconteceu para que ficasse assim?

Any levantou o rosto e finalmente me encarou. Sorriu, mas eu a conhecia muito bem para saber que não era um sorriso genuíno. Suspirei e me dei conta do quanto o sexo é capaz de complicar uma relação. Antes de transarmos, nunca tivemos tantos desentendimentos em tão curto espaço de tempo.

— Não estou estranha, mas estou começando a ficar puta com tanto interrogatório. — Ela revirou os olhos e espalmou as mãos em meu peito. — Estava empolgada mais cedo, só que a empolgação passou.

— Certo... Qual foi a merda que eu fiz? — perguntei, porque estava óbvio.

Pela forma como os olhos escuros brilharam e a boca se abriu, eu senti que ela ia falar, mas parou.

— Você está bonito com essa roupa — ela disse, mudando o assunto de forma descarada. — E nem precisei te vestir dessa vez. Acho que, um dia, vai conseguir se virar sem mim.

Enquanto permaneci embasbacado com a mudança repentina de assunto, Any se esticou e me beijou no canto da boca antes de se soltar dos meus braços e caminhar para a entrada do pub.

Ela não me deu tempo de contar que fiz todo um esforço para me vestir do jeito que ela gostava. Mas a quem eu queria enganar? Enquanto seguia Any pela calçada, encarei aqueles saltos finos, a bunda rebolando sob o sobretudo e o cabelo solto esvoaçante ao vento do outono. Any Gabrielly era areia demais para a porcaria do meu caminhão.

  Nossos amigos já estavam cansados de beber quando chegamos e o jogo rolava há algum tempo. Noah, quando nos viu, levantou e nos recebeu com a animação digna de muitas latas de cerveja.

Falei com as meninas, que estavam de um lado da mesa e deslizei pelo banco vazio do outro lado. Anu deu beijinhos em Sina e Sabina e ocupou o lugar ao meu lado, enquanto se desvencilhava do casaco pesado.

— A gente achou que vocês tivessem decidido ver o jogo em casa — disse Sabina, comendo amendoim.

— Na verdade, você achou — Sina retrucou. — Eu tinha quase certeza que Any viria sozinha e o Josh ficaria com a cara enfiada no computador.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora