(ALERTA DE CONTEÚDO PESADO ENVOLVENDO PROBLEMAS PSICOLOGICOS E SUÍCIDIO)
Havia chegado o dia, o dia que Luna havia decidido como o seu momento de partir, organizava a bolsa com tudo que iria precisar, era madrugada e Dorian e Daliant pareciam não estar em casa, era o momento perfeito. Saiu da casa assim que vestira seu vestido branco que foi uma das poucas roupas deixadas por sua mãe, tinha deixado a carta para seu pai em cima da mesa de jantar, seguiu para a trilha do riacho mais distante da vila, ela iluminava o caminho com uma lanterna, com cuidado tentava não cair na terra e sujar sua roupa, era importante pra ela a beleza do vestido branco limpo. Passou quase uma hora andando até escutar o barulho do riacho, quando chegou viu a clareira que cercava aquele belo lugar, tirou os sapatos e colocou os pés na água morna. Estava tudo perfeito assim como tinha imaginado, a água refletia a sombra das arvores e a fraca luz que a lua minguante deixava no céu, as estrelas brilhavam mais que o normal.
Abriu sua mochila, tirou a garrafa de água e o guardanapo onde havia guardado a pequena cápsula de remédio, colocou ela na boca e com a ajuda da água engoliu o remédio, foi em direção a beira e pegou pedras grandes e colocou nos bolsos do vestido, entrou na água lentamente, até que ficasse com ela batendo na altura de seu pescoço. Olhava para cima observando os pontos brilhantes, lagrimas desciam pelo seu rosto em um choro silencioso, envolveu seu corpo com seus braços em um abraço apertado, respirava fundo tentando controlar o medo que sentia, seu corpo tremia mas não de frio, mas sim porque assim como seu padrasto havia dito varias vezes ela estava ali para morrer sozinha, mas estar sozinha nunca foi uma novidade para ela.
Tentava lembrar dos dias que ficou na vila, em ter conhecido pessoas que não queriam machuca-la, aqueles foram os melhores dias de sua vida em muito tempo, ficou feliz por ver seu pai antes de partir, queria ter conseguido passar mais tempo com ele, mas ela entendia que ela não valia a pena o esforço de ninguém. Sorriu quando lembrou de Daliant e seu jeito zangado de ser, ou como Dorian tinha sido tão gentil com ela, como eles pareciam realmente sentir uma pequena afeição por ela, riu ao lembrar que eles compartilharam o segredo de serem lobos com ela, como pareciam empenhados em tentar vê-la confortável. Gostou de sonhar com a vida que poderia ter tido se as coisas fossem diferentes, se ela não fosse ela talvez seria possível viver aquele pequeno conto de fadas.
Seu corpo estava cada vez mais pesado, seus olhos piscavam lentamente trazendo o sono, a sua visão ficou turva e por fim perdeu a força nas pernas para se manter em pé, seu corpo afundou lentamente nas profundezas do riacho, desceu lentamente para o fundo, fechou os olhos e conseguiu ver uma luz ofuscante antes de sentir a falta de ar, seu corpo não se mexia mesmo que tentasse, estava feliz que finalmente se juntaria com seu bebe, iria poder conhecê-lo finalmente, pediria desculpas por não conseguir salva-lo, pediria desculpas por ela ter sido escolhida para ser sua mãe, pediria desculpas por não ter conseguido protege-lo. Quando água entrou nos seus pulmões abriu os olhos e viu ela balançar, tudo parecia estar em câmera lenta, viu uma figura nadando em sua direção, sentiu mãos frias agarrarem ela mas enfim havia perdido a consciência.
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Sentiu uma forte pressão no peito antes de acordar e cuspir toda a água que saia de sua garganta, ouviu vozes gritando mas não conseguiu entender o que diziam, alguém colocou os dedos em sua garganta a forçando vomitar, abriu os olhos lentamente e viu seu pai, Daliant e Dorian a olhando desesperados, eles gritavam algo mas ela não conseguia entender, fechou os olhos tentando pensar, e como um flash lembrou o que acontecia, virou seu corpo em direção ao riacho e tentou se arrastar novamente para a água morna onde iria se encontrar com seu filho, mãos a agarraram e ela esperneou tentando fugir, o desespero de não ter conseguido partir a fez chorar como um bebe.
- N-n-não... N-não – repetia em desespero, mais uma vez, mais uma vez ela havia perdido seu filho, mais uma vez ela o deixou para trás, mais uma vez ela não foi o suficiente. Se debatia no colo de Dorian quando ele a levantou, ele a abraçou forte e falava coisas que ela não entendia, ela chorava em um desespero torturante, eles a olhavam com dor, seu pai caiu de joelhos no chão enquanto Daliant encarava o chão com os punhos cerrados, ela chorou até desmaiar nos braços de Dorian.
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THE LOVE OF MOON
LobisomemCanela! Essa foi a primeira coisa que Luna descobriu sobre seu pai, que ele cheirava a cigarros de canela. Ela sorria abertamente, o fato de estar ali naquela caminhonete, sentada ao lado de seu pai, era o motivo dessa felicidade. Depois de quase 1...