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Algumas semanas depois.

Estava na cozinha da casa dos nossos pais, preparando um lanche e conversando com Sarah, que mal me respondia. Me virei para olhá-la e ela ria olhando para a tela do celular.

- O que tem de tão engraçado nesse celular que nem me responde, ein Sarará? – perguntei curiosa, dando a volta na mesa e tentando ver com quem ela falava. – Rick. – li o nome da janela de mensagem que estava aberta. – Quem é Rick?

- Henrique, irmãnzinha. – pensei por um momento, e ninguém me veio a cabeça. Ela percebendo que eu continuava confusa e tentando me recordar de quem ela falava, resolveu explicar. – Amigo do Rodolffo, lá de Goiânia.

- O amigo doido do Rod? – perguntei com as sobrancelhas arqueadas.

- Ele não é doido, é muito divertido e é um gato. – ela o defendeu e eu ri.

- Se você diz, eu acredito. – respondi voltando a fazer o suco. – Estão conversando tem muito tempo? – perguntei curiosa.

- Sim, mas ainda não rolou nada entre a gente. – ela disse e percebi o tom de voz dela mudar um pouco, então eu virei para olhá-la. – Ainda bem que amanhã me torno uma mulher livre, pra retomar a minha vida. – completou nostálgica, antes de soltar um suspiro.

- Você merece ser feliz, Sarará.

- Obrigada, irmãzinha. – ela levantou e veio me abraçar. – Não sei o que seria de mim sem sua ajuda pra acelerar esse divórcio.

- Ainda bem que o Lucas não se opôs ao divórcio.

- Nem tinha o porque se opor, ele já está namorando outra.

- Oxente! E o Bil?

- Estão fingindo que nada aconteceu entre eles, vai enganar outra agora fingindo ser hétero.

- Você se livrou, Sarará. Quem sabe o doido do Henrique não te faça feliz. – disse e ela suspirou.

- Se tudo der certo, Goiânia vai ser o meu novo lar. – nós duas rimos.

- Vamos comer, vai. Amanhã temos que ir cedo no fórum.

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Foi difícil para Sarah se reencontrar com Lucas depois de tudo, mas fiz questão de ficar ao lado dela o tempo todo, prestando meu apoio. Percebi uma lágrima solitária rolar de seu rosto, assim que assinou os papéis do divórcio, lágrima essa que ela logo fez questão de limpar, para que ninguém percebesse.

No caminho de volta, Sarah se lamentava pelo fim do casamento, e me senti egoísta quando pensei em dizer que, se não fosse pelo seu casamento falido, eu não teria conhecido o amor da minha vida, por isso guardei o comentário para mim mesma e apenas a acolhi num abraço.

Ninguém nunca se casa pensando em se separar, e sabia que ela realmente achava que tinha encontrado a pessoa certa, e desejava passar o resto da vida com ele. Lucas foi um completo babaca por ter enganado a minha irmã, deveria ter sido honesto sobre suas preferências.

Pelo menos para uma coisa toda aquela situação serviu, para unir Sarah e eu. Nosso relacionamento antes não era dos melhores, e eu estava feliz que encontrei nela alguém em que eu poderia contar.

Depois de resolver a situação do divórcio da Sarah, foi a vez de contar a verdade aos meus pais. Não queria continuar mentindo e medindo os meus passos, precisava ser honesta com eles.

Meu pai foi o mais difícil de aceitar, enquanto mainha achou graça e se divertiu com a nossa história de filme de romance. Depois tudo ficou bem, e finalmente eu estava em paz com a minha consciência.

Depois de agarrar meu noivo, e ser rejeitada por ele. Duda sumiu, Izabella disse que dona Vera a procurou e teve uma conversa séria com ela, depois disso ela se mudou para São Paulo e nos deixou em paz. Nunca soube o que as duas conversaram, mas só pelo fato dela ter ido embora, eu já estava feliz.

Descobri sobre uma vaga de emprego, num escritório de advocacia renomado em Goiânia, fiz a minha inscrição para a vaga sem contar a ninguém, atualmente era o meu único segredo. Não queria que ninguém criasse expectativas, muito menos Rodolffo, que acabei descobrindo que era muito emocionado, diferente do jeito frio e distante que ele demonstrava ter no início.

Sabia o quanto ele amava aquela cidade, e seu estúdio de fotografia. E como não havia nada que me prendia ao Rio, além de Rallysson, que eu poderia visitar sempre. Achei que seria uma boa ideia começar a vida ao lado dele lá em Goiânia.

Ele queria logo marcar a data do nosso casamento, mas eu ainda queria esperar o resultado da entrevista de emprego.

Consegui marca a entrevista para uma sexta-feira, na parte da tarde. Como eu teria que vir para Goiânia de qualquer forma, pensei em juntar o útil ao agradável. Estava na recepção um pouco nervosa, não era de ficar tensa em entrevistas, sabia que eu era competente e tinha um excelente currículo.

Mas aquela entrevista envolvia outras coisas, e eu estava ansiosa e com medo.

- Srta. Juliette Freire. – a recepcionista sorridente do escritório me chamou. – O Sr. Moreira vai te receber agora. – ela informou e eu assenti com a cabeça, me levantando da cadeira e seguindo pelo caminho que ela me indicava.

Ai meu Deus, seja o que Deus quiser!

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Subi o elevador morrendo de ansiedade, Rodolffo ficou surpreso e curioso por eu ter chegado cedo em Goiânia, e eu avisei que teria uma novidade para contar para ele.

O elevador chegou no andar dele, e eu desci, caminhando pelos corredores até a porta do apartamento dele, que já estava aberta. Ele estava montando a mesa de jantar quando eu entrei, e usava apenas uma calça de moletom preta.

- Oi delícia. – mexi com ele ainda parada na porta, ele levantou a cabeça para me olhar, abrindo aquele sorriso lindo que só ele tem. Fechei a porta atrás de mim, e fui até ele o abraçando e passando os dedos pelo seu abdômen. – Assim eu vou querer ir direto pra sobremesa. – ele deu uma gargalhada, antes de tomar os meus lábios.

- Acho uma boa ideia. – ele respondeu passando a mão pela minha bunda e mordendo meu pescoço. – Por que ocê veio cedo pra cá? – ele perguntou voltando a me olhar nos olhos.

- Era uma surpresa. – contei sorrindo e ele me olhava com a sobrancelha franzida. – Eu não quis contar antes, pra você não ficar ansioso com a possibilidade.

- Tá me deixando curioso mulher, tem neném aqui? – ele perguntou com a mão na minha barriga e eu ri.

- Ainda não. – respondi, fazendo um carinho em seus cabelos. – Eu fiz uma entrevista, num escritório aqui em Goiânia. – contei animada e ele me olhava em expectativa. – E eu passei, começo na próxima semana. – ele gritou animado e me abraçou forte.

- Então ocê vai vir morar comigo? – perguntou, sem soltar minha cintura.

- Vou, vamos morar aqui. – afirmei e ele me beijou. – Tá feliz?

- Demais! – ele respondeu sorrindo e curvando a cabeça pra trás. – Não vejo a hora da gente começar a nossa vida juntos.

- Eu também. – respondi sorrindo. – Vou marcar nosso casamento, tem uma preferência de data? – perguntei ele ficou pensativo antes de responder.

- 25 de novembro.

- Oxente! 25 de novembro é amanhã. – respondi e ele caiu na gargalhada.

- Por isso mesmo, quero casar amanhã.

- Apressado.

- Apaixonado, é diferente. – respondeu me beijando, e andando comigo até o quarto.

- A gente não ia jantar? – perguntei quando ele me levantou pelos quadris, me fazendo passar as pernas pela sua cintura.

- Uhum, tô levando meu jantar pra cama agora.

- Safado.

- Gostosa.

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Um noivo para Juliette, parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora