"[Nome]? Onde está [Nome]?" — Foi um choque ver a casa vazia, sem [Nome]. Era como se ela nunca estivesse ali, não havia mais seus pertences ou qualquer vestígio de sua existência. Quando confrontaram sua mãe, não obtiveram respostas claras.
"[Nome] não mora mais conosco". — Era tudo o que ela falava. Nem mesmo a avó sabia do paradeiro da garota e sem muita escolha, acabou confrontando a mãe dos Haitani. Não se lembravam de quando descobriram e chegaram até aquele lugar. Aquele maldito lugar que mudou a vida deles para sempre. Como sua mãe fora capaz de tamanha crueldade?
Hospital Psiquiátrico de Tóquio e um diagnóstico de esquizofrenia. Não souberam como ela conseguiu e teve coragem de fazer tal coisa, mas para ela, foi a saída mais fácil.
"Ela me dá muito trabalho. Todos sabem que é louca e vê coisas". — Foi a justificativa de sua mãe quando interrogada. Foi a forma mais fácil de se livrar de [Nome] com a ausência de Ran e Rindou.
Nunca se esqueceriam daquele tenebroso dia em que a visitaram. Ela era só uma criança e não merecia nada parecido com o que viveu. Passou um ano em um hospital psiquiátrico, no qual recebeu um errôneo diagnóstico de esquizofrenia e durante todo esse tempo, foi sedada com medicamentos que só deterioraram sua saúde mental. Quando eles a viram? Ela não os reconheceu.
"O-oi [Nome]! Lembra de mim?" — Ran nunca se esqueceria do momento em que reencontrou sua irmã caçula. Estava irreconhecível, assustadora. Os olhos tão fundos e perdidos, confusa, não reconhecia o próprio irmão. Falava sozinha.
Ela negou com a cabeça. E ele chorou. O que diabos haviam feito com sua pobre irmãzinha? Ela era uma criança. Um doce. Nunca fez mal à ninguém, não pediu para nascer, por que tinha que passar por tudo aquilo? Era apenas uma criança...
Nunca saberiam o que ela passou naquele hospital psiquiátrico, mas sabiam de uma coisa: ela nunca mais foi a mesma. Não tinha lembranças da infância, não sabia quem era e de onde veio, não sabia nem ao menos sobre as maldades que seus irmãos a fizeram. Por não ter mais ninguém a quem confiar, [Nome] os abraçou.
—------------------//—------------------
— E essa é a história da nossa família, Kakucho. — Ran parecia completamente exausto de tudo aquilo. Mas era Kakucho que estava com maior choque. Não sabia o que dizer ou pensar sobre eles. Era... Terrível. Uma história muito mais tenebrosa do que imaginara. — Eu sei o que está pensando. Eu sei que eu sou um péssimo irmão. Eu sei...
— Sim. Vocês são péssimos irmãos. — Ele não tinha como discordar. Tudo o que ouviu foi digno de um filme de terror. A família Haitani como um todo, era péssima. — [Nome] merecia, com toda certeza, uma família muito melhor e irmãos muito melhores do que vocês dois. — Ele nem conseguia esconder a repulsa que sentia dos dois. — Sei que não são pessoas terríveis, Ran. — Ele sabia que estavam arrependidos, mas como diabos pensavam que aquela estratégia iria dar certo? — Mas como não conseguem enxergar que a [Nome] está sofrendo? Acham que fingir que nada disso aconteceu vai ajudar em alguma coisa? Ela merece saber a verdade, por mais terrível que seja.
— Verdade? Que verdade, Kakucho? — Ran reconhecia que era um péssimo irmão, mas achava loucura causar ainda mais sofrimento para sua irmã. — Que ela foi rejeitada pela mãe? Que eu fiz da vida dela um inferno? Nem eu sei o que ela passou ou o que colocaram na cabeça dela naquele sanatório! Estamos tentando, TENTANDO RECOMEÇAR! Viver uma vida de paz e dar para ela todo o conforto que merece! Como pode me dizer que eu devo contar sobre esses horrores? Como acha que ela reagiria? A cabeça dela já está tão confusa...
— Para de tratá-la como um bicho, porra! Pare de agir e pensar por ela, sua irmã não é uma idiota! Ela merece saber a verdade e não cabe a você julgar isso! Que tipo de relação doentia é essa? Como pode esconder tudo isso de sua irmã e pensar que um ser humano reagiria bem a isso? Seja homem e peça desculpas para ela, de verdade e não fingindo ser um irmão perfeito e super protetor. Quem diabos garante que ela não se lembra de tudo o que fez? Isso é muito mais para massagear o seu ego do que qualquer coisa. Você não quer que ela vire às costas para você, seu grande idiota!
— ... — Aquela discussão acalorada só chegou ao fim de uma forma bem brusca e inesperada, que causou arrepio nos três. [Nome] apareceu na sala, completamente atordoada.
— [NOME]!!! — Rindou que mais ficou quieto naquela conversa, entrou em desespero e tentou de alguma forma, tirar a irmã de cena. Ela não poderia ouvir aquelas coisas horríveis, mas não. Não surtiu efeito algum. Ela continuou imóvel e apenas o empurrou para longe dela. Estava totalmente fora de si.
— Então... É por isso. Por isso que me odeiam tanto... Por isso, que não conheço papai e mamãe. Por que... Por que eu destruí tudo? É por isso, Ran? Por isso que você me odeia tanto? Não era para eu estar aqui? — Ela perguntava aquilo olhando fixamente para seu irmão mais velho, com um rosto indecifrável. Não sabiam dizer se era ódio, rancor, tristeza ou que tipo de sentimento carregava dentro de si por tantos anos. Mas seu sofrimento era indiscutível. — ...Pensei. Que se eu pintasse meu cabelo de loiro, iria me amar. Seria igual vocês. Mas nunca. Nunca me tratou como irmã. Não era para eu estar aqui, não era...
— NÃOOOO!!! NÃO, [NOME]!! VOCÊ ENTENDEU TUDO ERRADO!! — Ran entrou em desespero quando sua irmã passou a confrontá-lo. Não era uma cena nada agradável de se ver. — E-eu-
— ... — Na primeira tentativa de toque dele, ela saiu correndo aos prantos para fora de casa. Não sabiam dizer porque não correram à tempo para alcançá-la. Na verdade nenhum dos dois tinha coragem de olhar em seus olhos depois de tudo aquilo.
E ela desapareceu sem deixar rastros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
o amigo dos meus irmãos - imagine irmãos haitani
FanficApesar de serem brutais e cheios de malevolência, Ran e Rindou tinham um lado que poucos conheciam, na verdade, a única pessoa agraciada com esse lado deles era também a única causa daquela parte doce e gentil que habitava esporadicamente nos irmãos...