PRÓLOGO: Pássaros engaiolados

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ATENÇÃO: Esse capítulo tem palavras de baixo calão.

Obs: Haverá palavras em outros idiomas e a tradução estará disponibilizada ao lado, para o seu melhor entendimento.

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PARK JIMIN

ITÁLIA, 20 DE JULHO, 2022 – 08H30 P.M

Até quando vou permitir que me façam de marionete? ㅡ foi o que veio em minha mente quando tomei minha vigésima dose de Soju puro.

Estão todos comemorando algo que eu considero apenas mais uma contribuição para a minha cova. Se eu não morrer com um tiro vindo de um rival, irei morrer de depressão e me afundando no álcool.

Meu nome é Park Jimin e em plenos vinte e seis anos, fui nomeado chefe da máfia coreana com sede na Itália ㅡ é rir para não chorar ㅡ como se estivéssemos falando de uma empresa.

Embora não deixe de ser.

Contamos com contadores, seguranças, "operários", administradores e até advogados (sem brincadeira) todos com diplomas. Apenas pessoas que preferem o dinheiro rápido do que o dinheiro limpo.

Meu velho decidiu que quer se aposentar e depois de sete fodidos anos, me obrigando a permanecer no ramo com ele, decidiu me nomear o novo "CEO" dessa organização de merda.

Nossa família foi obrigada a entrar nesse ramo (obrigada naquelas né?!), não vivíamos bem na Coreia, chegamos a passar fome e a gota d'água para o meu pai foi ver minha mãe com malária e não ter dinheiro para pagar seu tratamento.

No desespero ele pediu empréstimo financeiro para os agiotas do bairro, a maior burrice que ele podia ter feito, embora tenha salvo a vida da minha omma (mãe).

Ainda assim quase nos matou.

Para pagar os bandidos meu appa (pai) teve que confessar o que fez para a minha halmeoni (avó), que raspou todas as suas economias para nos livrar de uma morte lenta e dolorosa.

Quando digo nos livrar, é isso mesmo que você pensou, eles matariam todos nós, não importava se eu era uma pobre criança indefesa de cinco anos.

Foi quando ele decidiu que não havia espaço para nós naquele país e na tentativa de ganhar a vida simplesmente nos arrastou para a Europa.

Nos tornamos nômades, vivíamos de favor, ficamos na rua, passamos fome mais uma vez, tivemos ajuda da embaixada, quase fomos deportados e estando cansado de tanta humilhação, Park Jun-seo, vulgo meu pai, decidiu ir contra a lei e vencer na vida a todo custo.

O maior problema é que ele roubou a minha liberdade, frequentei algumas escolas no sul da Espanha, no Interior da França e até em Andorra estudei.

Juro, não existe pessoa mais rodada na Europa do que eu, poderia ser motivo de orgulho, mas dadas as circunstâncias, estava longe de ser.

É por isso que não tenho amigos de escola e até o direito de frequentar uma com o tempo me foi tirado. Eu aprendi que eu não podia me apegar a ninguém, muito menos me envolver.

Trazer amigos para casa? Jamais!

Ter uma namorada? Nunca!

Viver meu sonho?

ㅡ VOCÊ ESTÁ LOUCO PARK JIMIN? NÃO CRIEI VOCÊ PARA SER UM AFEMINADO! ㅡ disse meu pai quando eu te contei o que eu queria seguir de profissão.

E eu tinha apenas onze anos de idade.

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