Um noivo para Juliette, parte II

01

Eu estava paralisada, meus olhos arregalados, fitando o nada, enquanto Rodolffo ria escandalosamente do meu lado.

- Pára de rir, cão. – pedi, quando voltei a minha realidade.

Ele não parou, sua risada se intensificou mais ainda, com a minha reclamação. Estávamos juntos a tão pouco tempo, e sua risada se tornou um dos sons que mais gostava de ouvir.

- É sério, Rodolffo! – lhe joguei uma almofada, repreendendo sua reação.

Saía lágrimas de seus olhos e ele já segurava a barriga com as mãos, do tanto que ria.

- Não tem graça, homi. – nada adiantava, toda vez que o repreendia ele ria ainda mais alto.

O motivo? Bom... lembra do grandioso casamento da minha irmã com Lucas Viana? Chegou ao fim, depois de uma semana, isso mesmo, UMA SEMANA.

Rodolffo não ria por causa da separação, mas sim pelo motivo. Minha irmãzinha pegou seu marido na cama, com o meu ex noivo. Sim, meus caros, o Bil.

Preciso falar que fiquei em choque com a notícia? Eu estava passada, chocada. Minha irmã então, me ligou aos prantos, sem saber o que fazer, que morte horrorosa.

Depois do casamento de minha irmã, voltamos para o Rio, eu ainda não tinha contado para ninguém, que contratei Rodolffo para ser meu noivo de mentira. Era para ter sido simples, depois que voltasse para casa, iriamos terminar e seguiríamos as nossas vidas.

Isso se não fosse o fato, de que no meio da brincadeira, acabamos nos apaixonando um pelo outro, e decidimos ficar juntos.

E isso era meio complicado, estávamos apenas começando algo e minha família achava que estávamos prestes a nos casar. Só de pensar em contar a verdade para eles, sentia náuseas.

Rodolffo até tentou entrar no assunto, umas duas vezes, mas eu sempre cortava e achava uma desculpa para mudar de assunto, nunca me dei bem com pressão.

Agora eu só queria mesmo, curtir o momento com ele.

Ele finalmente parou de rir, soltando um longo suspiro seguidos por um "ai ai", mas permanecia com a cara de besta.

- Pronto? – perguntei olhando pra ele que se ajeitava no sofá.

Ele ameaçou começar a rir novamente, e eu apontei meu dedo indicador pra ele, o repreendendo, ele apenas se aproximou e tentou morder meu dedo.

- E eu achando que ia ter competição. – comentou divertido, enquanto me puxava pela cintura, para sentar em seu colo.

- Oxente, agora eu vi mesmo. – me fingi de ofendida, passando meus braços pelo seu pescoço. – Ele nunca foi ameaça pra você, bebê. – disse selando nossos lábios.

Rodolffo segurou minha nuca, e pediu passagem com sua língua quente e habilidosa, iniciando um beijo cálido e intenso. Eu nunca me cansaria das sensações que seu toque me proporcionava, apenas com um beijo, ele conseguia me deixar acesa e pronta pra ele.

Nos separamos ofegantes por falta de ar, ele me olhava com uma cara de safado, enquanto passava a mão na minha bunda.

- Quero levar ocê pra conhecer meus pais, lá em Goiânia. – engasguei com o ar na mesma hora e me levantei do seu colo tossindo, ele me olhou com a sobrancelha franzida. – Ocê não quer conhecer meus pais?

- Não é isso. – respondi ainda tossindo, tentando recobrar o ar. – É que ainda é cedo, estamos a pouco tempo juntos.

- Uai, mas eu conheço sua família toda.

- São situações diferentes. – eu gesticulava com a mão, tentando fazer com que ele entendesse, mas ele permanecia com o olhar confuso. - O que vamos falar pra eles? – perguntei e ele suspirou. – Meus pais ainda acham que estamos noivos.

Ele balançou a cabeça, depois abaixou o olhar, fitando as próprias mãos.

- Ei. – chamei voltando a sentar em seu colo. – Eu quero conhecer sua família, só temos que pensar bem no que vamos dizer a eles, acho que preciso arrumar essa confusão primeiro.

- Então tá bão. – ele disse me puxando para um novo beijo.

- Não vamos atropelar as coisas, vamos ver se vai dar certo primeiro. – dei vários beijos em seu rosto, que começou a desfazer o bico, dando um leve sorriso.

- Vai dar certo. – respondeu confiante.

- E como sabe?

- Eu sei, uai. – eu sorri, voltando a selar nossos lábios.

-

-

O fim de semana voou, Rodolffo precisou voltar a Goiânia, para uns trabalhos fotográficos, que já estavam agendados, e eu estava no meu escritório, louca de vontade que chegasse o fim do expediente.

Ouvi uma batida na porta, quando me voltei para olhar, era Ralysson entrando sorridente na minha sala.

- É verdade? – perguntou enquanto sentava na cadeira em frente à minha mesa.

- O que Ralysson? – perguntei fingindo que não sabia onde ele queria chegar.

- Que agora eu tenho chances com aquele boyzinho delícia. – soltei uma gargalhada

- Larga de conversa. – lhe atirei uma caneta, mas ele desviou.

- E é só você que pode se arranjar é, também quero. – respondeu colocando um cabelo imaginário atrás da orelha.

- Ele me convidou pra conhecer a família dele. – disse entre um suspiro.

- Já tá sério assim é? – ele perguntou animado.

- Tá tudo tão rápido, minha família ainda acha que somos noivos, depois do término do casamento da Sarah, mainha queria apressar o meu, para tirar o foco.

- Quero nem ser você, quando contar a verdade pra sua família. – só de pensar já senti náuseas de novo, seguidos por um arrepio em toda minha espinha.

- Nem eu... nem eu. – respondi massageando minhas têmporas.