Capítulo 4

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Louise

Reino Oeste 
Ragnar

-Contenha-se agora mesmo. -A voz de minha mãe reverberou uma ordem, mas a pistola de pólvora permaneceu apontada em direção ao meu peito. 

-Está contaminada, esse é o sinal do demônio. -Disparou Corey. 

Seus olhos azuis fitando meu pulso esquerdo. Os cabelos dourados grudando na testa devido ao suor e tensão. 

Não sei, mas tive vontade de rir. 

Tudo parecia irreal, como um sonho lúcido ao qual se assiste de cima, sem que possamos de fato atuar ou vir a interferir.

-Tire essa arma da direção da minha sobrinha ou eu juro que vai ser um Soldado a menos para se apresentar na congregação amanhã de manhã. -Anunciou meu tio, seu mosquete na direção de Corey. Um choro contido reverberou do andar de cima, vindo de Elizabeth. 

Ela tremia as pernas e levava a mão a boca em um choro compulsivo e uma súplica repetitiva de "Não, não e não".

Nesse sonho parecia que meu cunhado desejava me matar antes mesmo que eu pudesse vir a ser madrinha de seu casamento. 

Uma gargalhada escapou, não qualquer uma, mas do tipo que nos faz arquear as costas e apontar o nariz no ar. 

Era um sonho estranho para se ter, no entanto, eu definitivamente acreditava que Elizabeth não devia se casar tão cedo. Talvez fosse isso, talvez estivesse criando um mundo onde eu estava certa sobre nossa última conversa, em que eu lhe dissera que seu noivo não a amava o suficiente, ao menos não mais que sua própria fé e que poderia até mesmo entregá-la por Bruxaria se assim fosse ordenado. 

-Bruxa. -Corey se alarmou. -Não estão vendo. -Ele olhou para meu pai e mãe. 

-Ela está febril, está delirando Corey, é apenas a doença. -Meu pai tentava ponderar. Ele se aproximava aos poucos, passos calculados, pronto para desarmar o genro ensandecido. 

-Louise querida, venha para a mamãe. - Minha mãe ergueu os braços trêmulos. O vestido de seda grudado ao suor do corpo e o cheiro de medo empesteando o ambiente. 

-Eu não me sinto bem. -Consigo dizer. Olho finalmente para mim mesma. Um reflexo pouco iluminado refletido em um dos espelhos da entrada. Não era atoa que Corey fora levado a acreditar que eu fosse uma bruxa ou estivesse possuída. 

Eu estava um caos. 

Cabelos desgrenhados, olheiras escurecidas próximas a um tom de roxo sujo. Minhas vestes íntimas em frangalhos, manchadas de sangue na altura do decote. Meus lábios pálidos, quase apagados e minha pele descolorida como um pedaço de pergaminho velho. 

-Corey pare! -Elizabeth cruzou a minha frente. O ato o desconcertou, fez Corey treme e pensar o suficiente para baixar o cano da pistola um pouco mais para baixo, só que ainda me tinha como seu principal alvo. -É a Louise, minha irmã, brincávamos todos juntos, ela não é uma bruxa, você sabe disso. -Tenta Ponderar.

-Saia da frente Elizabeth, essa não é mais sua irmã. -Corey dispara com convicção. A testa franzida e os olhos cheios de sangue ainda estavam fixos em mim. -Olhe o pulso esquerdo dela, é a marca dele. -Indicou firmemente e todos acompanharam seus olhos em direção ao círculo vermelho que brilhava sobre a pele, como uma cicatriz recente, a qual na verdade sempre esteve ali. 

Essa sempre fora minha marca de nascença, uma das linhas do meu pulso, que antecede a mão esquerda, não era comum como as outras, apenas uma linha de divisão. Ela formava um círculo de espessura um pouco maior, com um traço cruzado que quase parecia o desenho de uma corrente. A única diferença, é que ao invés de possuir a cor de linha, como qualquer outro tracejado comum do meu corpo, como sempre fora. Agora a marca queimava, quase como se estivesse em brasa e exibia os tons de vermelho sensível sob a pele.

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