8-Discórdia

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Continuei olhando para os lados, sem sair do lugar, temendo me perder mais ainda.

Mas cheguei à conclusão de que eu não conseguiria encontrar ninguém se continuasse ali.

Comecei a andar vagarosamente, olhando para todos os lados, ouvindo todos os barulhos, com medo do que poderia me encontrar.

Passei pouco tempo andando, até que comecei a ouvir alguma coisa, era muito difícil distinguir o que era aquele som, mas não parecia nenhum bip-bop.

Segui o som, pensando que fosse Daniel, mas na verdade eram duas vozes femininas.

Eram as vozes de Lia e Melina.

Lia parecia estar com raiva, e Melina parecia tentar acalmá-la, sem muito sucesso.

O que me surpreendeu, pois Lia não parecia o tipo de pessoa que ficava com raiva com facilidade.

(Não parecia nem a Lia doce e gentil de quando eu cheguei aqui, inclusive.)

Me encostei em algum lugar próximo para ouvir.

"Não existe nenhuma explicação para isso, Melina! Eu perguntei, tudo como havíamos planejado, mas adivinhe.
EL■ RECUSOU. Isso nunca aconteceu, está me ouvindo?? Nunca!"

"Bom, isso é realmente estranho, mas se continuarmos insistindo, eu tenho certeza que el■ vai-"

"NÃO! EL■ NÃO VAI!"
Interrompeu Lia, histérica.
"El■ sabe de alguma coisa, el■ DEFINITIVAMENTE sabe de alguma coisa!"

"Mas não tem como!"

As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, e então Lia voltou a falar, estranhamente mais tranquila, como se finalmente tivesse caído a ficha:

"A não ser quê.. A não ser que alguém tenha contado para el■."

"Mas só tem a gente aqui! Nenhum de nós é louco a esse ponto. Quem de nós três seria capaz de contar qualquer coisa??"

Lia não respondeu.

"Você.. Você acha que fui eu?!"
A voz de Melina expressava incredulidade.

"Eu não disse isso, Melina. Mas parando pra pensar, você não poderia me culpar por suspeitar de você.. Sempre pelos cantos, com um olhar preocupado. Você tem andado estranhamente quieta.. Você não é quieta. Inclusive.. o que era aquela história sobre 'Não ir dormir porque queria mostrar mais coisas pra el■'?"

"Eu realmente queria fazer isso! Deixar el■ se apegar mais e tal.. Sabe.? E.. E.. Talvez se você tivesse deixado eu fazer isso, el■ não teria recusado ficar aqui!!"
Retrucou Melina, desafiadoramente.

"Você acha mesmo que pode me enganar, Melina?
Você realmente acha?"
A voz de Lia começou a ficar esquisita como daquela vez.

"Eu não estou tentando te enganar! Eu jamais faria qualquer coisa assim! Eu acho é que foi VOCÊ que contou alguma coisa pra el■!"

Lia demorou para responder, pude quase sentir ela analisando Melina.

"Claro que não fui eu. Mas tudo bem Melina, se foi você, eu vou descobrir. De um jeito ou de outro. Mas não precisa ter medo, se não foi, eu também vou saber.
Eu vou estar te olhando bem de perto para garantir que você não vai fazer nada."

Depois disso, houve um longo silêncio, enquanto eu esperava acontecer mais alguma coisa.

Era como se todos estivessem querendo me matar ou algo parecido.

E Melina tivesse mudado de ideia e agora estivesse tentando me proteger.

E acabou trazendo Daniel nessa história.

Senti um arrepio.

Eu queria muito sair dali.

Aquilo tudo era muito bizarro.

Muito bizarro.

E então, sem aviso, algo agarrou meu braço por trás, e no momento em que abri a boca para gritar, senti uma mão a tampando.

"Sou eu. Silêncio. Estamos quase lá, apenas continue me seguindo."
Sussurrou Daniel.

Ele se afastou de mim e voltou a andar.

(POR QUE ELE PRECISA SER TÃO ESQUISITO?)

Tive um pequeno acesso de raiva por causa do estresse e ainda por cima, ímpetos de gritar com ele, mas não fiz isso.
Voltei a segui-lo.

Será que eu realmente poderia confiar nele?

Considerei perguntar pra ele ou comentar sobre a discussão de Lia e Melina, mas provavelmente ele não iria querer responder.

Passamos entre mais algumas fileiras de máquinas (eu não aguentava mais ver máquinas), então Daniel parou e disse:

"Chegamos."

!□¡¡[]□□![][][]¡□![]¡  (Eu Procuro por Você!)Onde histórias criam vida. Descubra agora