0.2

453 53 8
                                    

⚠ATENÇÃO GATILHO: morte por câncer cerebral ⚠ 

Uma das coisas que Hana mais amava do seu trabalho, era poder ver a feição de alívio dos parentes dos internados assim que escutam que algo ocorreu bem ou que o outro estava melhorando.

Mas, infelizmente, era impossível que todos saiam dos hospitais respirando e tendo seus corações batendo, por mais que os profissionais façam de tudo, era inevitável.

Hoje, Hana estava cuidando de um garotinho que tinha problemas cerebrais, ele estava frequentando o hospital a um ano e, para o azar de todos, seu estado não estava melhorando, até que fazia mais de três meses desde que o mesmo foi internado.

 O tumor em seu cérebro estava se espalhando mais rápido do que esperavam. Não tinha muito o que fazer, ou eles procrastinariam a vida dele, ou acabavam de forma mais pacifica possível.

Eram 2:40 da madrugada, os pais da criança estavam em seu quarto e seguravam o choro, eles haviam acabado de receber a notícia sobre a evolução do tumor. Eles estavam arrasados, mas faziam de tudo para não demonstrar para a criança.

O menino contava sobre um sonho que teve, o qual ele voava pelo céu de Tóquio. Seus pais ouviam com atenção enquanto acariciava sua cabeça. Apesar do garoto não conseguir mover um dos braços, ele continuava a gesticular animadamente.

Hana observava pela janela do pequeno quarto sem alguma expressão. Era injusto, o mundo era injusto. Ele era apenas uma criança, ele era super gentil com todos e muito educado. Por que aquilo tinha que acontecer justo com ele?

Sentindo uma mão em seu ombro, Hana se vira levemente assustada enquanto enxuga uma solitária lágrima que escapou de seu olho. 

— Você vai ficar bem?— Seu amigo pergunta enquanto a faz um carinho no local tocado.

Iwaizumi e Hana se conheceram no curso de enfermagem, e por sorte, foram locados para trabalhar no mesmo hospital. Hajime, apesar de sempre se mostrar sério, e até mesmo as vezes sem paciência, ele sempre fora doce com Hana.

Ele sabia o quão ela se afetava quando um paciente não melhorava, mesmo fazendo o possível para não demonstrar, então o moreno fazia o melhor para consola-la.

— A gente fez o impossível pelo menino— Ela suspira cansada.

Os pais da criança saem do quarto. Eles tinham olheiras enormes debaixo dos olhos e uma feição exausta. O casal sempre revezavam para ficar no hospital com o menino, a mãe até pediu uma pausa do trabalho para poder ficar com o filho.

— Ele vai sofrer muito?— O pai pergunta enquanto abraçava a esposa de lado.

— As dores de cabeça vão ser mais fortes e mais frequentes, as crises convulsionais e as perdas de função também irão piorar. Elas podem ser desde fraqueza até paralisia de membros, alterações da fala, cognitivas, visuais e de mobilidade— Hana tenta dizer com a voz mais calma e amigável que conseguiu.

— Quanto tempo?— A mãe pergunta. Hana e Iwa se entre olham já sabendo sobre o que se tratava a pergunta.

— Devido a situação atual de seu filho, foi estimado sete semanas, mas se o câncer continuar a se espalhar na velocidade que está, talvez menos...— Iwaizumi responde— Sinto muito. O Doutor Minguay Marazaki já falou com vocês sobre a injeção, saibam que podem pedir ela a qualquer momento, o filho de você não irá sentir nada, apenas um sono profundo. Façam o que acharem melhor.

Os pais concordam com a cabeça, em suas faces, a dúvida e a culpa era evidente. A dor da perda era enorme, mas o fato do seu filho não sofrer com isso seria um alívio enorme.

Lady In The Wall | Kenma KozumeOnde histórias criam vida. Descubra agora