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Cheguei em casa, e meu quarto ainda tinha o perfume dele impregnado nas minhas roupas de cama. Coloquei minha mala no closet, cansada demais para desfazê-las agora. Peguei um pijama, e fui ao banheiro, tomar um banho.

Passei meus hidratantes e meu perfume, e estava pronta para deitar na cama e ficar abraçada com o travesseiro que ele dormia, quando ouvi o interfone tocar.

Era o seu Zé, avisando que a Sarah tinha chegado. Autorizei sua entrada, e abri a porta e me encostei no batente esperando por ela.

Ela saiu do elevador, sorridente como sempre, mas seu sorriso não chegava aos olhos, que estavam tristes e vermelhos, talvez pelos constantes choros.

- Mudou o cabelo. – reparei animada, enquanto a via se aproximar. Ela passou as mãos pelos fios, agora castanhos e sorriu.

- Gostou, irmãzinha?

- Ficou linda. – elogiei e abri meus braços, e demos um abraço apertado. – Vem, entra. – a puxei pela mão, e a ajudei com a mala.

Levei ela até o quarto de hóspedes e coloquei sua mala em um canto do quarto.

- Ah, seu anel ficou pronto, deixa eu ver. – gritou animada, segurando minha mão entre os dedos e analisando a pedra no meu dedo anelar. Engoli seco, lembrando que eu havia mentido sobre levar a joia a joalheria para ajuste, para justificar porque eu não usava aliança no casamento de Sarah. – Rodolffo arrasou. – ela disse empolgada e eu sorri.

- É lindo mesmo. – respondi sorrindo e puxando a minha mão.

- E cadê ele? – ela perguntou, olhando em volta.

- Ele precisou ficar em Goiânia, trabalhos de fotografia lá. – respondi dando de ombros. – Quer tomar banho? Você deve estar cansada.

- Quero sim, mas quero conversar com você também. Aproveitar que estamos sozinhas. – ela piscou, sorrindo de leve.

Senti meu estômago doer, e fiquei imaginando sobre o que ela queria conversar. Forcei um sorriso e assenti com a cabeça. Lhe entregando toalhas limpas e indicando aonde era o banheiro.

Enquanto ela tomava banho, fui até a cozinha ver alguma coisa para comermos. Mas percebi o quanto estava cansada demais para cozinhar, e acabei pedindo algo pelo aplicativo.

Sentei no sofá, e fiquei procurando por algum filme pra gente ver juntas. Quando ela chegou na sala, secando os cabelos e sentando no sofá ao meu lado.

- Pedi comida pra gente. – disse sem tirar os olhos da tela da grande tv a minha frente, e vi por rabo de olho ela começar a desembaraçar os fios molhados do seu cabelo.

- Estou mesmo com fome. – ela respondeu, distraída com a tarefa de tirar os nós dos fios.

Continuei empenhada a encontrar algo para assistirmos, e ficamos em silêncio enquanto ela terminava de alinhar os fios. Eu segurava a minha curiosidade de perguntar logo o que ela tanto queria conversar. Mas achei melhor fingir que não me lembrava do assunto, quem sabe ela teria esquecido também.

Ela levantou de súbito do sofá, e caminhou até o quarto. Voltou alguns minutos depois sem a toalha e o pente em suas mãos.

- Quer assistir o que? – perguntei quando ela sentou novamente no sofá.

- Esse Muito bem acompanhada, é bom. – ela disse quando passei pelo filme. – Já assistiu? – ela perguntou e eu fiz que não com a cabeça. – Ela contrata um cara para fingir ser seu noivo, e o leva para o casamento da sua irmã. – eu engoli em seco, senti minhas bochechas corarem e meu estômago doer. Acho que meu coração chegou a errar uma batida, e eu tentava com todas as minhas forças controlar minha expressão facial.

Um noivo para Juliette, parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora